clipe- imagens coletadas na internet - setembro 2010
Criado e editado por Adriano de Aquino
Musica - Down - Cinematic Orchestra
Ela - Surfar, alegre e solto, nos fluxos da blogosfera é tão agradável quanto temerário. Ao atravessar o portal desse novo mundo o navegante deve redobrar a atenção para não tropeçar em ardis. Os velhos artifícios matreiros se alastram por entre os cursos da realidade virtual. A universalização dos meios tecnológicos de comunicação interpessoal está mudando muita coisa, isso é certo, contudo, a mudança de mentalidade ocorre num ritmo lento demais. Falam muito na revolução do terceiro milênio. De fato existe, porém, seu epicentro é o conhecimento e o domínio técnico, não o comportamento individual. Se a característica marcante das revoluções sociais é a rapidez com que viram o poder pelo avesso, na tecnologia o que vira pelo avesso é o bolso do consumidor e sua habilidade em manipular códigos. Observe as causas humanitárias que mobilizam milhares de pessoas nas redes sociais. Repare na quantidade de manifestos virtuais contra a manipulação política e as injustiças contra as minorias. Manifestos se alastram na rede para logo se tornarem assuntos secundários. Por quê? Porque a indignação tem data de validade? Não, nada disso! Ocorre que um novo lançamento tecnológico atrai todas as atenções. Ontem foi anunciado a entrada no mercado do iPad. Os veículos da grande imprensa se adaptam imediatamente, Suas edições se adéquam a nova plataforma e o navegante entra na fila para comprar o novo produto. Durante uma semana ele vai se concentrar em aprender a utilizá-lo. Quando souber operar alguns componentes do sistema poderá assistir e interagir, em cores mais nítidas e em qualquer lugar do planeta, com as manchetes sensacionalistas de sempre, as cruéis fotos de combate, os aviltantes apedrejamentos de mulheres islâmicas e muito mais - em imagens mais nítidas que nunca. Mal se ajustou a nova ferramenta, no mês seguinte um concorrente lança outro produto, mais versátil, leve, dinâmico e barato. Diante dessa parafernália me pergunto: o que esses prodígios tecnicistas têm contribuído para a mudança de mentalidade, quer dizer, para a mudança do homem? Será que mais habilitado tecnologicamente o homem se tornará mais humano?
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Ele -Ora, minha amiga. Entendo o prodígio cibernético de outra maneira. Sou um sujeito lúdico, fã das infos. Minhas maiores preocupações são de natureza afetiva. Gosto e isso me basta! Não gosto e de pronto deleto. Lixo-me para política e para economia. A tecnologia da informação é para mim apenas um jogo, assim como a arte e a cultura contemporânea. Ao iniciar uma navegação vou direto até meu canal no You Tube seleciono algumas músicas, míniminizo a pagina, e saio navegando acompanhado por uma boa trilha sonora. Visito as redes sociais, os sites e os jornais mundo afora. Faço um vôo rasante e pego as mensagens do dia na minha caixa postal. Leio-as enquanto passeio por paisagens fantásticas. Vou até a Antártida e em um segundo estou de volta aos trópicos para logo em seguida partir em direção ao Afeganistão a tempo de assistir o último combate entre tropas americanas e talibãs. Não demoro muito nessa paisagem inóspita. Em milésimos de segundos estou assistindo a um desfile fashion nas passarelas parisienses. Vez por outra abro um post onde um artista visual fala da profunda inspiração que o motivou a tatuar porcos com ícones mais populares do mercado da moda. Ainda que sejam de leitura intragável, leio os artigos dos cientistas da criatividade - titulo que substituiu as nominações da Era Analógica para críticos de arte, curadores e membros da academia de artes - os manifestos políticos, os poemas e as escritas flutuam à minha frente, os apanho em vôo. Não há nada mais delicioso que saltar de nó em nó nessa rede invisível. Lembra-me o jogo da amarelinha. Quem não se recorda da delicia de saltitar no interior dos quadrados, apanhar a pedra, ir até o Céu e depois voltar saltitando até a Terra de novo.