
terça-feira, dezembro 22, 2009
sexta-feira, dezembro 18, 2009
Brincando de Deus

quinta-feira, dezembro 17, 2009
Estamos salvos!

quarta-feira, dezembro 16, 2009
O músculo mais forte do corpo humano é a lingua

No menu nacional a tradição impera. Os pratos mais requisitados são sempre os mesmos.Todos de reconhecida toxidade :Tornedor a la Temer, Tostado de Arruda, MST provençal, Mexilhões ao estudante rebelado,Arrumadinhos do Senado,Posta de Sarney fessandée,Pizza de CPIs, Lula a la Maitre d’hotel. No menu internacional : Cosidos a la Ahmadinejad, Al Gore gratinado etc.Esses pratos, temperados ao gosto do chef de edição, interferem consideravelmente na digestão do consumidor.
Um sinal de alerta me induzia alcançar a mesa onde repousava meu EEBook.Se conseguisse, poderia acessar outras fontes.Reuni forças e abri as páginas virtuais. Penetrei na blogosfera e respirei aliviado ao dar de cara com delicioso artigo de Ivan Lessa- Caetano Veloso e outras curiosidades- no site da BBC, que coloca,qual um Diderot contemporâneo, a influência dos almanaques na formação da minha geração.Se a Enciclopédia de Diderot foi um passo importante em direção ao Iluminismo,porque não admitir que o Almanaque tenha surtido grande efeito na formação da geração pós segunda grande guerra?Num viés diferente,raso e muito objetivo, a cultura dos Almanaques mostra sua potencia na forma de atuação de alguns ícones da pós-modernidade. O grupo de cientistas e intelectuais que contribuíram com Diderot na elaboração da Enciclopédia (aqui Sennett entra na discussão) “pautavam pelo método de experimentação e erro.(...)esse processo seguia um caminho que ia dos muitos erros para número de erros menor,num constante e progressivo aperfeiçoamento através da experiência..(...)”Faça-se aprendiz e produza maus resultados para tornar-se capaz de ensinar aos outros como produzir bons resultados”.Os maus resultados induzirão as pessoas a raciocinar com mais afinco,e assim melhorar.”
Para os companheiros de Diderot, os criadores do Almanaque seriam figuras antagônicas
antagônicas dado que seus verbetes são afirmações peremptórias de verdades inúteis e, maior parte das vezes, inócuas para a formação de um sentido critico sobre si próprio.Porém,é aceitável a ideia de que a cultura do Almanaque consolidou o mito do marketing.
Lessa nos lembra em seu artigo que a controvérsia provocada por Caetano Veloso na entrevista em que chamou o presidente Lula de “analfabeto”, “cafona” e “grosseiro” era um instrumento dessa lógica com objetivo de nos assegurar uma coisa: vem aí lançamento de show, disco ou DVD dele mesmo.
Entre outras curiosidades, Lessa informa que Almanaque divulgou uma pesquisa, sem referências precisas, que conclui: “O músculo mais forte do corpo humano é a língua”.
Depois dessa deliciosa passagem visitei as paginas do Facebook,Twitter e blogs e me voltou a sensação de que o sabor das palavras e das idéias é alimento melhor digerido por consumidor exigente.
terça-feira, dezembro 15, 2009
A grande farsa do Aquecimento Global 1
O maciço fluxo de informações "quentes" sobre a agenda de Copenhagen (acompanhe debate ao vivo na CNN/ YT com Kofi Anana,Thomas Friedman,somado a milhares de artigos ja produziram um consideravel "congelamento" de ideias.O aquecimento global tornou-se unanimidade global.Nessas horas é bom pensar que nem tudo está tão gelado.Existem opiniões bem fundamentadas que contestam o aquecimento. Postar de novo esse video é uma forma de retardar o derretimento mental.
sábado, dezembro 05, 2009
Oscar versus Al Gore e os achaques da imprensa

Um telão fantástico, ferramentas virtuais de ponta e o ancora do show de auditório O aquecimento global abre a tabula rasa do novo milênio: "Uma verdade inconveniente"
O filme foi um sucesso, rendeu milhões de dólares de bilheteria, abocanhou vários prêmios, inclusive um Oscar, agora contestado por dois membros da academia. Esse fato passaria distante das manchetes não fosse o assanhamento de uma corrente do jornalismo que posiciona na direita toda contestação aos “movimentos unânimes”, projetados em laboratório por grupos poderosos e influentes. Assim impresso,todo aquele que contesta, seja cientificamente, politicamente ou economicamente a “verdade inconveniente” é automaticamente fichado como membro ativo da direita. O imaginário popular é afetado, em grande parte, pelos achaques da imprensa. Al Gore, no papel de Noé da “esquerda”, tornou-se o apóstolo do aquecimento global. Amparado por forte esquema empresarial, uma produção de imagem impecável e blindado pela imprensa, Al Gore, o homem verdade, representa o BEM. Os autores de sérios trabalhos científicos contra o consenso do aquecimento global, os depoimentos de políticos envolvidos com a maquinação da “farsa” climática, bolada na Inglaterra dos anos Thatcher, se tornaram invisíveis, representam o MAL para a grande imprensa. Qualquer voz dissonante se tornou uma peça do discurso da direita. Ideologia! É isso que importa. Conhecimento e questionamentos tornaram-se, de um tempo para cá, um empecilho ao grande projeto da nova ordem global.
“Uma manobra da “direita”. Esse é o viés da matéria que divulgou o argumento dos dois membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood que pediram que o Oscar concedido ao documentário "Uma verdade inconveniente", de Al Gore, seja retirado. O argumento dos membros da academia que contestam o prêmio concedido ao documentário que se baseia em afirmações sobre o clima que, segundo eles, estariam erradas, não tem nenhuma importância. A matéria nem ao menos pergunta o que estaria errado nas afirmações de Al Gore. Apenas registra que os membros da Academia de Hollywood são ligados a “direita” e se basearam no fato de que cientistas da uma universidade inglesa revelaram ter manipulado dados sobre o aquecimento global. Essa denúncia veio à tona em meados de novembro, depois que hackers roubaram milhares de emails de cientistas de clima que sugerem que houve manipulação de dados.
Quem assistiu ao documentário A Farsa do Aquecimento Global, produzido pela BBC (postado no You Tube) e que passou quase despercebido pelo grande publico, teve oportunidade de conhecer as opiniões bem embasadas de varias personalidades cientificas e políticas que contestam os argumentos expostos como “verdade” por Al Gore. Curioso é que nenhum canal de televisão nos EUA e na America Latina exibiram o documentário.
O espetáculo não pode parar sob o risco de o dinheiro mudar de destino. Por isso o diretor do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês), Rajendra Pachauri, disse que o caso de East Anglia( a instituição envolvida na denuncia) deve ser investigado para que "nada fique sob o tapete". Pachauri, no entanto, disse que mesmo que tenha havido manipulação na universidade isso não muda em nada o conhecimento que se tem sobre o aquecimento global.
Quando o dinheiro é grande, manipulação se torna uma VIRTUDE.
sexta-feira, dezembro 04, 2009
Como? Poder atômico para todos?

