quinta-feira, dezembro 03, 2009

Rupert Murdoch: "O bom jornalismo é uma commodity cara"


Na blogosfera, até ontem, o acesso a informação jornalistica era gratuito. É sempre a mesma choradeira quando frente a crise o dinheiro escapa do bolso dos poderosos.Discutir as diversas razões do problema por que passa o sistema de comunicação vem sendo assunto tratado em profundidade por jornalistas serios e comprometidos eticamente com a atividade que desempenham.Empresarios,na sua grande maioria,passam ao largo das inumeras questões que a provocaram e focam na sangria financeira,se distanciando gradativamente de uma solução compativel com a dinamica da informação nos dias atuais.A urgencia de solução economica é compreensivel,contudo, é uma ilusão acreditar que os sites de busca são os motores da crise que atravanca o retorno de leitores e anunciantes aos jornais e revistas. O fato é que, diante das múltiplas possibilidades de acesso à informação hoje disponiveis,as grandes empresas foram encurraladas entre a reinvenção e a recessão.Não me agrada a ideia de que a crise leve a gradual demissão de bons profissionais e a extinção de jornais e revistas.Porém,também não sou simpatico a tendencia de sempre se achar um “diabo” responsavel pelo problema. O diabo da vez se chama Google. Imaginem uma mesa repleta de “anjinhos” gestores das megas empresas de comunicação vociferando para espantar o demônio de suas contabilidades. Depois de muitas noites sem dormir,o papa Murdoch chegou a conclusão que mesmo a união das grandes empresas jornalísticas enfrentaria dificuldades para encurralar o Google e desviar o interesse dos internautas para "o bom jornalismo".Um fato incontestavel é que muitos internautas optaram por novos recursos de acesso a informação porque ja estavam esgotados de pagar por um enorme volume de papel impresso com publicidade só para lerem as noticias do dia.Todavia,para Murdoch, o maior produtor de commodity jornalística do mundo, a crise é culpa do Google.Para dar uma dimensão mais ampla a sua cruzada Murdoch se aliou ao arquiinimigo do Google: Bill Gates. Ora, não é novidade para ninguém que a Microsoft há muito deseja reduzir a expansão do Google. Bing, o “site de busca” da Microsoft, mesmo com todo dinheiro investido, não consegue sair da posição de “site perdido”. Elevar o Bing a posição de concorrente do Google é um dos sonhos de Gates. Não creio que a Microsoft se interesse como Murdoch, em proteger a commodity jornalística. Se o Bing estivesse em posição confortável estaria lutando com todos os argumentos contra imposições dos meios tradicionais de comunicação a limitação do livre transito de informações na internet. Ainda que o assunto seja polemico, o Google resolveu encurtar a discussão aceitando que as empresas jornalísticas que trabalham com conteúdo pago limitem o número de artigos gratuitos que poderão ser acessados por internautas utilizando sua ferramenta de busca. A concessão segue diversas críticas de empresas de mídia em relação às práticas do Google - principalmente a News Corp, de Rupert Murdoch - que argumenta que o gigante da internet lucra dando acesso a sites de notícias. Josh Cohen diretor de produtos do Google disse que a companhia atualizou seu programa "Primeiro Clique Grátis" (First Click Free) para que editores possam limitar o acesso a seus artigos a não mais de cinco por dia. Após esse número, o usuário precisaria se registrar ou pagar uma assinatura pelo produto. "Se você é um usuário do Google, pode ser que comece a ver páginas de registro quando clicar mais de cinco vezes nos artigos de um mesmo site de notícias que usa o "Primeiro Clique Grátis", disse Cohen.O Google News é um serviço que agrega notícias da maioria dos sites jornalísticos do mundo, permitindo uma busca rápida e objetiva. O site fornece títulos e resumos das notícias, com links para o conteúdo original. Vencido essa etapa e alegre da vida Murdoch disse que as empresas deveriam cobrar por conteúdo e proibir agregadores de notícias como o Google de "se alimentar dos duros esforços e investimentos alheios". Espero,porém não creio, que essas providencias salvem as empresas jornalísticas da crise que vivenciam.