Na ficção, a aspiração de
gerar um ‘novo homem’, tem aspectos críticos que apontam para a tragédia e a
destruição e servem de estimulo parta se pensar sobre o potencial mortífero de uma
‘boa ideia’.
Mas, a teoria política, fundada na ideia do ‘novo
homem’, quando colocada em prática, a
ideia se apresenta como engrenagem de uma máquina terrível que produz mortes em
profusão, destrói o tecido social e deixa sequelas terríveis, difíceis de serem
superadas por várias gerações. Já se acreditou na saga marxista da ditatura do ‘newman’ ,oriundo do proletariado, sujeito solidário,
igualitário, tolerante e comunal, que brotou na Rússia nas primeiras duas décadas
do Século XX.
Mas, em 25 de fevereiro de
1956, Nikita Kruschev, três anos à frente do Partido Comunista da União Soviética
como Primeiro Secretario, subiu na tribuna e fez um discurso demolidor, que
viria a mudar a história da URSS.
Em 2019, se comemorou 60 anos
do discurso do Kruschev no politburo da URSS.
Ao fim da sua histórica
narrativa, milhões de russos adultos choraram como nenéns de colo. E, Kruschev,
apenas abriu uma das pastas do volumoso arquivo de atrocidades cometidas por
Stalin, “guia genial de todos os povos” e bispo supremo do sanguinário culto que
se espraiou pela União Soviética.
Dentre milhares de fatos hediondos, Kruschev
se concentrou com mais ênfase em seis pontos: “Expurgos” ocorridos entre 1937 e
1938.Nesse ponto ele registou que 1.500.000 pessoas foram presas, mandadas para
campos de concentração onde milhões sucumbiram e, os poucos que tiveram alguma
sorte, conseguiram se exilar. “Execuções”: 690.000 pessoas foram executadas (entre
os condenados à morte estavam todos os companheiros de Stalin que lutaram na
revolução de 1917 e alguns “fundadores do comunismo soviético”. Kruschev afirmou
ainda que todos os executados eram inocentes. ”Paranoia e Tirania Oficial” tirante
ele próprio, para Stalin, todos que o cercavam eram inimigos da URSS. “Desastrosa
Estratégia Militar”, Kruschev, discorreu sobre os imensos erros de Stalin na
condução da Segunda Guerra. Os expurgos no Exército, eliminaram 85% da cúpula
militar deixando as fronteiras da URSS desguarnecidas. E, pior, esse erro
grasso, que aumentou o número de russos mortos, aconteceu porque Stalin confiava
no seu acordo com Hitler, mesmo diante dos persistentes avisos de que a
Alemanha atacaria. Esses “erros” de Stalin provocaram a imensa perda de vidas
que poderia ter sido evitada, só nas primeiras duas semanas da invasão alemã de
21 de julho de 1941 a Wehrmacht fez seis milhões de prisioneiros, dos quais
dois milhões pereceram em pouco tempo por maus tratos e execuções. “Calamidade agrícola e fome” a desastrosa política
agrícola de Stalin, se abateu sobre o povo, dizimando 10 milhões de camponeses forçados
à coletivização das fazendas. A produção de trigo caiu vertiginosamente matando de fome outros tantos milhões. Como Kruschev
era engenheiro agrônomo, suas críticas ao modelo agrícola de Stalin, deixam
transparecer que se tratou de uma ação punitiva intencional, uma espécie de
guerra civil do Stalin contra os camponeses que se opuseram à loucura coletiva
imposta pelo regime tirânico. “Política Externa” stalinista foi um desastre
completo. Pretensamente internacionalista, de fato, se revelou isolacionista e
impositiva, trazendo enorme desgaste para a URSS, mais miséria para o povo e enormes
dificuldades para o pais no âmbito do comercio internacional, na diplomacia e convívio
com outras nações.
Anos depois, Gorbachev, oitavo e
último líder da União Soviética, assim como Kruschev, foi Secretário-Geral do Partido Comunista da União
Soviética de 1985 a 1991. Como chefe de
Estado, de 1988 a 1991, Gorbachev revelou ao mundo sua inclinação à social
democracia. Foi ele que em 1986, deu a
virada política na Rússia com a Glasnost, um dos pontos principais do seu governo tumultuado
por conflitos nacionalistas e insatisfação social. Sua proposta consistia na
abertura política, que tinha por objetivo trazer ao país a transparência e a liberdade
de expressão.
Anos depois, surge Putin, um modelo
laboratorial da extinta KGB.O líder, há 20 anos no poder, foi moldado na
tradição czarista, com pitadas de stalinismo.