segunda-feira, outubro 16, 2006

Critica:O Novo Coletivismo On-line

Esse post reproduz parte do ensaio intitulado MAOISMO DIGITAL: Os perigos do novo Coletivismo on-line de autoria de Jaron Lanier www.well.com/~jaron sobre o qual anexei alguns comentários.
Num trecho do ensaio Jaron diz: "...testemunhamos a ascensão alarmante do mito do coletivo infalível. Várias organizações da elite se colocaram aos pés dessa ideia, inspirados pela ascensão do Wikipedia, pela riqueza de Google e pelas arremetidas milionárias dos empreendedores dos negócios virtuais. Foram as agências de governo, os departamentos superiores de planejamento incorporado e as universidades que deram inicio a esse erro."

Sabemos que muitos achados coletivos podem ser tão bobos ou ameaçadores  quanto algumas invenções individuais. 
Além do mais, é um problema adicional dispensável tentar definir qual dos dois procedimentos é o mais sábio.

Hoje em dia somos compelidos a deslizar sobre uma grande onda coletivista.
Na internet esse fenômeno vem direcionando as buscas para o Wikipédia e outros sítios coletivos semelhantes.

Outrora buscávamos subsídios de forma diversificada.
Hoje, a expansão dos nichos que agregam informações anônimas, resultante de uma cultura que visa resultados imediatos, dispensa o aprofundamento em temas, despreza compromissos com as ideias e com o trabalho dedicado e se destaca como uma força do saber coletivo. 

A critica de Jaron expõe com clareza algumas variantes do método. O que nos revela é inquietante.
Para aqueles que como eu consideram os anti-spans e outros procedimentos que autorizam terceiros o bloqueio de mensagens como um fator limitador do vasto horizonte navegável da Internet é possível duvidar da correção dos tópicos editados no Wikipédia. Diante desse quadro não é um disparate fazer uma analogia com temor medieval pela vastidão dos oceanos mal assombrados que entranhava a mentalidade dominante da época.
Essa analogia é uma espécie de alerta contra o mito de um infalível saber coletivo. 
Já falei muito sobre uma nova cartografia que redefine as fronteiras de convívio para as elites cosmopolitas internacionais, que buscam aventuras em paisagens exóticas domesticadas e adaptadas nos parques temáticos que se espalham pelas regiões do planeta e que desprezam a riqueza das falas e culturas locais que, no fundo, revelam uma outra face do mesmo problema.
Essa nova onda coletivista afogou as artes, o pensamento e vem submetendo as projeções estratégicas contemporâneas dos mais diferentes setores.

Uma onda de criação coletiva voltou a excitar o ambiente artístico contemporâneo e trabalhos dessa corrente tem aparecido em muitas mostras internacionais de arte. 
Isso é mais uma das pontas do mesmo artifício. 
A complexidade dos elementos em jogo: estética, sociologismos, sobreposição de camadas desconexas de formas e códigos e a relação dessa produção com o mercado de arte me obrigam a dedicar um exame especifico sobre o assunto que será apresentado brevemente nesse HiperBlog
As partes do ensaio de Jaron. que escolhi(quase todo) expõe a extensão desse tsunami nos planos tecnológico, econômico e cultural.
Quem quiser ter acesso a integra do texto deve consultar o link do autor que colei nas primeiras linhas desse post.
Quem se interessar em dar os primeiros passos pode ir adiante com as palavras do próprio Jaron. 

Num trecho ele nos diz : "..a beleza da Internet está em conectar pessoas reais e seu valor está na troca entre elas. Se nós acreditarmos que a Internet é em si própria uma entidade que tem algo a dizer nós estaremos desvalorizando as pessoas e nos tornando idiotas."

