sexta-feira, dezembro 31, 2010

MITOS VADIOS 2: Adriano de Aquino – O valor da Arte

MITOS VADIOS 2: Adriano de Aquino – O valor da Arte: "Conversando hoje com Adriano de Aquino, perguntei se ele identificaria, nestes últimos anos, algum indício de mudança no cenário das artes p..."

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Arremates de uma década - Ano 10/Século XXI


Arte é tudo. Tudo é arte. Exceto a Arte! 
Enquanto singular

sábado, dezembro 25, 2010

A convergência dos extremos – Crendice & Cepticismo




..."não sabia fazer nada mais que adicionar das próprias despesas e subtrair das próprias dívidas".
Don Fabrizio Corbera, Príncipe da Casa Salina - Sicilia final do século XIX inicio do XX.  

Il Gattopardo - Giuseppe Tomasi di Lampedusa




_Ah! Quer dizer que pra você a demanda do mercado por suas obras, ou melhor; sua inserção econômica no mundo das artes é um tormento?Ora! Não me venha com essa!Não creio que alguém possa ser tão indiferente ao reconhecimento financeiro.
_Engana-se, minha amiga. Não sou um alienado, indiferente as necessidades materiais e financeiras. O que eu disse é que não há nada de espontâneo ou propriamente verdadeiro no mundo dos negócios. Não creio que exista realização nessa troca para além, é claro, da recompensa material, evidentemente.Crer que o reconhecimento financeiro de um artista é parâmetro de aferição qualitativa da obra para além do negocio em si é um tremendo equívoco. Esse é um campo minado que há muito tempo suscita mais dúvidas que certezas. Todos somos,de alguma forma, afetados pela intermediação do dinheiro para continuar vivos. Essa é uma constatação tão sólida quanto a certeza da morte. O ganho financeiro é um meio de se sustentar como individuo e uma ferramenta de fomento para a experiência corpórea e existencial em qualquer atividade humana. Além disso, o cerne da minha crítica não incide sobre esse campo específico. As contradições entre o poder da grana e a liberdade criativa é um capítulo complicado da história humana. Não tenho nenhuma pretensão de estender esse assunto tendo em vista sua complexa interação que se arrasta pelo longo percurso da historia da humanidade. Se por um momento isso apareceu na nossa conversa foi de maneira fortuita. Foi apenas uma citação peremptória de certa impotência diante dos pactos que nos parecem inexoráveis.  
Nas circunstancias atuais, em que a economia é o mais elevado item da vida social, fazer uma crítica ao dinheiro,sem aprofundar nos mecanismos da produção, difusão e consumo, por mais inteligente que seja, soa como falação inútil.
_Ok!Ta bem!Então retorna para sua argumentação anterior.
_ O que me parece relevante no jogo entre finanças e arte é a ridícula simulação de decoro que se apoderou da mentalidade corrente em nossos dias. A complexidade da produção da atualidade não foi compartilhada por avanços nos mecanismos de intermediação compatíveis com os novos tempos.               
O que assistimos aqui e acolá são arremedos grotescos da velha hierarquia mercantil e uma crescente estupidez, convertida em paternalismo,seja de ordem privada ou pública. Tal descompasso pode ser percebido, inclusive, nas atitudes de muitos artistas. O ambiente artístico está impregnado de simulacros e afetações típicas do remoto idealismo boêmio.