Após a calma introdução Lula se empolgou, elevou o tom e deu assas a sua habitual confusão mental. A gravidade do assunto requer muita prudência, não é um tema para exibição de demagogia populista. Quando a tradução simultânea despertou a chanceler alemã da lenga lenga lulista Ângela Merkel tirou os olhos de Lula e vagou pela audiência,por vezes mirando o chão enquanto Lula,entusiasmado com o que falava, apontado os dois indicadores para Merkel,mandou sua mensagem: “e que os Estados Unidos desativem as suas [bombas], que a Rússia desative as suas, porque a autoridade moral para a gente pedir para os outros não terem é a gente também não ter”.
Realmente!O cérebro de Lula não vislumbra as conseqüências de suas falas. Ele deve crer que o desarmamento nuclear das potencias seria um fato “milagroso” prontamente correspondido pelas nações que hoje desenvolvem um programa nuclear, como a Coréia do Norte e o Irã. Ele deve ter pensado também no plano de desarmamento elaborado por Rubem Cezar e seu Vivo Rio, que gastou milhões de reais num plebiscito que em nada contribui para redução da violência no país. Ao contrario, indicadores revelam um crescimento acentuado do trafico de armas e de crimes.
O pior de tudo na fala de Lula foi o desconhecimento inaceitável de um fato polemico. Em 1975 o Brasil firmou um acordo nuclear com a Alemanha. O acordo determinava transferência de tecnologia e construção de nove usinas nucleares, administradas pela Nuclebrás. Na ocasião os países do hemisfério sul protestaram contra a pretensão atômica dos generais que governavam com mão de ferro o país. É impressionante que os ativistas diplomáticos; Marco Aurélio Garcia e seu subordinado direto Celso Amorim não alertaram Lula para a fortíssima oposição do governo dos Estados Unidos contra o projeto atômico brasileiro. Vejam que naquela ocasião a posição do governo militar foi mais dura,objetiva e determinante contra os opositores do programa brasileiro do que os anúncios inócuos e disparatados de Lula a favor do projeto nuclear (pasmem) do Irã. Em 1977, a posição brasileira em defesa do projeto nuclear se acirrou a tal ponto,dizem alguns, que levou a ditadura a romper o Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Perto desse episodio desafiador as intenções do lado “esquerdo” do cérebro de Lula dão margem a especulações sobre sua simpatia com a escalada nuclear do Irã. Sem duvida trata-se de uma confusão mental temerária e inconseqüente.
quinta-feira, dezembro 03, 2009
Rupert Murdoch: "O bom jornalismo é uma commodity cara"

segunda-feira, novembro 30, 2009
Suiça- Ferrugem nos nervos de aço inox

O governo federal já se manifestou publicamente contra a iniciativa popular, criticada no exterior, e vai recomendar aos eleitores e ao Parlamento a rejeição da proposta. A iniciativa "contra a construção de minaretes", com 114.895 assinaturas de apoio, foi entregue ao Ministério do Interior, em Berna, nesta terça-feira (08/07), pela União Democrática do Centro (UDC) e pela União Democrática Federal (UDF). Os dois partidos pedem a inclusão na Constituição suíça de um artigo com o seguinte teor: "A construção de minaretes é proibida". Eles argumentam que, com isso, querem impedir um "símbolo de ambição pelo poder e domínio político-religioso".
O ataque histérico dos fundamentalistas cristãos é digno de tratamento. Segundo o site Swissinfo a religião vem gradualmente perdendo importância naquele país. Um recurso disponibilizado no site permite visualizar a oscilação do numero de fieis e suas religiões. Podemos ver que em 1970 os cristãos representavam 97,76% da população. Em 2000, reduziram para 79,27%, ao mesmo tempo em que os suíços sem filiação religiosa passaram de 1,14% para 11,11% da população, quer dizer que o numero de pessoas sem filiação religiosa é bem superior ao numero de islâmicos que em 2000 representavam 4,26% da população.A diminuição do numero de cristãos - católicos ou evangélicos – e a reduzida presença mulçumana é um dado importante e,no meu entender reflete uma perspectiva otimista de uma sociedade que detém alto grau de escolaridade e desenvolvimento humano. A crescente tensão motivada por lutas religiosas inspiram “cruzadas” intolerantes e destrutivas. A expansão dos conflitos religiosos, manipuladas por correntes religiosas fundamentalistas que, aterroriza os povos do Oriente Médio, é um testemunho do tamanho do abismo que seremos obrigados a encarar. Espero que os cristãos fundamentalistas suíços não queiram através de atos coercivos, reproduzi-los na Europa.
Arruda:"SOU INOCENTE"

Mas, um curto circuito na Caixa de Pandora, mostrou o governador se esbaldando no seu habitat natural,
Se vivêssemos num País regido pelo pleno Estado de Direito e Cidadania, assistiríamos incontáveis desfiles do Arruda presidiário trajando sua “coleção” milionária de uniformes criada pelos mais famosos e caros designers do planeta. Com a fortuna acumulada pelo esquema de corrupção Arruda abriria os desfiles de moda de toda estação. A gravação em que Arruda conversa sobre o destino da montanha de dinheiro recolhido junto a empresários que prestam serviços ao governo, abriria todas as apresentações. Mais um sonho de verão escaldante. Ou melhor:um delirio.
segunda-feira, novembro 23, 2009
Ahmadinejad e Lula. Um encontro que nunca existiu.

