terça-feira, dezembro 31, 2019










DÉCADAS & DÉCADAS


Como coleciono décadas, decidi planejar o resto da minha existência sob o prisma das reflexões e significados sócio/político/ culturais das décadas passadas.
Não conheço mais ninguém vivo capaz de ter clareza e sobretudo saco para se prestar a fazer críticas comparativas entre os anos 20 do século XX e as possíveis repetências dos mesmos erros nos anos vinte do século XXI que agora se inicia.Então, decidi recorrer ao excelente livro “ A Sagração da Primavera’ do historiador Modris Eksteins,com tradução de Rosaura Eichenberg, publicado pela editora Rocco em 1992 e-lamentavelmente- esgotado nas livrarias.
Do capítulo ‘PARA QUE NÃO ESQUEÇAMOS’(pags. 323>333) extrai esses trechos(fotos).
As preocupantes circunstancias atuais,marcadas por extremismos tanto em esfera nacional como global é  um castigo recorrente  à espécie humana que se submete à formas perversas  para retardar, recalcar e prejudicar as conquistas e avanços decorrentes do processo civilizatório, repetindo - com estupida convicção- suas mais devastadoras certezas.
No alvorecer dos anos 20 do século  XX, o poeta Paul Valéry  disse uma verdade que vale por mil certezas.Passados quase cem anos, ainda pulsa o paradoxo então vigente  frente ao vasto acervo de certezas: “ A mente na verdade foi cruelmente ferida...Duvida profundamente de si mesma."
Os movimentos artísticos culturais que espocaram no inicio do Século XX  e que culminaram  nas rupturas  com o velho sistema,posteriormente estudados como Vanguarda Histórica, foi o ponto de partida do historiador para  analises e reflexões sobre os  cenários onde se desenrolaram os combates estéticos  'novo versus  tradição',estopim da  Primeira Grande Guerra.
Nesse livro, Eksteins reúne as peças do jogo de motivos,recalques e  confrontos que poucos  anos depois voltaria a ameaçar a civilização com a versão  mais avassaladora, mortífera e atroz da Segunda Grande Guerra.        
Pretendo continuar acreditando na civilização! Que os anos 20 do Século XXI - maioridade da Cultura Digital,da  Era do Conhecimento e das tecnologias da informação-inspirem as mentes à pensar, estimulando  um  maior  numero pessoas a se tornarem  protagonistas das mudanças que se estenderão em  benefícios aos remanescentes do atraso, sempre lembrados pelos arautos da hipocrisia mas,, de fato,por eles providencialmente  'esquecidos' nos grotões do passado   








         