É espantoso que na contemporaneidade os rituais arcaicos ainda sejam tão influentes.Por força das circunstâncias houve apenas algumas modificações. As mais visíveis são a substituição dos critérios e das analises mais apuradas das obras de arte por operações promocionais e mercantis mais objetivas. Algo similar aos procedimentos e estratégias do marketing politico e dos produtos da indústria da propaganda revestida de aparente resenha cultural. Repare nas fórmulas hoje disponíveis para a difusão da arte. Elas dizem muito sobre o sistema. A visibilidade, um dos fundamentos  da publicidade, tornou-se o preceito básico que faz girar o mundo da arte. Os métodos promocionais são mais eficazes quanto mais a mensagem se repita. Essa regra é capital para vender mais uma marca de sabão em pó do que a do concorrente na prateleira ao lado. Ainda que uma mente ardilosa imagine ser uma grosseria usar a mesma técnica para alavancar as vendas de um produto cultural, dado que um consumidor de cultura possui, supostamente, mecanismos mais apurados,porque cultos,de defesa contra a propaganda objetiva  que o consumidor em geral engole sem pestanejar, o fato é que essa técnica prevalece para tudo. Ocorre, entretanto, que um objeto cultural não é apenas uma caixa de sabão em pó. Não obstante, em circunstancias especiais, uma caixa de sabão em pó pode vir a ser uma obra de arte quando empilhada no "cubo branco" ou num salão de museu.Entretanto,para que tal fenômeno se realize é necessário, antes de tudo, que o objeto se pareça com arte, quer dizer, possua um dom particular, um 'espírito', digamos assim,em contraste flagrante com os mesmos itens da linha de produção industrial empilhados no chão das fábricas.Colunas e mais colunas de objetos que não portam atributos descriminados num glossário das artes,são nada maisque objetos para finalidades especificas.    
Mas,esses mesmos objetos, recondicionados pelo circuito da arte, ganham outros sentidos. Assim, um bife pendurado na geladeira de um açougue é, em tudo e por tudo, diferente de um bife metafórico, artístico, exposto numa instituição de arte. Quando Duchamp realizou seu gesto germinal o mundo se surpreendeu. Hoje, ninguém mais se espanta. Não ha um grande evento de arte em que esse tipo de produção não esteja incluída. Além disso,várias instituições de ensino de arte espalhadas pelo mundo e inúmeras cartilhas dedicam capítulos sobre essa "escola" ou tendência da arte. Se por um lado isso parece positivo para que mais pessoas se expressem "artisticamente", por outro, constitui um complicador que,entre outras coisas, propicia ações difusas no que tange a autonomia criativa.Essas 'representações' são tantas e tão afinadas entre si que não cabe aqui,nesse momento,discuti-las.Porém,posso adiantar, que o novo perfil das instituições se fixa na ideia de que estamos vivendo em plena democracia onde qualquer expressão estética pode ser classificada no mercado especializado de arte como produtos artísticos. Afinal, o bacana da banalidade é a possibilidade de imersão total no banal por todos os segmentos do sistemaAlguns teóricos consideram esse efeito o paradigma de uma revolução estética permanente.
_Ah,ah,ah! De fato, o êxtase com o banal é uma unanimidade global.
_Até aí tudo bem.Contanto que esse paradigma não obstrua o mercado nem paralise a cadeia  produtiva,quer dizer;os artistas e os demais segmentos do mercado. Para reforçar seu status frente aos novos desafios os agentes culturais colocaram em marcha um método aparentemente colaborativo bastante eficaz. Isolaram alguns produtos estéticos da montanha de similares e investiram na visibilidade midiática de um numero reduzido de eleitos.A mídia é uma vitrine cara, todavia,muito eficiente para imprimir no público a sensação de que existe uma escala de valores nas artes dos nossos dias. Nesse contexto, a visibilidade midiática funciona como a agulha de uma bússola que orienta um navegante pouco entrosado nas muitas rotas da cultura contemporânea.Num mundo, sacudido por constantes e velozes transformações, onde a instabilidade é uma sensação constante, uma pessoa mal tem tempo de selecionar, dentre os milhares de informações vazadas todos os dias, aquelas que lhe serão mais úteis.Como exigir dessa pessoa uma leitura crítica apurada sobre as diferentes propostas estéticas do último grande evento de arte global? Leve-se em conta que os jornais e revistas contribuem para embaralhar ainda mais o assunto. Anunciam como polêmicos fatos corriqueiros e expedientes promocionais de um artista, focando o leitor nas labaredas da fogueira das vaidades e nas ambições cretinas, típicas das revistas de promocionais hoje tão em voga. Como se isso não bastasse, os periódicos enchem páginas de entrevistas com curadores que se arrogam a emitir diagnósticos sobre a contemporaneidade.
