quarta-feira, setembro 14, 2016

Dois jardins e uma pintura





Parece um paradoxo,entretanto,um elevado grau de ateísmo me permite gozar sensações ‘divinas’.
Como adepto desta corrente ‘espiritual’-mais um paradoxo- sigo as recomendações dos meus sentidos. Desta forma,meu medo de errar,duvidar,aceitar e recusar se converteu em estímulo à reflexão. Ha poucas coisas no mundo que a superam em alegria. Por se tratar de  uma sensação indescritível,seria ridículo tentar descreve-la.
Porém, anoto que o ‘aqui e agora’ é o antidoto que dissolve toda crença. Tanto as sólidas e poderosas crenças materialistas como a da inspiração - uma ilusão fundada na pretensão do homem que atribui a criação do Universo a uma inspiração de deus.
Vamos ao que interessa:o motivo da minha comemoração. A alegria!
A criação é um ciclo ininterrupto da alegria.
Nesse sentido,o processo criativo acontece no jardim do sagrado(mais um paradoxo).
Uma pintura é sempre  processo. Ela não se encerra no atelie. 
Muito menos com a obra pendurada numa galeria, na parede de um colecionador ou no catalogo dos museus.
Como um jardim zen, com seu processo efêmero, mutável e ininterrupto, a criação artística, não submetida às técnicas rasantes da comunicação,do marketing cultural e do gosto dominante,se estende no tempo. 
As obras resultantes desses momentos são manifestações da alegria.



Adriano de Aquino*
Diptych 2012
40 cm x 80 cm
P U on aluminum and acrylic
Property Beatriz Verschoore / Oscar Cuzzani  
San Francisco/California