terça-feira, novembro 05, 2019











A conta, por favor!
Enquanto cientistas políticos ensaiam explicar os motivos das manifestações no Chile,a máquina registradora já contabiliza os prejuízos. Caia o governo - o que parece improvável- ou siga adiante, todo mundo sabe quem vai cobrir os prejuízos. Não é preciso dizer quem vai pagar, não é verdade?
Esse é um ‘detalhe’ cruel que os analistas parecem não dar a devida importância.
Alguns analistas preferem recorrer à teses nostálgicas e vitimistas, preferidas dos intelectuais latino americanos, para confirmar que na região os 'sonhos de futuro' são sempre frustrados pelos pesadelos da realidade.
Já li de tudo um pouco, sobre os movimentos explosivos no Chile.
Claro que não poderia faltar alusões à greve de 1972, que mobilizou os caminhoneiros chilenos e durou 26 dias.
Na ocasião foi considerada o ato inicial que culminou com a posterior derrubada do governo Salvador Allende.
Pera lá, companheiro!
Na ocasião, apontou-se a CIA como a principal financiadora do movimento que derrubou o governo de esquerda.
Agora, o quadro é radicalmente diferente!
Quem financia os movimentos explosivos no Chile?
O que eles querem derrubar, alem das estações de metrô?
É certo que nem todos os problemas humanos são de ordem econômica.
Porém,a pobreza e a falta de oportunidades, oriundas de políticas econômicas desastrosas, pioram muito, dificultam ainda mais, que um maior número de pessoas possa alcançar o bem estar social, que possibilite uma vida menos dura e infeliz.
O Banco Mundial aponta o Chile como único país sul-americano com uma economia de alta renda.
A fórmula que superou os atávicos problemas do Chile e desempenhou um papel fundamental na recuperação econômica, nada tinha de especial ou exótico .
Ao contrário; desde o princípio, o Chile adotou com firmeza a descentralização econômica.
Restringiu a mão do Estado no setor produtivo e assim reverteu a histórica pobreza, promovendo uma verdadeira revolução econômica.
Em curto espaço de tempo,o Chile passou da estagnação econômica mantida por uma estatização da economia para a produtividade crescente do setor privado seguindo um modelo de liberalismo que removeu impostos, reduziu as regulamentações excessivas, a burocracia e as tarifas protecionistas.
Diversas estatais foram privatizadas.Pequenas e médias empresas, em determinados segmentos, passaram a usufruir de maior liberdade fiscal.O poder aquisitivo cresceu e se distribuiu na compra de matéria-prima,ampliando a capacidade produtiva.
O desemprego caiu drasticamente.
Novas empresas surgiram. O setor privado prosperou e se tornou mais competitivo a nível internacional
O PIB quintuplicou.
A qualidade de vida se elevou a ponto de por várias edições do IDH/PNUD latino americano, o Chile se manteve na primeira colocação -seguido pela Argentina e Uruguai e na 44º posição no índice global.
Nos anos 1980, o país se encrencou em difícil crise financeira e hiperinflação, como consequência da malsucedida política econômica ministrada pelos ‘Chicago Boys’ que, entre outras coisas, renunciou às taxas de câmbio flutuantes como referência para a estabilidade monetária. Essa medida, combinada com a hipervalorizarão do peso chileno em relação ao dólar americano, abriu caminho para a pior recessão que o Chile experimentou desde os anos 1930. Essa experiência malsucedida não abateu os chilenos.
O passo seguro do liberalismo econômico adotado trouxe robustez, abundância e eficiência ao sistema, o que ajudou o país a reverter a crise com segurança.
As medidas que se seguiram ampliaram as reformas econômicas e solidificaram a economia, concedendo amplas liberdades à livre iniciativa, fomentando a geração de riquezas.
Resultados positivos, um sobre outros, fortaleceram a expansão das políticas liberais, previamente estabelecidas. Este é um dos motivos pelos quais o Chile, depois da experiência malsucedida dos anos 80’ não ter tido mais nenhuma recaída que fizesse retornar a estagnação econômica dos velhos tempos.
Tenho certeza que um país que passou por tudo isso, enfrentando corretamente as dificuldades,não se abaterá com a manifestações de agora.
A geração que hoje se rebela nas ruas de Santiago é herdeira desses sucessos.
Como não há sucesso econômico que teses de sociologia política não possam desconstruir, não me espanto que a velha e reincidente ´paixão’ latina, em sintonia com o populismo arcaico, que esparrama pelo continente o bolorento odor das tumbas do peronismo, impulsionado pelos ventos insalubres do bolivarianismo, reencarne nos jovens, ávidos por aventura, um anarquismo ‘caliente’ escancarado nas manifestações explosivas de viés globalista.
Abarrotadas de ‘causas’ as mais diversas, o que de fato os manifestantes pretendem mudar?
Uma coisa é certa!
A estética Anonymus dos movimentos globalistas da WallStr, Londres, Paris etc, mudou o visual dos manifestantes de Santiago!
Doravante, serão 'visualmente' integrados aos movimentos de jovens rebeldes dos países mais ricos do Ocidente.
Um salto 'estético'.Sem pobres e descamisados..
Com uma pequena diferença: adotaram o vermelho como traje de combate.
É, mais uma vez, a recorrente explosão da 'paixão' latina pelo sonho vermelho encarnado!









Arte,Cultura e Estado

Um velho e tortuoso tema que,na maioridade do Seculo XXI,ainda  atormenta artistas e intelectuais brasileiros.