É esse conjunto de fatores-não a produção artística em si - que mais excita o circuito. Como reverter esse bochicho e tornar o negócio mais atraente e lucrativo? Eis a questão do sistema da arte atual.
Marcar os espaços e pacificar o ambiente tornou-se uma meta dos negociantes mais argutos. A solução mais evidente foi eleger dois ou três nomes de uma enorme safra de artistas e divulgá-los sistematicamente. Entretanto, com essa tática, o jogo se revelou de um simplismo assustador, pois, os demais artistas tornam-se apenas coadjuvantes. Servem para calçar o sistema frente os imprevistos de percurso.
Bem, essa tem sido a forma de atuação dos players do sistema de arte atual. Até certo ponto vem surtindo um efeito pacificador. O ambiente cultural mostra sinais de contentamento e a vanguarda contemporânea tem vibrado de alegria. 
O modelo é permissivo,introjeta imediatamente a contestação marginal a redirecionando para o circuito. Nenhuma experiência anterior de vanguarda artística foi tão generosamente acolhida pelo sistema. Abrigados sob a égide de uma poética do cotidiano, alguns artistas  parecem satisfeitos com os resultados alcançados. 
Cabe, portanto, aos agenciadores de marketing, curadores e marchands dar seqüência ao processo realçando o valor à partir de uma hipotética e quase invisível diferença. Numa vitrine em que tudo é muito igual fica difícil definir de imediato onde a particularidade se projeta. Aliás, esse é um recurso atraente que encontra similaridades com os atributos celestiais que separam os eleitos daqueles que estão sujeitos aos sacrifícios mercantis ou promocionais dos simples mortais.Como quase ninguém tem saco para esmiuçar o assunto,poucos se dão conta dos interesses em jogo nessas operações. Para muitos a palavra talento resume o fenômeno, é o suficiente para convencer alguém de que um tal personagem é um prodígio, um mago. Todavia,para o negócio isso não é o bastante. Para reforçar o aparato e agilizar a vinda de  lucros mais rápidos, um conjunto de experts tem que entrar na roda.Para tocar essa ponta do negócio existem os curadores.       
Oriundos das universidades,academias e centros de arte mundo afora e revestidos da autoridade de um general, peito coberto de comendas, esses experts surgem de toda parte para dirimir dúvidas e consolidar o óbvio:Credenciar nomes. 
Ontem um curador dos Alpes suíços, hoje uma curadora de uma bienal germânica, amanhã, outro personagem da alta cultura de um país desenvolvido em visita ao país emergente.Qual reis magos eles anunciam numa entrevista que existe, dentre o enorme contingente de artistas locais,ávidos por espaço, apenas quatro expoentes da arte contemporânea nativa.       
Coincidentemente, os nomes citados são sempre os mesmos e o roteiro,o velho pastiche de sempre: ..."a arte brasileira contemporânea esta bombando nos grandes centros do mundo desenvolvido...blábláblá"  
_É mesmo!Que troço colonizado! Antes esses procedimentos eram um tanto comedidos, tratados com um pouco mais de sobriedade. Hoje é escrachado.Alguns curadores trocam figurinhas abertamente, não vê quem não quer se aborrecer, se desgastar. A dimensão continental e a multiplicidade da produção estética local se reduziram a um joguinho entre colegas. Além do mais, a perversa escassez de recursos, a precária infra-estrutura institucional e um mercado incipiente imobilizam os artistas que não tem fluência no sistema. A mídia contribui divulgando apenas o que considera consagrado. No caso a opinião de curadores ou as altas cifras em jogo no mercado da arte.
