quinta-feira, setembro 10, 2015

Pouco tempo atras os vínculos explícitos entre arte/mercado eram vistos como algo vulgar.Para os puristas de uma hipotética cultura autentica,um anátema.Os últimos trinta anos produziram um fenômeno de massificação em grande escala de bens e serviços com finalidades mercantis.Nada escapa a essa lógica.Os 'insumos' estético-emocionais da criatividade artística foram engolfados pelo sistema e se tornaram ferramentas de fomento de um consumo supostamente mais seletivo e sofisticado.
Entre os milhares de pressupostos atribuídos à arte,um deles muito cultuado no momento,fala do desafio da pessoa no mundo contemporâneo.
Os bens materiais,hits e valores voláteis de uma sociedade competitiva,inspiradora de anseios que estimulam o ritmo insano da escalada social, se consolida no glamour das celebridades.Esses personagens atravessam de cabo a rabo o mundo do dinheiro,da moda,da cultura e das artes.
Um 'must'.
Porém,todo esse glamour é dócil e pueril frente a uma realidade que tudo reduz ao minimo divisor comum: a realidade não é o bastante para suprir os termos mais sensíveis de uma vida plena,intensa e digna.
Quanto mais agora,diante da centralidade econômica sobre todas as coisas. Seria uma ingenuidade imaginar que o mundo sensível estaria protegido da massificação por uma muralha de disciplinas e conceitos que ainda insistem em hierarquizar um sistema cultural dominante pelo viés da certidão de autenticidade criativa, concedida por um 'expert' curatorial,um dono de galeria,um comentarista da mídia cultural ou outros segmentos de intermediação intelectual entre Arte,sociedade e negocio.
Portanto,por mais irônico que possa parecer,as mais constantes discussões e a difusão midiática sobre arte da atualidade foca implícita ou explicitamente na economia.
Na grana!
As promoções culturais em larga escala seguem o método do marketing que faz circular conceitos estéticos a fim de distinguir o 'diferencial'- para melhor- de um produto alvo para logo adiante se esborrachar no antro econômico e mercantil ao qual as artes e os artistas estão inexoravelmente submetidos.
A maior parte deles com quase nenhum dinheiro.Outros, ostentando cifras elevadas.Esses são os "eleitos" de um sistema apurado de negocio que insere todos- eleitos e ofuscados- no mesmo game!Nesse mundo mais que perfeito,ninguém será excluído-Todos são artistas!Com menos,nenhuma ou extravagante visibilidade. 
Não vá a uma feira de arte sem um link à mão. Em geral,o produzido pelos próprios expositores.No âmbito social(não em ambito pessoal) não ha transversalidade que escape a tensão que empurra para a massificação. Arte aos borbotões em contraponto ao raquitismo de conteúdo crítico autônomo,livre do direcionamento estético de gestores do gosto alheio. 
No meu entender,não ha discussão possível sobre a Arte da atualidade sem que se mergulhe profundamente nas reflexões suscitadas pelo livro de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy comentado no link abaixo. 

http://obenedito.com.br/capitalismo-artista/