Arsène Housset(nome
de nascimento),Alfred
Mousse(pseudônimo),era a dupla de nomes que se agregava a face do escritor
francês Arsène Houssaye (1814/ 1896).Além da frenética disposição para
escrever sobre os mais variados temas, Houssaye teve muita influencia no meio cultural quando
em 1843 dirigiu a revista L’artiste,aberta a jovens escritores como Charles Baudelaire, Theodore
Bainville, Henri Murger Monselet entre outros.
Também colaborou com outras duas publicações como La Revue des Deux Mondes e Revue de Paris.Nos anos finais da decada de 70,durante minha residencia em Paris,me caiu nas mãos um dos seus livros mais famosos“História da quadragésima primeira cadeira da Academia” (1845).Fui atraído pelo tema desse livro que tocava, de maneira curiosa, sobre as “escolhas” da cultura que elegem, sem que saibamos exatamente os motivos,as obras,artistas e autores que se consolidam como modelos de uma época e ícones da sociedade.O livro toca de raspão no enigma da hierarquização dos modelos estéticos pela cultura dominante.Nesse livro Arsène Houssaye criou discursos de ‘aceitação’ imaginários de grandes escritores que nunca pertenceram à Academia Francesa. A ideia de publicar discursos imaginários feitos por escritores não reconhecidos pelo mérito acadêmico, me pareceu uma maneira irônica de decretar uma ruptura com os cânones conservadores que definiam os parâmetros artísticos da época e um passo arrojado que precedeu as atitudes dos artistas mais radicais da modernidade.
Mais intrigante ainda foi a decisão de Houssaye de jamais tentar negociar politicamente - teria dinheiro e prestigio para isso- ou mesmo aplicar-se para Academia Francesa.Vale dizer que para Houssaye a Academia Francesa era o motor da ascensão de figuras de proa da cultura e lugar de consagração dos literatos.São inúmeras as suposições sobre a repulsa de Arsène à instituição.Hoje,esse velho modo de louvor literário foi superado.As academias não mais influenciam a politica cultural,ao contrario são influenciadas pelas circunstancias do poder politico.Nos dias correntes a consagração social de um artista é forjada pelo mercado de arte,a industria editorial,instituições publicas e privadas e pelos veículos de comunicação.As Academias se tornaram emblemas opacos de um passado glorioso da corporação dos escritores e refúgios seguros para a velhice.Mais curioso ainda é que a postura arrojada do Houssaye no tocante a “institucionalização” da arte e na contramão do sistema, se contrapõem a sua atitude conservadora ao vetar a publicação no La Presse(1862) dos poemas em prosa “Paris Spleen” de Baudelaire a ele dedicados,sob o argumento de que os poemas, em sua opinião, chocariam os leitores.Ele atrasou a publicação por todos os meios, afetando severamente Charles Baudelaire que sofria da falta cronica de dinheiro.
Também colaborou com outras duas publicações como La Revue des Deux Mondes e Revue de Paris.Nos anos finais da decada de 70,durante minha residencia em Paris,me caiu nas mãos um dos seus livros mais famosos“História da quadragésima primeira cadeira da Academia” (1845).Fui atraído pelo tema desse livro que tocava, de maneira curiosa, sobre as “escolhas” da cultura que elegem, sem que saibamos exatamente os motivos,as obras,artistas e autores que se consolidam como modelos de uma época e ícones da sociedade.O livro toca de raspão no enigma da hierarquização dos modelos estéticos pela cultura dominante.Nesse livro Arsène Houssaye criou discursos de ‘aceitação’ imaginários de grandes escritores que nunca pertenceram à Academia Francesa. A ideia de publicar discursos imaginários feitos por escritores não reconhecidos pelo mérito acadêmico, me pareceu uma maneira irônica de decretar uma ruptura com os cânones conservadores que definiam os parâmetros artísticos da época e um passo arrojado que precedeu as atitudes dos artistas mais radicais da modernidade.
Mais intrigante ainda foi a decisão de Houssaye de jamais tentar negociar politicamente - teria dinheiro e prestigio para isso- ou mesmo aplicar-se para Academia Francesa.Vale dizer que para Houssaye a Academia Francesa era o motor da ascensão de figuras de proa da cultura e lugar de consagração dos literatos.São inúmeras as suposições sobre a repulsa de Arsène à instituição.Hoje,esse velho modo de louvor literário foi superado.As academias não mais influenciam a politica cultural,ao contrario são influenciadas pelas circunstancias do poder politico.Nos dias correntes a consagração social de um artista é forjada pelo mercado de arte,a industria editorial,instituições publicas e privadas e pelos veículos de comunicação.As Academias se tornaram emblemas opacos de um passado glorioso da corporação dos escritores e refúgios seguros para a velhice.Mais curioso ainda é que a postura arrojada do Houssaye no tocante a “institucionalização” da arte e na contramão do sistema, se contrapõem a sua atitude conservadora ao vetar a publicação no La Presse(1862) dos poemas em prosa “Paris Spleen” de Baudelaire a ele dedicados,sob o argumento de que os poemas, em sua opinião, chocariam os leitores.Ele atrasou a publicação por todos os meios, afetando severamente Charles Baudelaire que sofria da falta cronica de dinheiro.
Pois
bem, a obra de Baudelaire segue pulsando na longa travessia do tempo,enquanto Houssaye desfrutava do seu ostracismo.Quer dizer,até semana passada, quando o New York Times
publicou uma matéria em que Houssaye reaparece na cena cultural por motivos
paralelos a sua obra literária e,de certa forma, inusitado,enquanto objeto cultural.Um romance ou tese a ele atribuído intitulado “Dos
Destinos da Alma”,acervo da Houghton Biblioteca,vem,
desde abril deste ano, fascinando os
pesquisadores da instituição.Uma nota manuscrita na publicação declara que o
livro foi encadernado com a pele tirada das costas de uma mulher. Uma vez que,segundo
o manuscrito,"um livro sobre a alma humana merecia ter uma cobertura humana”.Comprovada cientificamente como real, resta saber quem fez a “criação” e a quem
pertencia a pele que reveste a publicação. Se Houssaye
dormia sossegadamente nas baias do esquecimento, esta semana foi subitamente despertado do sono e hoje se
sujeita a duas especulações.A primeira é se foi o próprio autor quem determinou
a edição de um exemplar tão enigmático
onde a pele que nos protege e nos contata ao
mundo foi extraída de uma pessoa e aplicada no exemplar .A outra é se a concepção foi feita pelo doador do livro que 1934 passou a
integrar o acervo da biblioteca.