_Os curadores, ao enaltecerem seus procedimentos, não deixando claro suas participações nas estratégias de negociação da arte, tornam mais densa a cortina de fumaça que confunde ainda mais as pessoas as levando a focar preferencialmente o fenômeno econômico financeiro em detrimento aos aspectos intrínsecos das obras.
Oh! Estupendo! Dizem alguns. Argh!Pura especulação, dizem outros. E, fica por aí! Nos dois casos, as únicas referências  visíveis são a fama do artista e o preço. Sobre a obra de arte propriamente dita, nada se comenta. O campo das artes tornou-se uma espécie de território interdito. Hoje, se contrapor ou criticar obras contemporâneas tornou-se uma atitude indesejável, proibida mesmo. Nessas circunstancias, o fato dos valores atingirem a estratosfera tornando-se quase uma abstração e as referências se constituírem em vagas citações de intermediários do negocio,seria um contra-senso repreender as pessoas que voltam sua atenção às transações financeiras como quem vislumbra um enigma mais inquietante nas cifras que transitam no mercado do que a própria obra de arte,objeto do negocio. É lícito desprezar a sensibilidade de alguém por ter visto o que é óbvio?
Acrescente-se a isso uma ocorrência singular. De um tempo para cá diluíram-se as fronteiras que diferenciam um trabalho de escola vanguardista de uma obra tradicional, digamos assim.Tornaram-se apenas métodos distintos.Os dois procedimentos encontram abrigo tanto nas instituições quanto no mercado. O que isso significa? Que o mercado e as instituições oficiais tornaram-se mais sábias e tolerantes ou, a arte dos nossos dias tornou-se a tal ponto previsível que se ajusta rapidamente às demandas do público por novidades? Só uma fidelidade extrema nos levaria a crer que as vanguardas da atualidade possuem o poder de impactar a sociedade.Marcar a diferença!Ora!Pra que? Se esse é o ponto que amalgama a produção de vanguarda ao que há de mais reacionário na sociedade de consumo, pra que inventar mais uma fábula infantil?   
As silenciosas disputas pela ocupação dos espaços prestigiosos,como as bienais internacionais, por exemplo, são apenas pretextos para ocultar estratégias midiáticas e mercantis. Essas instituições há muito deixaram de ser locais onde transitam experiências estéticas inusitadas. Se tornarem vitrines mega promocionais de modelos estéticos dominantes.Nesse contexto o dinheiro foi mais poderoso e eficaz na absorção das diferenças do que o tempo, a reflexão crítica e a discussão sobre a arte. 
É isso! O dinheiro produz efeitos ambíguos e curiosos, pois, ainda que transfira importância para um produto, não obstrui a divergência de opiniões sobre a forma de aferição e credenciamento. Você pode falar o que quiser do dinheiro despejado sobre um evento ou mesmo do preço de compra de uma obra de arte, porém, não ouse criticar uma obra ou um tipo de produção estética da escola vanguardista.Isso não!Isso é proibido. Se não é decoro e protecionismo,que titulo daríamos as reações intempestivas dos adeptos desse procedimento?
_Essa constatação me enche de perguntas que não encontram respostas nas atitudes correntes no atual sistema da arte.Por que os artistas das escolas vanguardistas evitam discutir os interesses em jogo no setor cultural e fecham-se em colóquios "especializados" onde só participam os grupos detentores de códigos comuns?Estariam eles participando de uma junta de planejamento estratégico ultra-secreto?Ajoelhar diante dos produtos estéticos contemporâneos é uma expressão sincera e admirável de reconhecimento? Esse troço mais me parece um hábito religioso.Uma obediência servil a uma seita secreta que pretende divulgar mais uma verdade num mundo exaurido de verdades.