O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad esta no Brasil para uma visita oficial. Dentre as mais conhecidas idéias de Ahmadinejad encontra-se a da extinção do estado de Israel. Enquanto não tem condições militares concretas para realizar seu sonho ele vai brincando de historiador. Em seus pronunciamentos afirma que o Holocausto não existiu. Bem, se para ele o Holocausto não existiu é melhor não aborrecê-lo perguntando se as recentes atrocidades cometidas por seu governo contra o povo iraniano existiram. Muito menos se continua em andamento o programa nuclear clandestino em Teerã. Ahmadinejad veio ao Brasil para ter um encontro privado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Levando-se em consideração determinadas diferenças, Lula tem algumas afinidades com o líder iraniano. No tocante a historia, por exemplo, os dois têm visões estranhíssimas. Ainda que o “nunca na “historia desse país” não tenha a mesma carga de demência, Lula também é um sujeito exótico no que diz respeito a historia. Em vários pronunciamentos o presidente brasileiro sugere que o Brasil “quase” não existia antes da chegada de seu governo. Afora esses detalhes curiosos fico imaginando o papo entre os dois.
No papel de “mediador” de conflitos mundiais Lula tem se mostrado um estabanado. De Honduras às negociações com os vizinhos Paraguai, Venezuela e Bolívia o presidente brasileiro pesou contra os interesses brasileiros. Agora, se metendo no complicadíssimo quadro dos conflitos no oriente médio, Lula anuncia que: "com todos eu vou conversar sobre a paz." Se ficasse só nisso eu teria esperança de que a visita de Ahmadinejad seria apenas turismo governamental. Coisa, aliás, que o presidente brasileiro muito aprecia. Mas, infelizmente não parece ser só isso. Em entrevista Lula afirmou que o povo e "alguns" governantes do Oriente Médio querem a paz. "O que precisamos detectar agora é quem não quer a paz, a quem interessa que não haja paz no Oriente Médio? Esse alguém que está ganhando com a não existência da paz precisa ser colocado para escanteio", Diz isso, sem ao menos levar em consideração o fato de que Ahmadinejad defende abertamente o fim de Israel e assumidamente dialoga com organizações terroristas.
domingo, novembro 22, 2009
Nelson Rodrigues O Filho (ARRIMO) do Brasil

Cuba Libre:Yoani Sánchez


sexta-feira, novembro 20, 2009
Zumbi e os facistas

Nessa manhã ensolarada, em memória do herói Zumbi dos Palmares me veio à mente o episodio dos dois negros cubanos, os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, com os quais o ministro foi implacável,os caçando,prendendo e restituindo à ditadura cubana rapidamente.
terça-feira, novembro 17, 2009
Driblando a realidade

Esse fato, facilmente mensurável, colocado em comparação com aos pífios resultados do setor no Brasil só se explica por fantásticas explanações dos ufanistas de plantão. Os argumentos mais freqüentes desses patriotas se baseiam nas diferentes dimensões populacionais e territoriais desses países. Ao priorizar esses itens o avestruz patriótico ataca com a velha esperteza nacional em driblar obstáculos para esconder fracassos. Se por um lado a dimensão territorial e populacional serve para colocar o país de dimensões continentais como um gigante poderoso por outro reconhece que o gigante tem o cérebro atrofiado. Se para entender os desafios é necessário priorizar a dimensão territorial, as questões sobre investimentos públicos e tecnologias educacionais, tão necessárias ao desenvolvimento humano, tornam-se inalcançáveis, pelo menos para as duas ou três próximas gerações de brasileiros. Além disso, ampliar a dimensão do problema educacional por força da dimensão territorial é uma forma de reduzir o mérito de Cingapura. O leitor que tiver saco de ir adiante vai se deparar com argumentos fantásticos. O objetivo dessa manobra é obscurecer os fatos distorcendo a dimensão dos desafios dos países em foco. Nesse contexto, os problemas de Cingapura são “fichinhas” se comparados a dimensão do Brasil e seus postergados desafios. É a velha ginga do malandro agulha!Orgulhoso de sua retórica o defensor da política educacional do governo brasileiro se esquiva dos problemas e começa a tecer argumentos de difícil avaliação. Gaba-se da elevação do orçamento publico ao mesmo tempo em que revela uma relação equilibrada entre investimento e o PIB. A maneira de um mago das finanças os gestores do sistema educacional apresentam gráficos demonstrativos do investimento publico e do fluxo de almas salvas do analfabetismo. Parecem satisfeitos com o que apresentam, pois imaginam que desenhar gráficos resolve problemas e que justifica o salário que recebem. Os mais ousados tocam na tradicional cultura da corrupção, porém, a situam em circunstancias locais, não como um fenômeno nacional endêmico que leva qualquer projeto sério ao fracasso. A verdade é que a corrupção que prolifera em todos os níveis da economia brasileira provoca um fantástico efeito negativo sobre a competitividade do país. Num artigo sobre a corrupção no mundo publicado pela revista Veja, Eliana Giannella Simonetti e Denise Ramiro mostram que: “Em sua visita ao submundo da corrupção, os estudiosos do Banco Mundial, do Banco de Desenvolvimento da Ásia e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts concluíram que, de modo geral, o problema atinge de maneira mais perniciosa países que passam por períodos de transição, de sistemas políticos autoritários para a democracia, de mercados fechados para a abertura comercial, do centralismo econômico para um menor intervencionismo do Estado na economia. Afeta também os que têm o poder econômico concentrado, grande riqueza natural e uma máquina estatal inflada. Ou seja, o Brasil está numa situação difícil. Atende a quase todos os requisitos detectados pelos estudiosos. Cingapura está na outra ponta. Ali os negócios fluem sem sangrias excessivas para o Estado.
O economista Marcos Fernandes, coordenador da escola de economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, autor do livro A Economia Política da Corrupção no Brasil, calculou o impacto do mal da corrupção no crescimento do país. O resultado é impressionante. O Brasil hoje ocupa a 59a posição num ranking internacional de corrupção (nesse ranking, a Finlândia, o país menos corrupto, ocupa o primeiro lugar). O Brasil perde até para Botsuana e Suriname. Ainda segundo Marcos: Se o país conseguisse atingir o patamar dos Estados Unidos, o 15ª mais bem posicionado nessa lista, ganharia a cada ano 2 pontos percentuais de crescimento econômico. É muita coisa. Significa afirmar que, hoje, a economia brasileira poderia crescer num ritmo anual de 6% semelhante ao invejável desempenho da Índia. “Posto de outra forma significa dizer também que, se há dez anos os níveis de corrupção brasileira e americano estivessem equiparados, o PIB nacional no ano passado teria sido maior em 380 bilhões de reais”. Em Cingapura onde os negócios fluem sem sangrias excessivas para o Estado e a corrupção não corre solta o povo obteve ganhos reais. Isso é o que podemos chamar de uma partida justa.
segunda-feira, novembro 02, 2009
Entropia

