sábado, novembro 11, 2017

Constructor Social



    Primeiramente (LOL); Fora os carrascos da Intolerância que estapeiam ideias e agridem pessoas que as expressam. Segundamente (BIS); antes de um breve comentário sobre Judith Butler, manifesto minha discordância pelo trato estupidamente hostil às ideias da filosofa. 
    Ela não é a primeira e não será o último exemplar da espécie humana a exibir uma fórmula simplista (cultural) de superação da natureza. 
    Fazer o papel de ‘deus’, senhor dos fenômenos naturais, sempre foi a maior aspiração da cultura.
    Muitos seres humanos - intensos e geniais - já tentaram.
    Todavia, as principais características que identificam os mamíferos permanecem inalteradas.As glândulas mamárias e a gestação em útero, componente orgânico circunscrito às fêmeas mamíferas,são os mesmos desde o surgimento das especies.Tirante, claro, os marsupiais, que criaram (sic) uma bolsa intermediaria para a função de procriar.
    Enquanto os protótipos Pós Humanos – replicantes – seres fundamentalmente culturais - permanecerem matéria de pesquisas laboratoriais e anátemas religiosos, os mamíferos humanos continuarão nascendo das fêmeas dessa espécie insatisfeita e frustrada com sua restrita dimensão humana.
    Ainda que tal circunstancia natural aborreça profundamente os adeptos do 'constructo social', essa é a realidade da especie
    Que merda! Por que não nascemos deuses? Por que nosso gênero não é consequência da nossa própria vontade ou daquela formada pelo mainstream que molda os desejos, caráter, personalidade e a forma de se apresentar ao mundo?Da cultura da época,claro!
    Ah! A arcaica frustação humana por seu insignificante protagonismo na criação do Universo é uma posição diminuta e inaceitável para quem se quer deus.
    O homem chegou atrazado e cheio de pressa para desviar da desconfortável e inexpresiva posição frente as forças da natureza.
    Por isso,lançou mão da balsa da cultura.
    A balsa da cultura é uma variante em material sintético da Arca de Noé.
    Ela nos dignifica culturalmente frente a forma mais visível de deus : A natureza!
    Pressumir que ela (natureza) não nos reduzirá - enquanto seres sociais - aos seus caprichos, é uma pressunção descabida.
    Judith Butler é mais uma culturalista na frente de batalha contra as injustiças (incompletude) da natureza humana.
    Para ela a CULTURA não deve se dobrar aos fenômenos da natureza. Ela põe fé teórica na ideia de que a ‘construção social’ pode aprimorar e mesmo dar algumas lições de bons modos às arbitrariedades totalitarias da natureza.
    Se a cultura nos da garantias – livre arbítrio - de podermos incorporar o gênero que desejarmos, por que a maldita natureza tem que se intrometer na vida privada dos humanos?