Algumas pessoas creem que se opor ao poder do dinheiro na arte é uma ingenuidade. Os mais afoitos afirmam que o antagonismo ao sistema é uma batalha travada por um exército de imbecis, dado que a interação arte/poder (leia-se:dinheiro) se funda num pacto secular. Acreditam, certamente, que até a argamassa que juntou as pedras da muralha do conhecimento e da arte,sabem que as coisas sempre foram assim e nunca serão diferentes. 
_Oh!Deus, diante dessa sentença a sensação de inércia se apodera dos meus sentidos. Enaltecer uma obra de arte a partir do preço é um expediente tão insípido quanto um ataque de euforia verbal para anunciar um gosto pessoal. Contudo, até a histeria das torcidas apaixonadas tornou-se uma espécie de trincheira da contemporaneidade. Quantas vezes já não ouvimos: Oh! Amei tal instalação, caí de joelhos diante da obra do fulano. Exaltações verbais desse teor tornaram-se tão corriqueiras entre os frequentadores do circuito de arte quanto uma cervejinha gelada no verão escaldante. Cair de joelhos diante de um trabalho da vanguarda contemporânea é algo inconcebível para um ente que se beneficiou dos avanços da modernidade, contudo, tal manifestação tornou-se comum. A síndrome do Best Seller e dos Blockbuster  debilita suas vitimas as colocando imóveis ao alcance da mira do marketing das estrelas!
_O que mais choca nessa crendice absurda é a fragilidade crítica de indivíduos supostamente cultos. Parece coisa de maluco! Como um sujeito informado ainda se submete aos códigos dominantes sem sequer se perguntar por quê?
Ao expor de forma tão intensa seus sentimentos diante da arte, esses indivíduos realizam duas operações num só ato. Na primeira obstruem a potencia da pessoa frente aos códigos dominantes e, na segunda, anulam qualquer perspectiva de opinião contraria, pois, a fé é um domínio exclusivo do individuo. Como se contrapor a fé? Com uma guerra santa? Uma revolução cultural?
_Pois,então,essa situação revela o enorme poder dos meios sobre a produção artística. O poder do dinheiro exacerba a desconfiança, inclusive, na própria escolha pessoal. O feitiço se cumpre na prática com o retorno de um tipo de respeito imposto. Algo parecido com uma crença tirânica da antiguidade. Mas, no teatro das ocorrências culturais, é recomendável que os artistas pareçam livres, contestadores e independentes do sistema. Ocorre que incontáveis atividades profissionais do campo da cultura sofreram, nos últimos trinta anos, mudanças consideráveis. Algumas, como a crítica de arte, por exemplo, estão em vias de desaparecer. Outras,como os agenciadores de marketing e os curadores subiram aos céus. Vimos surgir recentemente um tipo de celebridade que chamo de ansioso blasé.
_Han? Ansioso blasé? Como assim?
_Explico. No teatro das artes, onde o artista, além da própria obra, representa um personagem bem definido. Nada mais eficiente para uma performance mistificadora que um artista cético das virtudes divinas da arte e dos meandros pragmáticos da cultura, para fazer emanar poderes supremos em converter fiéis em causa(estética) própria.
Esse procedimento exige um desempenho considerável. A ansiedade e os arranjos mundanos na escalada ao topo do circuito das artes exigem do artista imbuído da missão consagratória uma postura elegante, camuflada por uma atitude aparentemente blasé.
Ainda que todos saibam que uma trajetória bem-sucedida demanda algum tipo de conciliação, seja com os curadores, seja com os colaboradores ligados ‘afetivamente’ ao projeto do artista, seja com o mercado das artes, não é bacana para imagem do vencedor subir ofegante e com a camisa suada no pódio da grande arte. É conveniente, portanto, que essa ascensão ocorra de forma aparentemente divina, envolta por uma atmosfera tão natural quanto um plácido lago povoado de ninfas,sobre o qual paira a imagem do criador.