Luiz Fernando Marinho Nunes
A Termodinâmica pode ser considerada uma filha da revolução industrial, já que seu objeto inicial como ciência foi compreender o conjunto das transformações da energia que naquele momento da história o homem aprendeu a mobilizar em quantidade e densidades jamais imaginadas anteriormente à criação da caldeira a vapor.
Ao longo de sua evolução a termodinâmica, que ampliou seu alcance para além das caldeiras e do Ciclo de Carnot, criou uma série de grandezas que visam explicar ou tornar quantificáveis certos fenômenos e comportamentos. Apropriando-se das definições de Energia, Trabalho e Calor originárias da Física, inventou a Entalpia, a Energia Interna, a Energia Livre de Gibbs, os coeficientes de atividade e também nossa querida Entropia.
A termodinâmica é uma ciência que tem uma particularidade interessante; nela jamais a variável tempo é considerada! Apesar disto, como veremos no final, pode auxiliar nas respostas às questões mais profundas sobre a natureza deste mesmo tempo.
Além disso ela tem um charme especial, só alcançado por não ciências como a poesia ou as primas matemática e filosofia. As variáveis termodinâmicas são produto de uma criação humana. Elas são construídas de forma a permitir que sejam quantificadas a partir de medidas tomadas de parâmetros observáveis na natureza, mas elas não existem no plano concreto, material: são produtos da mente tanto quanto o verso “minha terra tem palmeiras”.
A estrutura da termodinâmica se constitui em torno de duas leis que vão determinar os limites em que certas transformações podem ocorrer. Há uma terceira Lei, de Planck, que leva a outro conjunto de considerações que não pretendo examinar.
A primeira lei nos informa que a energia deve ser conservada em todos os processos usuais, ordinários, que não envolvam as transformações de massa em energia (e=mc2). Uma grandeza termodinâmica importante surge como necessidade de “operar” a primeira Lei, a Entalpia, usualmente expressa pela letra H. A entalpia não suscita apreensões, não nos remete a outros campos do conhecimento, não nos obriga a refletir sobre as cosmologias. É acessível mesmo aos cérebros não treinados, pois explica algo intuitivo, o princípio da conservação da energia. Daí nenhum filósofo tentar se apropriar dela para tentar explicar outra coisa, imitando as parábolas de Cristo. É verdade que Cristo foi certamente o Senhor das Parábolas, mesmo para aqueles que não acham que tenha qualquer parentesco divino. Já a maior parte dos filósofos, ao se apropriar de conceitos da termodinâmica, o fazem canhestramente, sem que a história contada e o objeto da explicação tenham uma simetria forte[1].
A Primeira Lei, entretanto, não impõe nenhuma restrição sobre o sentido das transformações.
Uma segunda lei vai tentar resolver este problema, e para isso foi criada outra variável, a Entropia (S).
A expressão matemática da segunda lei é:
∆Stotal ≥ 0
Antes de explorar estas nuances, vamos registrar o texto que define a Segunda Lei da termodinâmica e que ganhou a expressão matemática já mostrada: “todos os processos acontecem na direção em que a mudança de entropia total é positiva, aproximando-se de zero no limite quando o processo se torna reversível.”
Para completar o raciocínio é necessário definir ∆S, ou seja, a Variação da Entropia.
Tchan, tchan, tchan, tchan..., a partir deste momento todos saberão o que é Entropia!
Pois o ∆S é igual quantidade de calor trocada num processo reversível, dividido pela temperatura em que o processo acontece.
Ou seja, ∆S = ∫dQ rev/T. O dQ que apareceu aí é uma pequeníssima quantidade de calor trocada a cada passo. Já a Integral (∫) só indica que devemos ir somando o resultado da divisão destas pequenas quantidades pela temperatura, ao longo a transformação. Pronto. É só isso.
Um aspecto importante para o entendimento da Entropia, assim como da mais simplória Entalpia é que ambas são definidas como Funções de Estado. Explicando parabolicamente – meu Jesus Menino, que ousadia! - Função de Estado é como a beleza das mulheres. Não interessa como foi produzida, seja natural e selvagem, esculpida por um bisturi, criada pelo uso de cosméticos, modelada nas academias ou construída com ajuda de banhos de leite de cabra como fazia Cleópatra. A beleza está ali para nosso deleite e, se o observador tiver sorte, desfrute. As Funções de Estado são assim. Só dependem da situação específica do sistema num dado momento, como sua pressão, o volume e a temperatura. Não interessa o que aconteceu antes, como o sistema chegou àquela condição. São variáveis ahistóricas, não há como a partir delas buscar pegadas e deslindar o passado.
Mesmo sabendo que espremendo bem o que já foi dito obtenha-se quase nada, numa operação que o leitor não fará por condescendência ao autor, a Entropia já deve estar se tornando mais íntima. É como uma visita antes misteriosa que agora anda pela casa de peignoir e pode ser espreitada em portas entreabertas e pelos buracos de fechadura; o sucesso seria se alguns já estivessem pensando em chamá-la de Entrô.
Como afirmei no primeiro parágrafo, a termodinâmica foi criada para explicar fenômenos de um mundo que se industrializava. Daí a quantidade de coisas que podem ser facilmente entendidas no nosso cotidiano por aqueles tiveram um treinamento básico no assunto.
Com um pouquinho de termodinâmica entende-se porque um carro a gasolina ou a diesel é tão ineficiente, porque os carros elétricos podem almejar outro nível de aproveitamento da energia, o que seria elegantíssimo se na maior parte das vezes a energia elétrica não tivesse sido gerada em usinas térmicas através de processos quase tão ineficientes como o do próprio motor do automóvel. Também se pode entender porque a gela quando se abre a tampa provocando uma expansão adiabática, ou como funciona o ar condicionado. Andar num mundo decifrável nas suas pequenas coisas é um presentinho que a termodinâmica concede aos que passaram pela dificuldade de estudá-la.
Desde o início a termodinâmica, e a entropia em particular, cutucou aspectos do imaginário humano que de certa forma estão na base do que se constituiu como a fronteira da filosofia e da ciência, tão misturadas no início e que, a meu ver, começam a convergir novamente. Falo, por exemplo, das tentativas de se produzir o “moto–contínuo”, que foram transferidas dos laboratórios para as clínicas psiquiátricas depois que a termodinâmica desconstruiu qualquer expectativa de sucesso.
Abrindo um parêntese, já que falei de distúrbios psíquicos que se manifestam em buscas insensatas, identifico uma similitude entre os primeiros termodinâmicos e Freud, que ao procurar criar uma ciência da mente, construiu entidades como o Inconsciente, o Ego, o Superego e o Id. A diferença entre Freud e Carnot é que a Entalpia pode ser quantificada e serve para projetar uma caldeira, mas a tentativa de operar a mente a partir dos conceitos da psicanálise, com seu Inconsciente que anos de sofazinho não tangenciam decifrar, ainda não levou a nada.
Voltando à termodinâmica e à Entrô, ela permite especular sobre coisas menos terrenas. Por exemplo, os que acreditam no Inferno e estudaram termodinâmica sabem que ele é isotérmico. A alta temperatura do inferno tem que ser igual em todos os pontos desse espaço de ex-pecadores, pois se assim não fosse o espectro um engenheiro – não são só advogados e presidentes do BC que populam o inferno - acabaria aproveitando o diferencial de temperatura para construir uma máquina térmica que funcionaria como ar-condicionado. Parafraseando Galileu – dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio que moverei o mundo - o termodinâmico promete: dêem-me um diferencial de temperatura que eu construo uma máquina térmica.
A entropia, que até o momento foi abordada nos termos de sua relação com o calor também pode ser analisada sob a ótica da probabilidade. A entropia pode ser relacionada com o grau de aleatoriedade de uma distribuição molecular. Imaginem a água em estado sólido. Suas moléculas têm um grau de organização maior que a mesma água ao se transformar em vapor. A Entropia do vapor é maior que a do gelo.
Por extensão, a entropia explica que uma pedra que estava instavelmente equilibrada numa ravina e rola para o vale, atingindo um estado de menor energia e de maior probabilidade, não volta a subir. Tanto sabemos disto, e assim usamos intuitivamente a termodinâmica, que só perdemos tempo admirando com curiosidade algumas pedras quase que impossivelmente encarapitadas sobre outras e jamais as que estão no chão. Também a observação tão comum na política de que se o jabuti está na árvore é que alguém o colocou lá é termodinâmica pra caramba.
Outras reflexões mais complexas são induzidas pela análise termodinâmica. Por exemplo, a evolução do universo, que sendo um sistema fechado (no limite o único) estaria condicionada pela diminuição da quantidade de energia disponível para realização de trabalho?
Daí derivam os cenários imaginados pelos físicos, como a possibilidade de um universo oscilante, que pode colapsar e se recriar a partir de novos “big-bangs”, mexendo profundamente com o que Shakespeare chamou da vã filosofia dos que preferem não ver que há mais coisas entre o céu e a terra do que se pode explicar.
Num exemplo de mau uso da Entropia há a justificativa tosca dos toscos criacionistas que pretendem que o processo evolutivo dos seres vivos seria impossível já que o Universo caminharia obrigatoriamente da ordem à desordem, do mais complexo ao mais simples. Esquecem que a Terra não é um sistema fechado e que basta a luz do sol, um fluxo de energia externo, para permitir que se produzam organismos mais organizados, com uma diminuição local da entropia.
A partir deste ponto as coisas vão se complicando, tanto em sua formulação como em suas consequencias.
Há os estudos sobre os sistemas auto-organizadores, típicos da biologia, e tão superiores à nossa tecnologia habitual, herdeira direta de uma lógica cartesiana, operando em regiões longe do equilíbrio, muito organizadas mas também flexíveis, que nos remeteriam a outro conjunto de questionamentos para os quais a irreversibilidade – fortemente associada ao conceito de entropia - está na raiz.
Vou escolher de forma arbitrária um problema específico para encerrar este texto, que inicialmente foi “vendido” com uma promessa de entendimento e clareza, mas que agora se anuncia como gerador de mais perplexidade. Deixo de lado outros temas de interesse como a discussão do significado da informação sobre a entropia dos sistemas.
Trata-se da questão da flecha do tempo. Uma das curiosidades da física, tanto a Newtoniana como a Quântica, é que nelas o tempo é reversível. Nada na física obriga o tempo caminhar do passado para o futuro! Daí os construtores das máquinas do tempo não serem usualmente internados nos hospitais psiquiátricos, como os que perseguem o moto-contínuo – os alquimistas que buscavam a pedra filosofal estão definitivamente incorporados ao mainstream depois do domínio das reações nucleares– mas ao contrário, passaram a ser sistematicamente convidados a participar de eventos científicos.
Para nos ajudar a escapar do mundo de Einstein, dominado pelo tempo reversível e pelo determinismo, que se apoiou em Espinosa, transformando o homem num autômato[2] em nome da unidade da natureza, sobraram as indagações dos filósofos, com destaque para Bergson e muito bem expressa por Popper ao escrever: “considero o determinismo laplaciano – confirmado como parece estar, pelo determinismo das teorias físicas e pelo brilhante sucesso delas – o obstáculo mais sólido e mais sério no caminho de uma explicação e de uma apologia da liberdade, da criatividade e da responsabilidade humanas”.
Pois no centro de um novo mundo onde a flecha do tempo não admite simetria se insere com certeza o conceito de Entropia que nos auxiliará a percorrer o caminho estreito mas promissor entre a prisão do mundo determinístico e o mundo arbitrário e ininteligível do acaso.
[1] A afirmação é de Ilya Prigonine, prêmio Nobel de Química
Exemplo de mau uso da Entropia a serviço de outros interesses
Trecho comentado do Artigo “Em Direção à desordem”
(Ferreira Gullar – O Globo 1/11/09)
A sociedade carioca entrou em entropia desde que o tráfico instalou-se nas favelas.
Conforme a segunda lei da termodinâmica, os sistemas físicos tendem à desordem (errado, como já vimos – a menos que seja um sistema fechado). A perturbação da ordem em um sistema chama-se entropia (pode dar o nome que quiser mas a perturbação não é entropia, que no máximo seria uma medida probabilística da ordem/desordem). Como, por exemplo, os ruídos numa transmissão radiofônica (meu deus, que exemplo!). Isto vale para outros sistemas como a sociedade humana (isto o que, o ruído ou a tendência a desordem?), cuja ordem é mantida pelas leis que regem o comportamento de seus integrantes(o problema é que as leis não regem de fato os comportamentos, não é?). A sociedade carioca entrou em entropia (entrar em entropia – na qual não se entra, pois como vimos, sendo uma função de estado, a cada instante tem-se uma - deve ser para ele algo como entrar em coma) desde que nos anos 70, o tráfico começou a instalar-se nas favelas. Essa tendência a desordem pode ser revertida se o governo e a sociedade (que obviamente inclui os traficantes, que não se disporão a reverter nada), se dispuserem a isso. (não se separa com vírgula o sujeito do predicado, como acabou de me lembrar o Windows Office)
[1] Numa curiosa manifestação da Lei das Séries, justo hoje, 1/11/2009, ao escrever este parágrafo me deparei com um caso de lamentável aplicação do conceito de entropia à sociologia, no texto do Ferreira Gullar publicado no O Globo e que colocarei em anexo como exemplo.
[2] A afirmação é de Ilya Prigonine, prêmio Nobel de Química
terça-feira, outubro 13, 2009
Arte Moderna!Ver para crer,não acreditando no que está vendo

