A
única versão de O Grito de Edward Munch que ainda estava em
mãos privadas,mais um desenho preparatório de Paul Cézanne para a pintura Os
Jogadores de Cartas e importantes obras de Mark Rothko, Francis Bacon
e Andy Warhol são as estrelas da noite de leilões da primavera em Nova York (os leilões de
outono e inverno prometem ainda mais frizon no ambiente artístico)
"Ainda ha vida, peônias brancas" de Edouard
Manet ,alcançou ontem no leilão de Christie de Nova York a soma de US $ 17 milhões cada uma (mais de 13 milhões
de euros).Um estudo de Cézanne, segundo um expert, 'redescoberto'(sic)este ano, será o must da temporada .Antes da 'redescoberta' e desde 1953 essa obra estava nas mãos de um colecionador do Texas.O mundo da 'arte' estava desolado pois acreditava-se ser quase impossível obter 'mais valia' com uma das poucas obras do mestre francês que ainda restava disponível para operações mercantis. Quer dizer, o colecionador texano não estava nem um pouco desolado.Além de usufruir da obra todos esses anos agora deve estar morrendo de rir. Será esse esboço, feito em azul e ocre,cuidadosamente preservado, alvo de especulações milionárias? Para Brooke Lampley, diretor de vendas da casa de leilões, essa obra: "marca uma virada na pintura de Cézanne, revelando o processo artístico que redefiniu o posicionamento dos personagens da sua obra-prima." Como podem notar um expert em vendas bem treinado dispensa qualquer avaliação histórica ou mesmo uma critica mais aprofundada sobre a posterior escolha do Cezane para a finalização da sua pintura "Os Jogadores de Cartas".
Bem, deixa pra lá.
Afinal, algumas obras desse milionário leilão primaveril agitaram seu tempo e contribuíram para promover uma revolução estética. Hoje,se inserem como atrativos no promissor ciclo financeiro do mercado de arte.
Nos
dias atuais, goste você ou não, as coisas funcionam assim.
Esse troço de contestar a excessiva monetização de tudo tornou-se um traço inerente às personalidades rancorosas.
O sujeito - se é que essa singularidade tem algum sentido num mundo submetido à diversidade subvencionada por terceiros-contestador e que criticamente se contrapõe a manipulação da informação e aos indicadores socioeconômicos difundidos pelos meios formais de comunicação, é um solitário. Solidão prospectiva e contestatória não é páreo para os ícones da contemporaneidade.Proteste em grupo! De preferencia no meio da multidão.
Esse troço de contestar a excessiva monetização de tudo tornou-se um traço inerente às personalidades rancorosas.
O sujeito - se é que essa singularidade tem algum sentido num mundo submetido à diversidade subvencionada por terceiros-contestador e que criticamente se contrapõe a manipulação da informação e aos indicadores socioeconômicos difundidos pelos meios formais de comunicação, é um solitário. Solidão prospectiva e contestatória não é páreo para os ícones da contemporaneidade.Proteste em grupo! De preferencia no meio da multidão.
Damien
Hirst, um sucesso incontestável do movimento estético 'arte/negócio' entendeu
isso quando era adolescente. Desde então ele se posiciona no centro das novas
propostas estéticas que ostentam sucesso financeiro sem precedentes na historia
da arte ou, se preferirem, nas agendas mais ricas do mercado da arte.
As
instituições culturais também despertaram para esse 'novo tempo.'
Vejam
isso:
O
Museu de Arte Contemporânea da Austrália reabriu as portas em 29 de março após
estar fechado por 18 meses. Agora, após 56 milhões dólares em investimento, o
Museu abriu suas portas com excitantes novidades.
A
instituição convidou o artista conceitual Stuart Ringholt (40)apontado
pelo jornal australiano The Age como um dos Top 10 da Austrália, para 'criar'
um troço que estimulasse as pessoas a irem ao museu.Sabedor de que a arte pela
arte já não leva ninguém a sair de casa, Stuart criou uma modalidade de
visitação especial: todo mundo nu (menos os funcionários do museu).
"Quem
está nervoso?"
Com
essa pergunta Ringholt deu inicio ao percurso guiado da exposição.
Num dado momento, motivado pela excitação dos visitantes, o artista bradou:
"Gente!
Isso é muito bonito. Somos extremamente sexualizados por nossas roupas. Sem elas,
somos naturais."
O
ápice da atração de Ringholt foi quando ele anunciou que um casal de funcionários
do MCA,devidamente vestidos, os acompanharia por todo o percurso.
-"Gente,
explicou o artista, por razões de segurança os guardas permanecerão
vestidos".Mas,acrescentou: "se eles tiverem que fazer o passeio por dois dias seguidos é possível que
tirem suas roupas no segundo dia,.Senão eles se sentirão muito
desconfortáveis estando vestidos em torno de tanta carne humana em
natura."
Ele
se desculpou pelas câmeras de segurança, brincando que "a gravação será
mantida por três meses, para o gozo do pessoal da segurança."
Assim,
32 homens e 16 mulheres participaram de um momento único propiciado pelo
talento de Ringholt que revelou na ocasião que a sua ansiedade tinha diminuído.
A maioria dos visitantes concordou.Estavam todos mais tranquilos.
O
passeio terminou com um copo de vinho espumante na esplanada do museu com vista
para o Sydney Opera House. Perguntado se ele tinha algum plano para levar suas
excursões para museus no exterior, como o Metropolitan de Nova York, Ringholt mostrou-se
animado. -Quem sabe? Perguntou o artista
Tracey,
uma das participantes da experiencia,não quis revelar seu sobrenome. Entretanto,ela disse que trabalha para
"uma organização cristã" e que o que viu nesse percurso "não tinha
a arte como foco."
Então
é isso; falar de arte nos dias atuais é não ter a arte como foco.