Ao indagar por que o Wikipedia -fetiche do coletivismo on line -foi velozmente elevado ao nível de referência contemporânea, ele nos alerta para o brilho das armadilhas que podem capturar e usurpar o talento dos indivíduos, submete-los a clonagens e difundir erros ou aspectos palatáveis de um texto, extraindo a substancia autoral de uma obra literária, sem que ninguém se responsabilize por isso. 
Jaron descreve seu caso particular como um exemplo.
Ele reconhece como verdadeiro "... ter realizado um filme curta metragem experimental há aproximadamente uma década e meia atrás."
Contudo, segundo suas palavras:."..Era uma experiência baseada num conceito terrível. Eu imaginei Maya Deren agindo com mofina www.myspace.com/mayaderen. Esse filme foi mostrado uma vez em um festival, nunca foi distribuído e acho que seria mais confortável que ninguém mais o visse. 
No mundo real é fácil não ser cineasta, basta não realizar filmes.
Ocorre que mesmo tendo me restringido a uma película, o universo alternativo que é a Wikipedia insiste em me apresentar como cineasta.
Cada vez que corrijo minha entrada na Wikipedia eliminando esse dado dispensável de minha biografia, 24 horas depois ressurge alguém repondo essa informação e me tornando um diretor de cinema outra vez. 
Eu não posso pensar numa punição mais apropriada do que a Wikipedia me impõe por ter realizado esse velho filme. Somente essa semana repórteres me perguntaram duas vezes sobre minha carreira de cineasta. É possível que as pessoas que colam esses erros em minha Wikipedia bio (pelo menos antes da publicação deste artigo) pensem que estão me lisonjeando.

À medida que se impõe a sabedoria do coletivo:"... Ler uma entrada de Wikipedia é como a ler uma próxima bíblia. Os fracos traços das vozes dos vários autores e editores anônimos, embora dedicados, elevam a perspectivas de erros. 
Em meu caso particular, parece que os 'goblins' são provavelmente membros ou descendentes da velha cultura do Mondo 2000 que ligam a experimentação psicodélica aos computadores.
Eles parecem dar grande importância em relacionar minhas ideias àquelas de algumas celebridades psicodélicas. 
Editam espontânea e gratuitamente como similares coisas em tudo diferentes das ideias impares da subcultura. 
Isto só faz sentido se imaginarmos quem se ofereceria para pagar por tal dedicação e o porque de todo esse trabalho?