Em 1975, quando li a primeira edição, morava em Paris. Lembro que na ocasião, aos 28 anos, a leitura desse livro me revoltou. Pudera! Meus anseios se fundiam aos movimentos culturais,estéticos e sociais que mobilizavam minha geração. O livro de Tom Wolfe, um sucesso de mídia e vendas, caiu como uma bomba nos salões 'cult' revestindo com mordacidade e ironia os argumentos mais intransigentes. O “inimigo” recebeu munição nova, esse era o entendimento de parte das pessoas do meu convívio como forma de rebater o perigoso - porque inteligente-conservadorismo de Wolfe Posições polarizadas tornavam as discusões um campo de batalha.
Agora, mais de um quarto de século depois,a escrita mordaz de Wolfe, contida nesse pequeno livro, não ressoam com o mesmo vigor. A epifanía de Wolfe, habilidoso esgrimista de palavras, nos entrega um texto delicioso, sem duvida, porém, passado tanto tempo suas criticas se tornaram opacas e as questões que nela jazem tornaram-se impotentes, incapazes de acalorar discussões.
Além disso, os supostos danos à arte modernista da década de 1950 e 60 em particular e a pintura abstrata em geral, se é que houve algum, não se tornaram relevantes com o passar dos anos. Ao contrario, murcharam.
Alguns clones nativos se esforçam ainda hoje para obter êxito na campanha contra o modernismo iniciada pelo papa do 'new journalism', contudo, por não possuírem a mestria do original, embaçam o espelho ao tentarem refletir suas imagens no vulto de Wolfe. Portanto, falar deles é irrelevante.

