segunda-feira, agosto 20, 2012

Demagogia fotogênica



Adriano de Aquino


Liberdade de expressão, livre imprensa e segurança para o exercício profissional dos jornalistas são itens determinantes da qualidade de vida de um país. Não é mera coincidência que países que as garantem e resguardam ocupam o topo da lista da qualidade de vida das nações. A organização Repórteres Sem Fronteiras tem uma lista diferente e bastante especifica. Nela a organização define a linha que separa os países que dão garantias à livre expressão do pensamento e condições seguras ao exercício profissional dos jornalistas e órgãos de imprensa daqueles países onde a informação e a comunicação são controladas pelo estado.  Pra evitar descer em direção ao inferno eu prefiro checar a lista de baixo pra cima, assim me afasto gradativamente do calor escaldante do inferno.No índice de liberdade de imprensa 2011/2012 a Síria, Bahrein e Iêmen obtém os  piores rankings de sempre,porém,cabe  a Eritreia (179) a liderança contra a liberdade de expressão, seguida da Coreia do Norte (178) Turcomenistão  (177)Síria(176)Iran(175)China(174) Sudão(170)Bielorússia(168)Cuba(167) Colômbia(143)Rússia(142) Zimbábue, Venezuela, Omã, Fiji, Camboja(117) Peru(115) Bolívia(108) Equador(104) Brasil(99) Paraguai,Chile(80) Argentina,EUA, Romênia(47). A lista é  encabeçada pelos ‘top 10’ – Canadá(10) Cabo Verde (9)Suíça(8)Islândia,Luxemburgo(6)Áustria(5)Estônia,Holanda(3)Noruega(2) Finlândia(1)

RSF:"Este ano, o índice revela muitas mudanças nos rankings, mudanças que refletem um ano que foi incrivelmente rica em acontecimentos, especialmente no mundo árabe," Repórteres sem Fronteiras disse hoje como divulgou seu índice de liberdade de imprensa anual 10. "Muitos meios pagaram caro pela  cobertura das aspirações democráticas ou movimentos da oposição. Controle de notícias e informações continuaram a tentar os governos como condição de sobrevivência para os regimes totalitários e repressivos. O ano passado também destacou o papel de liderança desempenhado por internautas na produção e divulgação de notícias."Crackdown foi a palavra do ano em 2011. Nunca a liberdade de informação foi tão intimamente associada com a democracia. Nunca os jornalistas, através de seus relatórios, afligiram tanto os inimigos da liberdade. Nunca atos de censura e ataques físicos contra jornalistas foram  tão numerosas. A equação é simples: a ausência ou supressão de liberdades civis leva necessariamente à supressão da liberdade de imprensa. Ditaduras medo e proibição de informações, especialmente quando se pode prejudicá-las.”

Diante dos fatos a situação do Assange me desperta algumas questões. Se nos basearmos na lista do RSF, o Equador não seria uma perspectiva lógica para o exílio de um militante como o Assange que esmiúça e difunde na web as frestas e os ardis da maquina de guerra norte americana. O Equador tem um lote considerável de ‘arquivos confidenciais’  que assanhariam o espírito libertário de um sujeito como o Assange. Impossível se refugiar no Equador e fingir desconhecer o modo operante do governo de silenciar a oposição. A Diretoria Nacional do MPD que se define uma organização de esquerda que luta pela vigência dos direitos humanos e as liberdades públicas, declarou a favor do direito de asilo a Julian Assange, mas na oportunidade denunciou o duplo discurso do governo de Correa e exigindo a liberdade imediata dos presos políticos encarcerados pelo governo e a cessação da perseguição para os mais 300 enclausurados por sabotagem e terrorismo.A oposição equatoriana em nada parece com o PSDB. Há pouco as autoridades do Equador apreenderam computadores e mobiliários da revista Vanguardia por criticar o governo por supostos descumprimentos trabalhistas que chegam a US$ 20,8 mil (cerca de R$ 42,2 mil).Membros do Ministério das Relações Trabalhistas e da polícia chegaram à sede da revista ontem por volta das 15h locais (17h no horário de Brasília) e retiraram os equipamentos do escritório.Durante a ação, um assessor jurídico do veículo também foi preso. De acordo com funcionários da publicação, a operação aconteceu de forma violenta. O editor da Vanguardia, Iván Flores, afirmou que eles foram notificados da ação no mesmo dia da intervenção e que teriam três dias para resolver o problema trabalhista, mas que acabaram tendo apenas três horas. É a terceira vez que a revista perde seus computadores, a primeira foi em suposto roubo e a segunda por violação de um contrato de locação com o Estado.
Pouco tempo atrás um site do PC local informou que  dez jovens equatorianos, entre trabalhadores e estudantes foram presos em Quito no dia 3 de março em meio a uma Marcha pela Água, Vida e Dignidade dos Povos. Até hoje não foram libertados e sofrem processos de atentado a segurança do Estado. Os países do Unasul também não se destacam como zonas onde a liberdade de expressão é uma garantia para os jornalistas, blogueiros e  imprensa. É inegável que o Brasil deu um grande passo nesse campo, porém, a ameaça e a violência são constantes no cotidiano do cidadão brasileiro. Como separar a atividade de um repórter ou blogueiro do dia a dia do cidadão que vive num país onde a violência atingiu índices comparáveis aos dos países em guerra civil. A violência no campo e nas cidades, não apenas no Brasil, em toda a America Latina, é crescente e assustadora. É muita ingenuidade imaginar que tal circunstancia não reflete na atividade de um repórter,jornalista ou blogueiro.

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