"...O Wikipedia é apenas uma experiência que ainda tem muito a mudar e crescer. É fato que quando revela o que as pessoas on line estão pensando carrega informações interessantes.Esse ensaio não é sobre o Wikipedia em si, ele pretende levantar o problema de como ele vem sendo usado e como foi subitamente distinguido por um elevado status.Apresentando como uma forma de coletivismo on line, que não é nada mais nada menos que o ressurgimento da velha idéia que o coletivo é sábio, o Wikipedia revela uma concentrada influência em um acesso que canaliza o coletivo e se apresenta como uma força da maioria. Isto é em tudo diferente da democracia representativa ou da meritocracia. Esta idéia não é nova e já teve conseqüências terríveis quando empurrada em cima de nós em vários períodos históricos. O fato novo é que agora sua re-introdução é movida por tecnologistas e futuristas proeminentes, pessoas que em muitos casos conheço, o que não torna o problema menos perigoso. Um estudo publicado no ano passado compara a exatidão do Wikipedia à Enciclopédia Britânica. A lentidão dos resultados desse estudo vem adiando um debate sobre sua validez. Os artigos selecionados para a comparação foram escolhidos à sorte.Dessa forma coube a Wikipedia tópicos da ciência sobre os quais o coletivo não se importa muito. “O Efeito Cinético do Isotope” ou “Vesalius-Andreas” são exemplos dos tópicos que fazem a Britânica dar duro para encontrar os autores certos para pesquisar e rever contradições de grandes volumes de tópicos diversos.Para Wikipedia esses são tópicos perfeitos. Nela há pouca controvérsia em torno desses artigos porque a rede fornece o acesso pronto a um número razoavelmente pequeno de estudantes competentes, graduados e especialistas, imbuídos da maníaca motivação da juventude.Uma opinião do núcleo do mundo do wiki é que o que os problemas que existem no wiki serão corrigidos e incrementados através do processo unfold (aberto). Isto é um processo análogo às reivindicações dos Hyper-Libertarians que põem fé infinita em um mercado livre, ou dos Hyper-Lefties que de algum modo torcem pelo sucesso dos processos de tomada de decisão por consenso. Em todos estes casos, parece-me que a evidência empírica rendeu resultados difusos. As atividades coletivas às vezes frouxamente estruturadas podem render melhorias contínuas, porém, maior parte das vezes não.Ocorre que não viveremos o suficiente para comprova-las.Primeiramente, é importante não perder de vista os valores apenas porque a pergunta sobre a sabedoria coletiva é muito fascinante.A exatidão de um texto não é o bastante. Um texto desejável é mais do que uma coleção de referências exatas. É também uma expressão da personalidade.Por exemplo, a maioria da informação técnica ou científica que está no Wikipedia já estava na correia fotorreceptora antes que o Wikipedia tivesse nascido.Usando o Google ou outros serviços de busca podíamos encontrar a informação sobre os artigos que são agora wikified. Em alguns casos observei que textos específicos do Wikipedia foram clonados dos locais originais em universidades ou em laboratórios.Quando isso acontece o texto perde parte de seu valor. Desde que os motores de busca começaram a apontar versões wikified, a correia fotorreceptora perdeu muito de seu sabor que surgia através do uso ocasional.Quando você vê o contexto em que algo foi escrito e reconhece traços do autor não apenas pelo nome, você aprende mais do que quando encontra o mesmo texto colocado de forma anônima, embasado por falsa autoridade e colocado de maneira anticontextual, preparado especialmente para o Wikipedia. A pergunta não é apenas sobre a autenticação e confiabilidade, embora importantes, o que perguntamos é algo mais delicado que diz respeito a uma voz detectada no todo. É bom ter sempre a possibilidade de detectar uma personalidade com sua fala plena de sentido, como são os casos de algumas Web pages pessoais que funcionam como os jornais ou livros.Até mesmo a Britânica tem uma voz editorial, ainda que alguns critiquem como sendo demasiado vaga, oriunda de Dead White Men “homens brancos inoperantes”.Se um Web site irônico dedicado ao cinema brincasse com meu personagem filmmaker seria uma estória diferente, engraçada e criativa ao contrario do contexto de minha bio no Wikipedia que se transformou em puro nonsense. Myspace é uma outra experiência recente que vem se tornando dia a dia tão influente quanto o Wikipedia. Como o