O certo é que a ideia para o livro surgiu de alguma coisa que ele havia escrito um ano antes.Nas páginas de abertura do seu livro 'A Palavra Pintada,' Wolfe diz que foi "empurrado" para fora de seu devaneio habitual ao ler a critica de Kramer para a exposição da Yale Art Gallery no encarte dominical do New York Times e o reproduz: “O realismo não carece de adeptos, mas carece, visivelmente, de uma teoria convincente. E dada a natureza de nosso intercambio intelectual com as obras de arte, carecer de uma teoria convincente é carecer de algo crucial – o meio pelo qual nossa experiência de obras individuais se soma à nossa compreensão dos valores que elas simbolizam” Sacudido por essa citação, Wolfe se deparou com o fenômeno Ah!Saquei!
Foi esse viés que permitiu Wolfe vislumbrar pela fenda o lado “oculto” da arte contemporânea. Então,animado, mergulhou num mar “translúcido” de conjeturas carregadas com as cores ácidas da ironia:“Agora, finalmente, em 28 de abril de 1974, eu podia ver. Eu tinha ficado para trás o tempo todo. Não é "ver para crer", que bobinho, mas "crer é ver". A Arte Moderna se tornou inteiramente literária: as pinturas e outras obras só existem para ilustrar o texto. ”
Na última sentença, Wolfe foi visionario.
O que não enxergou no modernismo,viu -de ante mão - no Pós Modernismo.
Ao prever com muita antecedencia a consagração posterior do método 'Temático' implantado pelas curadorias de arte, que vimos triunfar são conjuntos de artistas e obras se sujeitando a ilustrar um tema 'criado' por um curador.
O fato que mais desagradou Hilton Kramer foi a critica de Wolfe à Clyfford Still, um artista que Kramer considerava "um dos mais originais" pintores do expressionismo abstrato. Porém, o que estendeu a irritação do decano da critica do 'NYT' foi o escárnio de Wolfe com todo movimento abstrato, incluindo os críticos e teóricos que o apoiavam e escreviam com frequencia matérias nos cadernos de cultura.
Para Kramer esse foi o disparate que faltava, visto que ele próprio muito contribuiu para difusão desse movimento da arte americana.
As tentativas de ridicularizar Clement Greenberg e Harold Rosenberg, defensores influentes início do expressionismo abstrato, se estendem no livro a todos os movimentos importantes do século XX- do Cubismo a Pop Art. Primeiramente publicado na revista Harper's em Abril de 1975 com o titulo "A Palavra Pintada: A Arte Moderna chega ao Ponto de Fuga”. O artigo atingiu em cheio o nervo de varias prima-donas da critica. Kramer respondeu imediatamente com uma longa análise, intitulada "Tom Wolfe e A Vingança dos filisteus." Dez anos depois, esse artigo foi reproduzido em um volume de opiniões e ensaios de Kramer que deram origem a publicação intitulada A Vingança dos filisteus: Arte e Cultura 1972-1984. Sua resposta a Wolfe inclui uma serie de provocações divertidas e outras nem tanto, como essas: “Se alguém tinha alguma dúvida que a vingança dos filisteus está sobre nós o ataque de Tom Wolfe a arte contemporânea, no número de abril da revista Harper's , acaba de extingui-la. Sobre arte, moderna ou não, Wolfe parece não saber nada”.“The Painted Word de Wolfe chega ao grande público que não sabe nada sobre a arte modernista, mas sabe muito sobre os rumores [fofocas] que são lançados em seu nome.Quando se trata da análise de idéias... quando ela se resume a obras de arte reais e inspiradas que nos levam a pensar, Wolfe, irremediavelmente, não é profundo(...)A [incompreensão de Wolfe] sobre o papel da crítica da arte - [sua] hostilidade com a teoria - identificada em The Painted Word, apesar de sua sabedoria e diversão literária, é um enunciado filisteu, um ato de vingança contra uma qualidade da mente com a qual não se integra e, portanto, trata como piada."
Porém, Wolfe é sagaz e brilhante em suas argumentações. Ele percebeu num piscar de olhos o poder da revelação ao ler: "o realismo não tem uma teoria plausível”. Lamentavelmente, sua observação de que "a falta de uma teoria convincente é a falta algo crucial"- no que tange a produção artística- poderia ter ido mais fundo,atingindo o amago do problema que mescla a arte à ideologias. O açodamento de Wolfe em proferir resenhas espertas o levou a cometer um baita equivoco. 'Ver para crer, não acreditando no está vendo', não é um problema. Ao contrario, pode ser uma incitação positiva para despertar no espectador 'O' olhar inquisidor, não apenas contemplativo, o emancipando da tutela dos eruditos e o lançando numa experiencia nova e pessoal.Esse,aliás, esse foi um dos fatores que inspirou os artistas a produzirem as obras mais surpreendentes do modernismo. O desprezo por esse detalhe fundamental enveredou Tom Wolfe por vias mal pavimentadas.Para um sujeito de pensamento e argumentação tão sofisticadas, essa é uma falha imperdoavel.
quinta-feira, setembro 24, 2009
Arte Contemporânea

