quarta-feira, abril 24, 2019







A CULTURA INCULTA


Que ilação é possível fazer entre um abaixo assinado por + de 1000 alunos da Universidade de Artes (UArts) Filadélfia, exigindo o expurgo da professora Camille Paglia dos quadros da universidade com a grade de programação cultural do Watson Institute,Pensilvânia e dos doutos de Harvard?
Recentemente, o Watson Institute realizou palestra show da funkeira brasileira,feminista de exquerda, MCCarol(vídeo).Logo em seguida, Annita se apresentaria em uma conferência sobre o Brasil,em Harvard.
O que essas inebriantes aberturas da elite acadêmica norte americana ao ‘pop’ e à massificação da arte da cultura e do pensamento em Terra Brasilis pode nos oferecer como reflexão sobre o mundo e nós mesmos,brasileiros?
Tempos atras, o intelectual norte americano,Allan Bloom,em seu excelente ensaio, escrito em 1987 “ A Cultura Inculta”(titulo do post em referencia ao autor) já apontava as universidades norte americanas como celeiro para a disseminação da crise social e política do Ocidente no século XX . No ensaio, ele aborda temas como: falta de objetivos das universidades à falta de conhecimentos dos estudantes, desde os clichés da libertação à substituição da razão pelo embuste supostamente criativo em prejuízo da crítica livre e bem fundamentada.
Revela, também, como a democracia ocidental acolheu irresponsavelmente as ideias vulgarizadas de niilismo, desespero e de relativismo disfarçado de tolerância.
Seu ensaio,hoje me parece uma profecia realizada!
Estariam os ‘acadêmicos’ norte americanos exauridos do farto acervo de produtos artísticos, intelectuais e culturais de excelência?
Estão empanturrados de Sócrates , Platão e Aristóteles e ávidos por menus filosóficos preparados por exóticos pensadores pós modernos,carregados de temperos progressistas, politicamente corretos?
Estão de saco cheio de tanto ver/ouvir espetáculos públicos primorosos de 3 grandes tenores.
Se sentem condenados a ouvir Bach? Serem torturados pelo som de Mozart?
Ter que aturar,ainda hoje,em pleno seculo XXI, as sofisticadas e profundas sonoridades de Miles Davis,Coltrane, Thelonious Monk?
Estariam eles em tédio? Renitentes e avessos ao consumo de mega shows e produções milionárias? Estariam reagindo politicamente à 'obrigação' de ouvir as lendárias gravações de seus ícones ‘pop’, como Prince, que criaram poderoso repertório que influenciou, melhor dizendo, se converteu em modelo a ser seguido pelas gerações subsequentes, na forma de cultura replicante, calcada grotescamente na rebeldia, nas mensagens e no swing da world music, funk, punk e caterva, virilizadas mundo afora e no Brasil em particular?
A primeira coisa que me passa pela cabeça é que a elite acadêmica progressista de exquerda, dos EUA, lidera e difunde uma enxurrada de propostas que, no fundo, se bem esmiuçadas, revelam que o objetivo estratégico desses 'lordes', no papel de cruzados da Incultura, é reafirmar ao mundo sua liderança e supremacia global, nos campos das artes, do pensamento e da incultura contemporâneas.
Senão, vejamos!
Só esse ano li, sigo lendo, ótimos ensaios de professores e escritores brasileiros, com visões originais e propostas inéditas para abordar os impasses que afetam a cultura e o pensamento nacional.
Por que os acadêmicos ianques não enxergam os artistas, escritores e pensadores brasileiros originais que, por não acolherem os cânones ‘pop’ da arte norte americana e reproduzi-los na formula ‘copy/paste’, com pitadas de regionalismo, seguem ‘não lembrados’ para palestras e apresentações nos antros da exquerda norte americana?
Por que suas obras, em síntese, expressam qualidade intrínseca e autonomia ideológica, estética e formal? Por que essa parcela de pensadores e artistas não espelham o 'exotismo' sedutor dos trópicos, que enche os olhos dos eruditos norte americanos e europeus?
Por que nossos pensadores emancipados já reverteram a submissão neo colonialista?
Há muitas perguntas que permanecerão sem respostas. Até o dia que a boa Arte e Pensamento original e profícuo de um grupo de brasileiros pensantes, mandem esses 'doutrinadores' à PQP.