Censura não se debate, se combate’, recomenda a ministra Cármen Lúcia aos artistas presentes à audiência pública no STF.
Sendo o STF a última instância de justiça que os cidadãos-artistas ou não- recorrem para preservar e garantir seus direitos, a 'recomendação' da ministra aos artistas presentes é prosaica, sem efeito legal concreto para estancar a censura 'governamental' denunciada pelos artistas presentes e punir, na forma da lei, os censores.
Se levada ao pé da letra a recomendação da ministra pode ser entendida de duas formas.
A primeira é midiática: A sessão foi bacana. Vai repercutir na imprensa.
Certo! Repercutiu, a frase da ministra foi lida por mim,copiada e colada do lide de uma matéria de O Globo.
A segunda,como deboche com os presentes que foram ao STF denunciar, 'debater' e pedir providências do tribunal contra "uma nova forma de censura governamental."
Ao dizer que 'censura não se debate,se combate', os artistas presentes devem ter se frustrado.
Os que viveram sob o tacão da censura e sofreram consequências pessoais e profissionais por suas posições em defesa da democracia e da liberdade de expressão nos anos de chumbo,não precisam ir tão longe,se dispor a preparar e expor suas denúncias para ouvir da ministra o que deveriam saber por experiência própria.
Mas, se porventura,o centro da denúncia dos artistas presentes à audiência diz respeito a uma aludida CENSURA econômica e ao 'desmonte' das instituições estatais, como fator de retrocesso cultural,cresce meu espanto com a posição de notáveis e talentosos artistas da minha geração.
A crença num Estado passivo e justo,não sobrevive a nenhum governo.
Se para garantir o aparelhamento estatal, tendencias ideológicas no poder promovam politicas culturais de aparente inserção, é uma ilusão 'útil' ao sistema acreditar que elas atendam e reflitam os 'avanços' sob a égide de uma democracia cultural.
O Estado não dá conta de suprir massa crítica cultural.
Apenas 'financia' o que uma comissão considera oportuno investir.
Quantos de nós,durante a ditadura, debatemos sobre as possíveis consequências nefastas da tutela estatal, quando da implantação da estratégia dos governos militares -sob a ótica Golbery - das fundações de arte,agencias e empresas públicas de arte e cultura, patrocinadas por um Estado mecenas?
Incontáveis textos e reflexões primorosas foram produzidas na ocasião sobre a temível ilusão de que o Estado seria o 'mecenas' justo em oposição às tendências variáveis do gosto e do incipiente e 'injusto' mercado de arte, cultura e entretenimento.
As ditaduras 'estáveis'(sic) onde o voto é um ornamento secundário "pra inglês ver", o financiamento estatal de arte e cultura é ferramenta de poder que serve,entre outras coisas, para adoçar possíveis e desagradáveis dissidências,financiado uma arte 'oficial', ainda que pareça contestatória e insurgente, contra os artifícios do sistema.
Isso seria o 'justo'? O correto?
Todavia, nas democracias, onde se conta o voto da maioria, o poder muda de mãos.
Quando isso acontece o Estado segue a orientação política do vencedor.
Coisas simples assim, várias vezes comentadas em prosa,verso e textos esclarecedores sobre a insidiosa parceria Estado/ Cultura, acabar sendo debatida nas dependências da Corte Suprema,desperta em mim a melancólica sensação de sentir de novo o gosto amargo da decepção de que não basta uma 'ideologia para viver'.
Parte expressiva da categoria precisa mais que isso.
Precisa de um Estado para prove-la.
Em resumo; uma variante 'artística' das necessidades do povo pobre, submetido à cultura do Estado forte,onipresente.