Arte Contemporânea é maior parte das vezes entendida como um movimento artístico.No Brasil fala-se de arte contemporânea como se fala do Impressionismo ou Modernismo por exemplo. Se fosse um movimento artístico seria o mais durável dos movimentos estéticos da recente história da arte. O termo ganhou essa dimensão a partir dos anos 80 do século passado, quando uma casta de artistas, curadores, mercadores e admiradores se apropriaram do caráter difuso do termo para ali abrigarem seus paradigmas estéticos. A ampla visibilidade dessas produções nas grandes mostras públicas, nas Bienais, nas instituições de arte, no mercado e na mídia vivifica um paradoxo que aflige a cultura brasileira há muito tempo. Aqui, as iniciativas inovadoras tornam-se tímidas quando confrontam a mentalidade provinciana que se arrasta desde a era colonial, submetendo todos a uma ordem soberana que abate os opostos e banaliza os anseios por mudanças. Um conjunto de coisas, objetos, gestos, conceitos, instalações e outros programas estéticos que repartem procedimentos aparentemente não tradicionais e dividem códigos análogos apontam para um padrão estético dominante. As propostas que não se alinham a esse padrão enfrentam muitas dificuldades para emergirem à visibilidade publica.
Numa palestra realizada em 2005 na cidade do México Donald Kuspit definiu primorosamente a questão.Diz ele: “é muito difícil, mesmo impossível, escrever uma história da arte contemporânea -uma história que faça justiça a toda a arte considerada contemporânea: essa é a lição do pós-modernismo. Se escrever a história é algo como unir as partes de um enigma, como sugere o psicanalista Donald Spence, então, arte contemporânea é um enigma cujas partes não surgem juntas. Não há nenhuma narrativa cabível entre elas, para usar o termo de Spence, sugerindo, a principio, apenas incertezas. Porém, em suas partes individuais podem ser compreendidas. O contemporâneo por definição não é necessariamente o histórico, isto é, o contemporâneo é uma quantidade de eventos associados em um presente plausível, ou melhor, uma narrativa consistente que integra algum destes eventos em um sistema ou padrão que, simultaneamente, os qualifica, dando - lhes uma espécie de intencionalidade em relação ao seu propósito”.
Zelosos em suas estratégias pessoais, aplicados nas relações institucionais e com visão centrada no sucesso os segmentos da corrente de pensamento predominante na contemporaneidade acumulou conquistas. Nesse curto espaço de tempo vimos museus de arte tradicional e moderna abrir núcleos de arte contemporânea, operações mercantis se tornarem destaque na mídia que, exaltando os recordes de preços das obras de artistas da atualidade,descartaram as analises criticas sobre o valor intrínseco da arte. Proliferaram curadorias enaltecendo a “genialidade” do próprio curador. As assessorias de marketing galgaram status cultural. Vimos brotar “novas” idéias baixadas de updates temáticos que vagam pelo mundo. Expandiram as exposições e debates “polêmicos” tomados de forma imprópria de outros campos do saber.Esse conjunto de feitos revela o triunfo do entretenimento na vida contemporânea. Tamanha visibilidade ratifica a certeza de que vivemos sobre a égide de um modelo estético dominante.
O vale tudo que permeia a abundancia de modos e estilos confluindo num mesmo viés, consolidou uma permanência estética de longa duração. Nos últimos 30 anos fomos intimados a tolerar um modelo de expressão artística. O custo disso foi seu esgotamento.Cronos, o deus grego que representa o tempo, é o ícone mais adequado a esse período. Porém, sua maldição é austera com os homens. Primeiro os ilude, depois os abandona a própria sorte, diante da impossibilidade de subverter o tempo.
Adriano de Aquino
09/09
domingo, setembro 06, 2009
Fragmentação do $ e n a d o .000.000.000,00


Subvertem o dicionário alegando que o cambalacho que prolifera no ambiente parlamentar é Política real, com P maiúsculo.Coisa de Profissional - com P maiúsculo também.Incapazes de entender as mudanças de nosso tempo produzem asneiras sucessivas. Entendem como poucos de transações mesquinhas e retrogradas. Contudo, mesmo se beneficiando de informações privilegiadas temem as mudanças que se instalam no processo de construção de uma nova cultura. Sabemos que as transformações de mentalidade ocorrem no mesmo tempo das reações conservadoras. Tal percurso é sempre tortuoso, entulhado de personagens e praticas arcaicas que se debatem para prosseguir usufruindo. Os patriarcas senatoriais, parte dominante da ralé política, ainda que não vislumbre a extensão e a profundidade das mudanças em curso, já intuíram que tal movimentação tem na internet um foco contundente. Com os meios intelectuais de que dispõem alguns senadores só conseguem ver salvação para sua espécie se tiverem como controlar a rede virtual. Imagino as bobagens que pensam sobre as comunidades virtuais, as redes sociais e etc.
Com a tentativa recente uma coisa ficou clara: se pudessem controlar os novos meios de comunicação através de um ato secreto estariam mais tranqüilos. Mas, ao contrario do coronel do sertão que controla os currais eleitorais, não há como controlar a internet, restringir a opinião livre e democrática, a crescente participação política e o clamor por reformas.
domingo, agosto 09, 2009
Contemporaneidade Embalada para Consumo
terça-feira, julho 21, 2009
A UNE e o peleguismo Pós Moderno