Wikipedia, adiciona poucos dados aos atuais disponíveis na correia fotorreceptora.A diferença é que ela o faz insinuando o uso de um inspirado deslocamento dramático.Sendo basicamente composta por textos de autores Myspace não finge ser sábio. Você pode dizer pelo menos um pouco sobre o caráter da pessoa que fez uma página de Myspace. Mas é muito raro uma página de Myspace inspirar a mesma confiança e o mesmo deleite que uma publicação onde o autor é uma autoridade de reconhecido mérito.Contudo, concedo um ponto para Myspace nessa contagem! Myspace é mais rico por se tratar de uma fonte mais multifacetada de informação que o Wikipedia, embora tópicos similares se sobreponham nos dois serviços. Se você quiser pesquisar sobre um programa de tevê e saber o que as pessoas pensam dele, Myspace revelar-lhe-á mais do que as entradas análogas e enormes do Wikipedia.
E continua: O Wikipedia não é o único fetiche on line do coletivismo. Um frenético grupo de pessoas vem operando para ir além tornando Meta as rubricas on line.Tudo começou de forma inocente com a noção de criar diretórios de destinos on line como os que existem no Yahoo.Depois surgiu o AltaVista que tornou possível realizar buscas usando uma base de dados invertida ao índice da correia fotorreceptora. O Google adicionou algoritmos a suas páginas. Então vieram os blogs, que variam em termos de qualidade e importância. Isso conduziu aos meta-blogs como Boing Boing que funcionam através das pessoas identificadas que ali agregaram blogs. Em todas estas formulações as pessoas reais estão inseridas.Nesses casos um indivíduo ou indivíduos apresenta uma personalidade e fazem declaração de responsabilidade. Era de entendimento comum que a correia fotorreceptora estava ligada a pessoas e que o valor ascendia a partir da grandeza das conexões entre seres humanos reais fruindo coisas geradas por seres humanos igualmente reais. O Google hoje, ainda não é Meta o bastante para se constituir problema, mesmo quando estabeleceu ranking de suas páginas ainda permaneceu vinculado a alguma forma de autoria, porém, o acumulo dos procedimentos Meta pode vir a criar um murk (escuridão) sem sentido. No ano passado, ou nos dois anos anteriores, uma tendência de remover características pessoais ou a autoria vem sendo tratado com forte desempenho por inúmeros agentes.A remoção das características individuais visa chegar o mais perto possível da simulação da aparência no índice que emerge fora da correia fotorreceptora.Caso isso se concretize estaremos próximos de uma conversa com um profeta supernatural.Neste lugar a Internet cruza a linha da alucinação.Kelly Kevin um dos fundadores da conferência dos Hackers, editor executivo e fundador do Wired http://www.kk.org , é um amigo e alguém que tem pensado sobre o que chamam a mente Hive(quando os objetos não têm o estado individual são mais fáceis de combinar junto… e agregar serviços para dar forma a serviços mais poderosos...segundo Howard Lewis- nota adicionada por mim ao texto de Jaron ).Num Web site chamado www.fresco.org que é uma cruz entre um blog e o Whole Earth Catalog os contribuintes, incluindo eu próprio, não são hive porque são identificados. Em março Kelly reviu uma variedade de filtros de consenso como Digg e Reddit e notou uma miríade de locais agregados a correia fotorreceptora onde constatou características Meta em grande parte desses locais.Ali nenhuma pessoa real faz apreciação ou se responsabiliza no que nele aparece, o que se vê são apenas algoritmos. A intenção lhe pareceu ser a de que a maioria dos locais Meta se imponham como guardiões que zelam a passagem do gargalo por onde escoara desdobramentos infinitos.Em abril Kelly revisitou popurls agregados a correia fotorreceptora e constatou uma nova maioria Meta. A partir daí a equação revelou que um algoritmo coletivo se deriva de outros algoritmos coletivos que por sua vez derivam do outros coletivos que carregam trechos de textos ou textos inteiros de escritores profissionais reconhecidos que foram posteriormente agregados aos popurls por escritores amadores anônimos...Raramente os popurls incluem referencias sobre os dados que agregam.Tais referencias estão enterradas dentro das notícias que lhes deram origem,agregadas no Google, por exemplo.As noticias ou textos originais só podem ser descobertos se você escavar varias camadas agregadas para encontrar as fontes que são as raras entradas criadas realmente por escritores e por editores profissionais que assinam seus nomes.Por isso nos popurls os dados são no melhor dos casos iguais, sem contexto ou autoria.Kevin diz que através dos popurls podemos entender a mente hive. Para ele quando se perfura as camadas a mente hive se revela estúpida.Por que então tanta atenção à ela?