PS
 Não é apenas ingenuidade.
Ha algo mais preocupante na insistente e prejudicial formula da comunidade artística nacional
 empurrar para baixo do tapete questões que se evita abordar em profundidade. 
Não ha como evitar que os modos de intermediação Estado/Cultura,plantados no país durante o regime militar, que mais tarde se desdobrou em diversos subsídios culturais que atingiram o ápice com a bem intencionada Lei Rouanet, por xs criticada por selecionar 'beneficiados' com grande visibilidade e muitos recursos obtidos nos ramos da industria cultural, um dia viria à tona. Não creio que esse governo tenha ideia clara sobre a importância do assunto, pela maneira descuidada com que o está tratando. Até mesmo a ministra Carmem Lucia que acolheu as denuncias dos artistas, se confunde. E como se confunde! Fala no mesmo tom sobre "Censura e Constituição”. Para ela - a “Constituição deve prevalecer sobre as dificuldades.” Convenhamos, isso não ocorre nem com matérias menos complexas abordadas pelo STF. Rouanet, um intelectual sério,que quando ministro criou a lei que leva seu nome e Capanema que em 1937, por sugestão de Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco, criou o Iphan,duas Politicas de Estado, que deveriam se sobrepor as vontades dos governantes, certamente não previam,sequer imaginavam, que essas politicas sofreriam adulterações de viés politico administrativo nas sucessivas gestões que os sucederam..Considero a 'resistência' -de um lado e de outro -prejudiciais ao bom debate que a Cultura brasileira,por sua importância,ha muito merecia encarar e desenvolver.Mas, como no titulo do seu livro,Mércio Gomes nos alerta que sempre que se abre um clarão de oportunidades - 'O Brasil Inevitável'- surge com virulenta reação que teima em 'buscar' o futuro no passado recente e, muitas xs, na velha tradição patrimonialista.



domingo, setembro 08, 2019

O Preço de Tudo






Ao assistir o documentário " The Price of Everything" ( tb legendado em português nos canais HBO) tive o impulso de compartilha-lo aqui por dois motivos.
O primeiro motivo foi a lembrança imediata de uma matéria publicada ha tempos no NYT com o título:"A Arte está embriagada pelo dinheiro" que, surpreendentemente,na ocasião, não obteve repercussão à altura da provocadora insinuação.
O segundo motivo é que, em se tratando de Arte, visibilidade, fortuna e fama, qualquer crítica ao pileque generalizado, reunindo artistas,curadores,colecionadores,investidores e o dinheirão fluindo pelo sistema,tendem(as críticas)serem encaradas como lamúrias dos ressentidos e invejosos ao sucesso dos 'eleitos' ou mais uma torpeza reacionária e conservadora contra a liberdade de expressão.
Como,por outro lado, a pobreza e o ostracismo de alguns artistas, tende a ser entendido como fatores inerentes ao destino dos que escolheram a liberdade criativa e pagam seu preço com a exclusão do mercado.

É maçante ter que repetir que confundir aclamação do mercado com credenciamento artístico cultural é uma característica marcante nos néscios
Dois blefes que,paradoxalmente, se nutrem na mesma fonte.
Assim, o debate se encerra com as 'sensíveis' declamações: Arte é Vida & Vida é Arte, em voga na atualidade.
O dinheiro,onde quer que prolifere,tem o poder de abrandar discordâncias.
Esse documentário descortina essas discrepâncias, concede protagonismo especial ao "esquecido,quase morto" pintor Larry Poons,para se aproximar dos supostos critérios do mercado e o retumbante aplauso aos 'vencedores' do circuito.
Porém, quase ao final do filme, o galerista novaiorquino Brow, ao lado do crítico Jerry Saltz, usam discretamente o sentido do olfato para descrever a euforia que eles vêem espalhar nas artes visuais como um alerta; "sentem cheiro de fumaça" no ambiente glamouroso e milionário da arte contemporânea norte americana.
Cabe destacar que o diretor do documentário dispensou os fatores estéticos,teorias e fundamentos e a relação entre Arte e sociedade,qualidade e valor intrínsecos das obras de arte por ele focadas.
Longe disso, preferiu enfatizar, com sutil ironia, o 'espetáculo' do dinheiro na Arte,onde todos os demais atores - juntos e misturados- são coadjuvantes do sistema.