No Aurélio pelego é: pele com lã do carneiro usada nos arreios à maneira de xairel; indivíduo subserviente, capacho.
No meio político o termo pelego foi popularizado nos anos 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. Em 1931 Vargas decretou a Lei de Sindicalização, inspirada na Carta Del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini. Entre outras coisas essa lei submetia os sindicatos ao Ministério do Trabalho. É nessa época que a palavra pelego ganha outros significados servindo para definir o líder sindical de confiança do governo que garantia o atrelamento da entidade ao Estado. Décadas depois o termo voltou à tona com a ditadura militar. Pelego então passou a ser o dirigente sindical apoiado pelos militares, sendo o representante máximo do chamado sindicalismo marrom. A palavra, que antigamente designava a pele ou o pano que amaciava o contato entre o cavaleiro e a sela, virou sinônimo de traidor dos trabalhadores e aliado do governo e dos patrões. Logo, é fácil entender que chamar uma pessoa de pelego é dizer que ela é subserviente/servil/dominada por outra, ou seja, capacho, puxa-saco, bajulador.
A era do conhecimento, da intensa comunicação global e da valorização da sociedade civil trouxe enormes benefícios, contudo, não extinguiu os antigos hábitos políticos nos países mais atrasados onde a nefasta tradição política sobrevive camuflada dentro do sistema democrático.
Um bom exemplo da força dessa sinistra reminiscência pode ser percebida nas palavras e atitudes de Augusto Chagas, presidente da União Nacional dos Estudantes que apresenta em 2009 para a sociedade brasileira a versão pós moderna do peleguismo.
As reações de Augusto Chagas as críticas de que a UNE teria se tornado um movimento chapa-branca (sinônimo de pelego), pelos recursos que recebe do governo Lula, me lembrou a atuação dos pelegos do passado. A parte sutis mudanças impostas pelo presente, o pensamento do atual líder estudantil é muito semelhante aos pelegos do passado tanto no tocante ao desprezo pela autonomia e a reflexão critica quanto pela a cretinice e a submissão. Mesmo diante de inúmeros problemas no sistema de ensino no país, Augusto Chagas coloca como prioridade da entidade a marcha de uma caravana nacional para debater as eleições de 2010 onde a UNE fará campanha para a pré-candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff.
Plagiando, de forma invertida, a pratica dos conservadores que viam o comunismo internacional como o grande vilão Chagas combate um demônio nacional, concentrador de todo mal do século XXI. Seu nome: FHC.-Nós vamos emitir opinião para 2010, sim. Não vejo problemas no fato de a UNE ter opinião. Vamos comparar os oito anos dos governos Fernando Henrique e Lula em vários debates. A UNE sempre foi extremamente crítica ao governo FHC, que foi ruim para o país. Mas não vê Lula da mesma forma - disse ele.
Em relação ao presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP),a UNE acha os ataques da oposição equivocados.
- A mera saída do Sarney não resolve nada.
Augusto também não vê problemas no fato de a UNE receber verbas públicas para realizar seu 51º Congresso e retribuir os donativos realizando uma movimentação estudantil contra a CPI da Petrobras.
- Não acreditamos que o objetivo da CPI seja apurar irregularidades. A CPI quer abrir flanco para a exploração do pré-sal por setores privados.
Augusto afirma que a imprensa,a opinião publica e os valores éticos fundamentais que deveriam nortear as relações das instituições de representação com o poder constituído não são impedimentos que levem a UNE a considerar nocivo o recebimento de verbas públicas.
- Movimentos sociais não têm a função de fazer oposição a governos, mas sim para ir atrás de conquistas.
As declarações de Augusto revelam o quanto o pragmatismo pode distorcer os valores mais elevados das causas sociais.Augusto cursa o primeiro ano de Sistemas de Informação na Universidade de São Paulo (USP), depois de desistir de dois outros cursos universitários. Ele disse que mora num apartamento mantido pelo pai, especialista em computação, e passará a receber da UNE uma ajuda de custo para alimentação e transportes de R$ 1.500 mensais.Antes, foi presidente duas vezes seguidas da União Estadual dos Estudantes (UEE), recebendo R$ 1.200 de ajuda de custo. Foram dois mandatos: 2005-2007 e 2007-2009.Com esse aporte de recursos é compreensível que Augusto diga: 'Não me sinto mal por não ter curso nem emprego'-Ora! Augusto, mas isso não é um emprego?Não,responde ele,ao contrário: eu sinto muito orgulho por ter aberto mão da minha trajetória profissional por um tempo. Quando encontro amigos que estudaram comigo e já se formaram eu me sinto bem, seguindo o meu próprio caminho. Não me sinto mal com as críticas de que não concluí um curso ou não tenho emprego. A UNE é o que é pela dedicação política de alguns estudantes. Pessoas passam, o movimento fica. No movimento estudantil, eu aprendi a importância das idéias coletivas.Para consagrar, junto a comunidade estudantil, suas aspirações peleguistas Chagas enaltece o Bolsa Família, vedete do governo Lula, defendendo que seja estendida para os estudantes com a criação da Bolsa UniversitárioAugusto Chagas já tem pronto o modelo da Bolsa que quer ter. Segundo ele a Bolsa Educação seria concedida a universitários de baixa renda e custeada pela União. Ele sugeriu que o benefício seja equivalente a 60% do salário mínimo, ou R$ 279. O valor ficaria bem acima do teto do Bolsa Família, de R$ 182, pago a famílias com cinco crianças na escola. Chagas disse que levará a proposta ao presidente Lula nas próximas semanas: - Não vamos popularizar a universidade no Brasil sem políticas desse tipo.Chagas quer que a bolsa seja concedida a alunos de universidades públicas e privadas. Hoje, a política de assistência estudantil é estabelecida e custeada por cada instituição de ensino, à exceção das bolsas do ProUni. Ele também defendeu que a União subsidie o passe livre de estudantes.
Com essas iniciativas Augusto Chagas nos mostra que o peleguismo também se transforma com o tempo. Os pelegos pós modernos continuam servis, porém, um pouco mais pragmáticos.