sexta-feira, fevereiro 24, 2017

Efeito Colateral




Bastou  a China perceber a relevância das artes para a projeção global da política externa do país,para que o cenário das artes no Ocidente se tornasse um alvo.
Em curto espaço de tempo, os artistas do país alcançaram fama e prestigio nos círculos culturais do Ocidente. 
Concomitantemente,os novos bilionários chineses construíram museus de arrojada arquitetura para instalar mega coleções de arte nas suas regiões de origem. 
Muito dinheiro, empenho e competencia montaram uma estratégia cultural de internacionalização da arte chinesa contemporânea que mais parece um plano de ocupação militar/cultural do Ocidente.
Artistas  transbordaram as fronteiras continentais da China e vazaram pelos centros culturais da Europa e dos EUA. 
Ai Weiwei, o performático artista estrela, com seu repertório de mix de itens filosófico/político/metafórico, facilmente assimiláveis pela classe média do ocidente, se tornou ponta de lança da ocupação.
Abdicada do senso crítico de outrora e ávida por tudo que seja espetaculoso e novidadeiro, a platéia das artes deste lado do planeta, cedeu ao deslumbramento patético e se fartou na avidez por tudo que seja espetaculoso e novidadeiro.
Ajoelhou tem que rezar. Essa é a máxima da ideologia religiosa de cooptação. 
Aberta essa nova senda de sucesso e fortuna, sucedem no calendário artístico global os lançamentos dos novos ícones da arte chinesa contemporânea, de perfil mais identificável com o gosto ocidental da ocasião,formatado,antecipadamente pelos tutores e curadores que dirigem os grandes centros de arte do ocidente.
Confirmado o sucesso dessa estratégia de ocupação cultural, a China logo transformou suas feiras de cópias perfeitas das pinturas históricas do Ocidente, uma atração turística para ocidentais idiotizados que se espantam com a habilidade técnica dos copistas chineses e lá  compram milhares de  Van Goghs, Rembrantds, Renoirs, Picassos etc. mais perfeitos que os originais. 
Enquanto, com investimentos fabulosos, agem decisivamente  na superestrutura cultural global, através de emissários bem sucedidos como Ai Weiwei e, agora, com o lançamento mundial do estiloso ‘surrealismo hiper-realista’(sic) do artista  Choi Xooang, com suas pinturas de cabeças sem olhos encarando uma a outra. Centenas de mãos decepadas que se juntam para formar asas carnudas de um anjo e dos homens com cabeças de cachorro que vestem calcinhas femininas sexy. O estupido marketing da CNN, informa para seu leitor 'sem olhos', que o que lhe parece uma foto realista surpreendente é,de fato,uma imagem pintada realmente à mão.
Nesse ritmo, acumulando calhamaços de estupides,em breve, as academias e escolas de arte do Ocidente estarão copiando o estilo chinês de arte contemporânea para exportação.
Os tolos acham que o multiculturalismo é uma invenção do ocidente e que, por isso, a cultura do ocidente estaria  protegida dos seus efeitos colaterais.





quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Peculiaridades nativas/Conheça o Brasil









O ‘populacionometro’ do IBGE afere que no minuto em que você lê esse post a população brasileira é de 207.126.193 de pessoas. 
Ao acabar de ler esse texto deverá ser um pouco mais.
Como os números que conformam esse pais, seja no tocante à população, extensão territorial, crimes contra a vida, violação de direitos e corrupção são gigantescos, me fixarei ao índice populacional numericamente inexpressivo, as chamadas minorias, camufladas entre a massa de gente comum.
A mais reduzida das minorias brasileiras é a de bilionários. O Brasil tem 65. A população de milionários brasileiros é 161,2 mil.
Agora vamos para regiões onde as minorias estão em processo de extinção ou praticamente desapareceram. Entre elas podemos destacar a comunidade caiçara, os quilombolas, a aldeia hippie de Arembepe e outras similares que cultuam a maconha, surfe, rock e artesanato.
Contudo, nenhuma dessas comunidades goza das regalias do povo do Foro Privilegiado. Esse povo, que reúne mais de 20.000 indivíduos, tem imunidades que nem monarcas de outrora possuíam. Se você imaginava que os bilionários, milionários e outras minorias poderosas são privilegiadas, quando conhecer melhor o Brasil, entenderá que nem tanto quanto imaginava.
Vejamos; um bilionário pode ter mil fabricas de cerveja, comprar uma fábrica de ketchup e querer comprar outra de hambúrgueres, ter aviões, iates, mansões maravilhosas com capelas, padres e pastores como serviçais, mas, não possuem uma Corte de Justiça só para si.
Os milionários podem sofrer de inveja dos bilionários, mas, sentirem-se abastados e felizes frente a miséria do povo local. Eles podem ter barcos, casas, viajar, comprar roupas de grife etc.Ms,não podem ter uma Corte de Justiça só para si.
Porém, os mais de 20.000 indivíduos do povo do Foro Privilegiado, tem poderes supremos. É a unica minoria que tem uma Corte Suprema de Justiça só para atendê-los.
O IBGE, Policia Federal ou Justiça de primeira instancia sequer ousam entrar nos domínios desse povo.
Eles cometem crimes, irregularidades de todo tipo, falcatruas contra o tesouro nacional na certeza de que jamais a justiça lhes alcançará.
Poucos países protegem essa minoria. Sabe-se que na América Latina, a Venezuela disputa com o Brasil a liderança quanto ao tamanho da população de privilegiados.
Na Europa, a Espanha se destaca.
Contudo, em países onde a modernidade se instalou em sincronia com as guerras de independência, como os EUA, esse povo foi extinto com a derrota do Império Britânico.