segunda-feira, agosto 12, 2019








Na ficção, a aspiração de gerar um ‘novo homem’, tem aspectos críticos que apontam para a tragédia e a destruição e servem de estimulo parta se pensar sobre o potencial mortífero de uma ‘boa ideia’.
 Mas, a teoria política, fundada na ideia do ‘novo homem’, quando colocada em prática,  a ideia se apresenta como engrenagem de uma máquina terrível que produz mortes em profusão, destrói o tecido social e deixa sequelas terríveis, difíceis de serem superadas por várias gerações. Já se acreditou na saga marxista da ditatura do  ‘newman’ ,oriundo do proletariado, sujeito solidário, igualitário, tolerante e comunal, que brotou na Rússia nas primeiras duas décadas do Século XX.  
Mas, em 25 de fevereiro de 1956, Nikita Kruschev, três anos à frente do Partido Comunista da União Soviética como Primeiro Secretario, subiu na tribuna e fez um discurso demolidor, que viria a mudar a história da URSS.
Em 2019, se comemorou 60 anos do discurso do Kruschev no politburo da URSS.
Ao fim da sua histórica narrativa, milhões de russos adultos choraram como nenéns de colo. E, Kruschev, apenas abriu uma das pastas do volumoso arquivo de atrocidades cometidas por Stalin, “guia genial de todos os povos” e bispo supremo do sanguinário culto que se espraiou pela União Soviética.
Dentre milhares de fatos hediondos, Kruschev se concentrou com mais ênfase em seis pontos: “Expurgos” ocorridos entre 1937 e 1938.Nesse ponto ele registou que 1.500.000 pessoas foram presas, mandadas para campos de concentração onde milhões sucumbiram e, os poucos que tiveram alguma sorte, conseguiram se exilar. “Execuções”: 690.000 pessoas foram executadas (entre os condenados à morte estavam todos os companheiros de Stalin que lutaram na revolução de 1917 e alguns “fundadores do comunismo soviético”. Kruschev afirmou ainda que todos os executados eram inocentes. ”Paranoia e Tirania Oficial” tirante ele próprio, para Stalin, todos que o cercavam eram inimigos da URSS. “Desastrosa Estratégia Militar”, Kruschev, discorreu sobre os imensos erros de Stalin na condução da Segunda Guerra. Os expurgos no Exército, eliminaram 85% da cúpula militar deixando as fronteiras da URSS desguarnecidas. E, pior, esse erro grasso, que aumentou o número de russos mortos, aconteceu porque Stalin confiava no seu acordo com Hitler, mesmo diante dos persistentes avisos de que a Alemanha atacaria. Esses “erros” de Stalin provocaram a imensa perda de vidas que poderia ter sido evitada, só nas primeiras duas semanas da invasão alemã de 21 de julho de 1941 a Wehrmacht fez seis milhões de prisioneiros, dos quais dois milhões pereceram em pouco tempo por maus tratos e execuções.  “Calamidade agrícola e fome” a desastrosa política agrícola de Stalin, se abateu sobre o povo, dizimando 10 milhões de camponeses forçados à coletivização das fazendas. A produção de trigo caiu vertiginosamente   matando de fome outros tantos milhões. Como Kruschev era engenheiro agrônomo, suas críticas ao modelo agrícola de Stalin, deixam transparecer que se tratou de uma ação punitiva intencional, uma espécie de guerra civil do Stalin contra os camponeses que se opuseram à loucura coletiva imposta pelo regime tirânico. “Política Externa” stalinista foi um desastre completo. Pretensamente internacionalista, de fato, se revelou isolacionista e impositiva, trazendo enorme desgaste para a URSS, mais miséria para o povo e enormes dificuldades para o pais no âmbito do comercio internacional, na diplomacia e convívio com outras nações.
Anos depois, Gorbachev, oitavo e último líder da União Soviética, assim como Kruschev, foi Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética de 1985 a 1991. Como chefe de Estado, de 1988 a 1991, Gorbachev revelou ao mundo sua inclinação à social democracia. Foi ele que em 1986, deu a virada política na Rússia com a Glasnost, um dos pontos principais do seu governo tumultuado por conflitos nacionalistas e insatisfação social. Sua proposta consistia na abertura política, que tinha por objetivo trazer ao país a transparência e a liberdade de expressão.
Anos depois, surge Putin, um modelo laboratorial da extinta KGB.O líder, há 20 anos no poder, foi moldado na tradição czarista, com pitadas de stalinismo.     

