domingo, agosto 12, 2012

O PROPÓSITO OCULTO DO ÓBVIO ULULANTE.

Adriano de Aquino
agosto de 2012


Estudiosos consideram a manipulação o pólo negativo da conscientização. Pelos parametros básicos das relações sociais a pessoa é ‘sujeito’ e como tal deve ser tratada.Entretanto, a pessoa, no âmbito das sociedades organizadas, orientadas para o consumo e submetidas a propaganda, é passível de ser convertida em ‘objeto’. Este é um risco permanente que afeta com maior vigor as pessoas desprovidas de uma dimensão critica e seletiva, tornando-as vulneráveis aos estímulos gerados pelos meios de comunicação,difusão e propaganda e, facilmente arrebatadas pela demagogia política . A manipulação alcança maior exito quando o manipulador descarta tudo o que é raciocínio crítico do individuo. Via de regra, o homem sem o auxílio da crítica fica desprotegido e não consegue perceber quando é apanhado no jogo do manipulador.Assim como não percebe a combinação química dos alimentos e produtos que ingere, engole toda a substancia oferecida. Isso porque os estímulos da manipulação são percebidos de forma inconsciente; por meio dum arranjo hábil que permanece oculto à consciência,criando uma espécie de falsa consciência e, a partir dela, a vítima das práticas da manipulação ilude-se de que tomou uma decisão racional, fez uma escolha por conta própria e por plena consciência,digamos. Aproveitando-se de forma irresponsável de uma disposição fundamental do homem e da sua interdependência com o grupo social com o qual se identifica, o sistema encontra resposta na paralisia da capacidade de objetivação e distanciamento do sujeito,suprimindo a liberdade de escolha criteriosa.
‘De fato, a manipulação deve ser considerada como a mais desumana de todas as formas de opressão.’
Mas,nem a mais cruel ou dissimulada opressão consegue obliterar o senso crítico de todos os indivíduos ao mesmo tempo. 
No plano cultural, mesmo em tempos de explosão consumista como o que agora vivemos, pressionados pelos estímulos da mídia e da propaganda direcionada para o consumo de itens destacados no menu dos espetáculos,da glória das celebridades e da arte consagrada pelo primado dos indicadores mercantis, persiste a resistência  contra a submissão do indivíduo. A resistência crítica é algo que nem mesmo o poder totalitário e a impregnação maciça e sistemática  da propaganda dissipa por completo.Pensadores e indivíduos munidos de uma visão crítica sobre os fatos do mundo e comprometidos com a liberdade de pensamento e expressão, tangenciam o poder dominante e subvertem os ditames da hierarquização cultural ‘manipulada’ por uma suposta imparcialidade da informação .
No plano político, a  democracia só exerce seu papel mais relevante quando o poder constituído cumpre corretamente suas funções, não extrapolando o uso da maquina pública, não discriminando a opinião contrária em beneficio dos aliados,respeitando os deveres constitucionais e se abrindo ao diálogo com a sociedade .Quando isso não ocorre e o poder constituido tenta ocultar,mentir e silenciar os escândalos  pela barganha econômica, negociatas, ameaça à livre expressão, manipulando os meios de comunicação,promovendo ações coercivas dos agentes do poder contra o cidadão e incentivando sua militância  a  praticas agresivas contra os opositores o que temos é um simulacro de democracia e, em casos mais obtusos, uma ditadura.

Posfácio: "A essência da propaganda é ganhar as pessoas para uma ideia de forma tão sincera, com tal vitalidade que, no final, elas sucumbam a essa ideia completamente, de modo a nunca mais escaparem dela"(...) "A propaganda quer impregnar as pessoas com suas ideias. É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser influenciados por tal propósito nem o percebam." (Joseph Goebbels)