quarta-feira, fevereiro 15, 2017

Inteligencia & sensibilidade















A inteligencia e a sensibilidade são bens imateriais indestrutíveis.
Esteja certo! 
Sobrevivem a temperaturas extremas e a regimes bestiais, se recompõem e proliferam à luz do sol.
Ainda que ativistas invistam na construção de muralhas protecionistas - físicas e morais - a fim de afastar toda forma de contagio entre culturas,etnias,credos,costumes ou qualquer forma de apropriação e miscigenação, a grande beleza,a sensibilidade e a liberdade criativa continuarão compartilhando sua infindável façanha de subverter dogmas e limites artificiais a fim de nos encantar na curta existência sobre esta "terra amarga".
Enquanto falávamos sobre isso, o ambiente foi invadido por esse som (post)com poema e voz da negra norte americana Dinah Washington e cover melódico de um compositor germânico naturalizado inglês,branco e de olhos azuis,Max Richter.Esse cover foi criado para ser inserido na trilha sonora do filme de um diretor norte americano, descendente de imigrantes italianos, com hábitos,sentimentos e sensibilidade fundidos na alta temperatura do universalismo.
É suprimindo 'turbantes' em cabeças miscigenadas e retendo momentos de espontaneidade, superação e beleza que os ativistas contra a apropriação cultural pretendem combater a perversidade da globalização?
Vai durar pouco!

sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Crônica sobre o provincialismo globalizado.


Hoje, passarei batido pelas páginas do noticiário policial que relatam o dia a dia da política,dos políticos,ministros e autoridades brasileiras, seus cúmplices, agora delatores, e empresários corruptos e corruptores. 
O noticiário político nacional se tornou uma espécie de cartório de boletins de ocorrência (B.O) empilhados sobre a mesa do delegado da PF.
Deixarei para examinar outro dia os efeitos sobre o mundo do crime procedentes do choque da “homologação 77” que, no imaginário da bandidagem nacional, equivale ao que foi o Dia de São Valentim(mais um 14 de fevereiro se aproxima)para os gangsteres da Chicago dos anos 20 do século passado, quando a cúpula de uma facção do crime foi metralhada numa garagem.
Os dois personagens que ilustram esse post se chamam: Ele, DJ (Don Juan) ela, FF (Fifi). É o casal proprietário do espaço onde, por cortesia, se instala o meu ateliê. Nosso convívio é tranquilo, porém, sou obrigado a servi-lhes rações diárias de qualidade, manter seus banheiros exclusivos limpos, repor água fresca todo dia e, sempre que desejarem lhes abrir a porta ao primeiro miado, esteja eu lendo, trabalhando, ouvindo música ou o que quer que esteja fazendo, para atender de imediato seus pedidos de cafuné ou simplesmente para se instalarem na poltrona ou sobre a mesa do computador. DJ é agora um coroa rabugento,bem mais velho que FF,uma criatura doce e amigável mas, isso não impede que convivam muito bem.
É na observação da relação do casal que me hospeda que tenho aprendido coisas interessantes. O diálogo silencioso, a sedução gestual e os afagos entre os dois se chocam com a minha observação sobre a atual situação cultural que limita os gestos, a sedução e o galanteio entre gêneros da esquisita espécie humana.
Desde as cavernas, a espécie humana tem demonstrado forte tendência para a demência e a violência. É uma espécie que deveria ser estudada em profundidade em zoológicos de segurança máxima.
Signos gravados na pedra registravam a saga de homens que estupravam e violentavam mulheres. Levou um tempo enorme até que um dia descobriram que isso é crime e que deve ser punido com severidade. Entretanto, tal correção tardia de rumo, deixou marcas indeléveis na cultura desses seres esquisitos. De um tempo para cá, o gênero feminino entendeu que tem que redobrar sua atenção para não ser vítima passiva da selvageria dos homens. Pressionando a base da razão, as mulheres conseguiram leis de proteção que lhes assegura alguma proteção. Mas, essa espécie esquisita é ardilosa. No mercado de trabalho e em outros ambientes sociais supostamente civilizados, pratica-se um tipo de violência que passa despercebida ou é relegada a simples estranheza que caracteriza essa espécie esquisita.
Vai daí que em plena Era do Conhecimento e da globalização cultural, o galanteio formoso, que tanto prazer oferecia aos ‘libertinos’, que na concepção moderna, refere-se aos pensadores e literatos europeus que se abstraíam dos princípios morais do seu período, principalmente aqueles relacionados à moral sexual,período esse em que o garboso e então jovem gato Don Juan, exercia enorme fascínio, agora corre o risco de também se tornar crime.
Essa reflexão surgiu em minha mente exatamente enquanto observava os afagos entre o casal que me hospeda e lia a notícia de que um ser humano do gênero masculino teve voz de prisão porque numa rua de Nova Iorque agrediu uma mulher chamando-lhe de ‘bela e sensualmente atraente’. A notícia, ao lado dessa, ilustrada pela face esquisita, os lábios sibilinos e os gestos grosseiros do novo presidente norte americano,confinaram meus pensamentos na visão assustadora de uma praça de aldeia provinciana, com sol a pino e calor infernal.