Certamente porque existe... uma conexão pedagógica entre a cultura da inteligência artificial e o estranho fascínio pelo coletivismo anônimo on line. Maior parte dos usuários do Google e do Wikipedia mencionam freqüentemente serem memória introdutória para que as IA (inteligências artificiais) se desenvolvam. Um popurls que visitei esta manhã especulava que IA pôde aparecer dentro do Google daqui a alguns anos. George Dyson quis saber que se tal entidade já existisse na rede como percebe-la no Google?No meu ponto de vista não cabe discutir a existência de entidades Metafísicas mas sim enfatizar como prematuro e perigoso que tais expectativas aprisionem intelectos humanos.
A partir do principio de que o agregador é mais rico do que agregado não fica difícil entender a elevação artificial do Meta e muito menos perceber porque o mito do coletivismo se tornou popular nas grandes organizações: O sucesso desse princípio dispensa responsabilidade individual sem correr riscos.Vivemos uma época de tremendas incertezas acopladas a uma enorme fobia por responsabilidade, devemos funcionar dentro das instituições que não são leais a nenhum executivo e muito menos aos membros de níveis mais baixos.Os indivíduos estão receosos de dizerem coisas erradas sobre a sua ou em sua organização, por isso é mais seguro se esconder atrás de um wiki ou de algum outro ritual de agregação Meta...
ultimamente tive possibilidade observar resultados curiosos quando participei de um wiki sobre wikis. O que eu vi é perda da introspecção, a negligência para as nuances de opiniões e o crescimento de uma tendência que preserva a opinião oficial ou normativa de uma organização.Por que não se grita sobre a recente epidemia de usos impróprios do coletivo? Parece-me que a razão é que as velhas e más idéias quando refrescadas e empacotadas pela nova tecnologia reeditam um certo encantamento.
Mais adiante ele diz:... O coletivo nem sempre é estúpido. Em alguns casos especiais pode ser brilhante. Por exemplo, há um ritual demonstrativo apresentado freqüentemente aos estudantes que iniciam em escolas de negócio.Uma das versões desse ritual coloca um grande frasco de jellybeans na frente de uma sala de aula. A cada estudante solicita-se quantos feijões estão dentro do pote. É um mistério, porém, a média das suposições revela, geralmente, um certo grau de exatidão.Este é um bom exemplo do tipo especial de inteligência que se pode obter de um coletivo.Esse traço peculiar foi comemorado como uma sabedoria das multidões, embora eu pense que a palavra sabedoria foi aí colocada de maneira equivocada. Tal ritual se assemelha a mão invisível de Adam Smith e pode ser uma das razões do surgimento dos algoritmos do rank da página do Google....O fenômeno é real e pode ser útil. Mas não infinitamente útil pois o coletivo pode ser também demasiadamente estúpido...A razão que o coletivo pode ser valioso é que seus picos de inteligência e estupidez não são os mesmos do que os geralmente produzidos por indivíduos. Ambos os tipos de inteligência são essenciais. O que faz um mercado trabalhar, por exemplo, é a união da inteligência coletiva e individual. O mercado não pode existir somente na base de preços determinados pela competição. Necessita também dos empreendedores que enxergam acima dos produtos em competição. Ou seja os indivíduos inteligentes, homens do mercado que fazem as perguntas que serão respondidas pelo comportamento coletivo.São eles que põe os jellybeans no frasco. Há determinados tipos de respostas que não podem ser fornecidas por um indivíduo. Quando um burocrata do governo ajusta um preço, por exemplo, o resultado é freqüentemente inferior à resposta que viria de um coletivo razoavelmente informado que consiga escapar dos efeitos das variadas formas de manipulações...Aqui devo fazer um comentário ao esforço do Linux e similares. As várias formulações sobre software livre são diferentes do Wikipedia e dos Meta. Os programadores de Linux não são anônimos e o sucesso pessoal é uma motivação que mantem tais empresas em movimento. Mas há algumas similaridades, uma delas é a falta de sensibilidade, ou voz, no sentido