  

   














quarta-feira, abril 24, 2019







A CULTURA INCULTA


Que ilação é possível fazer entre um abaixo assinado por + de 1000 alunos da Universidade de Artes (UArts) Filadélfia, exigindo o expurgo da professora Camille Paglia dos quadros da universidade com a grade de programação cultural do Watson Institute,Pensilvânia e dos doutos de Harvard?
Recentemente, o Watson Institute realizou palestra show da funkeira brasileira,feminista de exquerda, MCCarol(vídeo).Logo em seguida, Annita se apresentaria em uma conferência sobre o Brasil,em Harvard.
O que essas inebriantes aberturas da elite acadêmica norte americana ao ‘pop’ e à massificação da arte da cultura e do pensamento em Terra Brasilis pode nos oferecer como reflexão sobre o mundo e nós mesmos,brasileiros?
Tempos atras, o intelectual norte americano,Allan Bloom,em seu excelente ensaio, escrito em 1987 “ A Cultura Inculta”(titulo do post em referencia ao autor) já apontava as universidades norte americanas como celeiro para a disseminação da crise social e política do Ocidente no século XX . No ensaio, ele aborda temas como: falta de objetivos das universidades à falta de conhecimentos dos estudantes, desde os clichés da libertação à substituição da razão pelo embuste supostamente criativo em prejuízo da crítica livre e bem fundamentada.
Revela, também, como a democracia ocidental acolheu irresponsavelmente as ideias vulgarizadas de niilismo, desespero e de relativismo disfarçado de tolerância.
Seu ensaio,hoje me parece uma profecia realizada!
Estariam os ‘acadêmicos’ norte americanos exauridos do farto acervo de produtos artísticos, intelectuais e culturais de excelência?
Estão empanturrados de Sócrates , Platão e Aristóteles e ávidos por menus filosóficos preparados por exóticos pensadores pós modernos,carregados de temperos progressistas, politicamente corretos?
Estão de saco cheio de tanto ver/ouvir espetáculos públicos primorosos de 3 grandes tenores.
Se sentem condenados a ouvir Bach? Serem torturados pelo som de Mozart?
Ter que aturar,ainda hoje,em pleno seculo XXI, as sofisticadas e profundas sonoridades de Miles Davis,Coltrane, Thelonious Monk?
Estariam eles em tédio? Renitentes e avessos ao consumo de mega shows e produções milionárias? Estariam reagindo politicamente à 'obrigação' de ouvir as lendárias gravações de seus ícones ‘pop’, como Prince, que criaram poderoso repertório que influenciou, melhor dizendo, se converteu em modelo a ser seguido pelas gerações subsequentes, na forma de cultura replicante, calcada grotescamente na rebeldia, nas mensagens e no swing da world music, funk, punk e caterva, virilizadas mundo afora e no Brasil em particular?
A primeira coisa que me passa pela cabeça é que a elite acadêmica progressista de exquerda, dos EUA, lidera e difunde uma enxurrada de propostas que, no fundo, se bem esmiuçadas, revelam que o objetivo estratégico desses 'lordes', no papel de cruzados da Incultura, é reafirmar ao mundo sua liderança e supremacia global, nos campos das artes, do pensamento e da incultura contemporâneas.
Senão, vejamos!
Só esse ano li, sigo lendo, ótimos ensaios de professores e escritores brasileiros, com visões originais e propostas inéditas para abordar os impasses que afetam a cultura e o pensamento nacional.
Por que os acadêmicos ianques não enxergam os artistas, escritores e pensadores brasileiros originais que, por não acolherem os cânones ‘pop’ da arte norte americana e reproduzi-los na formula ‘copy/paste’, com pitadas de regionalismo, seguem ‘não lembrados’ para palestras e apresentações nos antros da exquerda norte americana?
Por que suas obras, em síntese, expressam qualidade intrínseca e autonomia ideológica, estética e formal? Por que essa parcela de pensadores e artistas não espelham o 'exotismo' sedutor dos trópicos, que enche os olhos dos eruditos norte americanos e europeus?
Por que nossos pensadores emancipados já reverteram a submissão neo colonialista?
Há muitas perguntas que permanecerão sem respostas. Até o dia que a boa Arte e Pensamento original e profícuo de um grupo de brasileiros pensantes, mandem esses 'doutrinadores' à PQP.