estético do projeto.Essa é uma característica negativa comum aos softwares abertos e ao Wikipedia...O coletivo é bom para resolver problemas que exigem resultados que podem ser avaliados por parâmetros de desempenho alheios a controvérsias, porém, são ineficientes quando o gosto e o julgamento são dados importantes....eu penso que é importante demarcar o limite entre o pensamento e a mentira coletiva: O coletivo é provavelmente mais clarividente quando não está definindo suas próprias perguntas e quando a integridade de uma resposta pode ser avaliada por métodos simples (tal como um único valor numérico) e quando o sistema de informação nos revela a filtragem através de um mecanismo de controle de qualidade onde os indivíduos têm um grau elevado de responsabilidade. Sob essas circunstâncias um coletivo pode ser mais argucioso do que uma pessoa. Ao se quebrar qualquer dessas circunstâncias o coletivo torna-se errático e ruim.
Diante de exemplos autênticos da inteligência coletiva percebi que os bons resultados são em parte guiados ou inspirados por indivíduos de bom-senso que dele participam. Essas pessoas ajudam o coletivo a focar argumentos e a corrigir falhas comuns à “mente hive”. Equilibrar a influência entre pessoas e coletivos é o coração do projeto das democracias, das comunidades científicas, e de muitos outros projetos de longa duração. Algumas velhas idéias podem despertar novo interesse quanto mais aprimorado seja o uso da “mente hive”.O mundo pré-Internet fornece bons exemplos de controle que pode melhorar o desempenho da inteligência coletiva. Por exemplo, a imprensa independente publica uma notícia atraente sobre políticos escrita por repórteres de reputação, como o relatório de Watergate de Woodward e de Bernstein.No correr dos fatos muitos outros escritores fornecem revisões do produto, tais como Walt Mossberg do Wall Street Journal e David Pogue do New York. Esses jornalistas informam com determinação e critério os percalços, os resultados e o preço da eleição. Sem uma imprensa independente, composta de indivíduos com idéias próprias e responsabilidade autoral o coletivo torna-se estúpido e equivocado, como foi demonstrado em muitos exemplos históricos. (eventos recentes na América refletem enfraquecimento da imprensa, em minha opinião).As comunidades científicas também conseguem do mesmo modo manter a qualidade com um processo cooperativo que inclue verificações e contrapesos. Tais procedimentos se constituem filtros de retenção ou uma “cortina”, no sentido ideal qualquer um pode ter acesso, desde cumpram as exigências da meritocracia.O coletivo não melhora o processo acadêmico onde os indivíduos apresentam suas idéias originais bem construídas, para o mundo acadêmico esses são os dados que realmente importam.Um outro exemplo: Os empreendedores não são os únicos “heróis” do mercado. O papel de um banco central em uma economia não é o mesmo de um oficial do partido comunista em uma economia centralizada de planejamento...Nenhum mecanismo é perfeito, porém ainda nos beneficiamos das velhas instituições. Certamente sempre houve abundância de péssimos repórteres, cientistas acadêmicos iludidos, burocratas incompetentes, corrupção e assim por diante.A pergunta que se faz é como percebe-las e reduzir as possibilidades de erros reincidentes? As experiências acumuladas do mundo pré-Internet nos revelam que “sim”, somos capazes de perceber e corrigi-los identificando os responsáveis.Porém, a mente hive seria capaz de percebe-los e revelá-los?
Aqueles que até aqui partilharam as idéias de Jaron se informaram sobre as questões que pairam e as duvidas que permeiam os setores de ponta na chamada pós-modernidade.Aqueles que quiseram ir mais fundo recorrendo a versão original do ensaio tiveram oportunidade de se informar sobre outros textos do autor . O melhor disso tudo é que podemos constatar vozes autonomas e originais rompendo o silencio e atravessando a cortina de fumaça que encobre as decisões consensuais, os equívocos ocultados pela fé cega no novo coletivismo on line, o glamour envolvente do ambiente cosmopolita internacional e os laboratórios das novas tecnologias da informação adentrando a dimensão dos interesses, as mentiras e as verdades do mundo em que vivemos e as razões da atração generalizada pelos ícones da contemporaneidade, tanto no plano das pessoas reais quanto numa misteriosa,e por isso mesmo atraente,dimensão Meta."

Adriano de Aquino
Outubro de 2006