Natal de 2010.



s

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Avançados & Reacionários. A convergência dos extremos.



_As grandes mostras da arte mais recente democratizam o acesso à cultura. Os curadores são peças vitais nesse jogo. São artistas também. Eles estenderam a arte da atualidade em direção ao grande público a disponibilizando ao nível de... 
_... Ilustrações, sacadas antropológicas estetizadas, recortes biográficos ou,ainda, estratégias de marketing!
_Meu Deus!Seu comentário é bastante reacionário. Isso é tudo que tem a dizer sobre as artes visuais do nosso tempo?
_Ora, minha amiga! Dizendo isso você me surpreende. Sempre a considerei uma pessoa avançada. De repente ouço-a repetindo a mesmice dominante.  Joseph Beyus (1921-86), com uma lebre no colo e o rosto coberto de gordura, há muito tempo declarou para seus discípulos e para o mundo da arte que: toda pessoa é um artista. Restringir, portanto, essa titularidade apenas aos artistas militantes, de carreira confirmada e currículo trans global e aos curadores, é indício de forte conservadorismo. Nos idos dos anos 70 Beyus- contraditoriamente ou não- já se destacava como um dos mais importantes "artistas" da Europa. Seu tributo para a percepção da arte e para o fazer artístico contemporâneo, digamos assim, centrava na ideia de que os  materiais são,em si, sentido e significado. Melhor dizendo;para J. Beyus,os diversos e mais dispares materiais fabricados para finalidades diversas são plenos de sentido e significado.
Seu pensamento sobre  arte partia do entendimento de que a criação é 'ação' sobre o mundo e a realidade.Para que esse procedimento  se efetivasse  enquanto  criação,Beyus agia de forma inventar gestos,ações e objetos e dispo-los no mundo.Não ao mundo onde esses itens se inserem nos hábitos e usos comuns,mas, no mundo do simbólico. Durante sua "vida artística" ele recusou categorizar seus atos com rótulos tipo performance ou instalação. Para ele, eram ações, ações efetivas de transformação do mundo.  Sua "obra de arte" é a expressão de sua militância enquanto pessoa sensível ou, sei lá,artista talvez, já que a titularidade conferida pela sociedade àqueles que criam coisas artísticas,não mais se pautam numa hierarquia.Portanto,são coisas artísticas se assim o autor nomina-las. Para Beyus qualquer material ou objeto,quando tocado pelo gesto criador, torna-se arte. Sua proposta é radical  e a podemos resumir da seguinte forma; tudo é passível de se tornar arte,basta para isso que se desperte a arte que existe nas coisas através do toque criativo que sensibiliza os objetos e os materiais. 
Sua historia pessoal é pontuada de eventos curiosos. Em 1943, então jovem telegrafista das forças armadas da Alemanha , tripulava um avião  da Luftwaffe nazista que foi derrubado  num deserto de rochas da Crimeia. Fato ou não, é a partir dali, que Beyus fundou  sua mitologia,onde a criatividade tem um "dever" transformador  dos sentidos,das substancias e dos significados das coisas materiais .Para ele,é esse "novo uso" dos materiais que  confere   significados poderosos as coisas  as tornando  capazes de "curar" o mundo. É possível -quem sabe?- que sua formação militar transferiu para a esfera do 'dever' o que para um  artista,adepto do romantismo boêmio e desprovido de uma missão reformista do mundo,seria,sobretudo, um mistério embutido nas relações criativas com as coisas e o mundo.
Desde aquela ocasião, como você  sabe, eu abandonei por completo qualquer intento de me identificar como artista catalogado,cumpridor de uma  atividade  regular de abastecimento do mercado de arte,das instituições culturais e da própria sociedade. Abandonei radicalmente qualquer referencia curricular à atividade artística que desempenhei outrora. 
Alguns sites e publicações ainda insistem em me inserir no escopo dos artistas em atividade. Por mais que eu me esmere em negar, apagando os registros da minha biografia "artística", sempre aparece um texto cult que me insere de volta no mundo das artes. 
Isso se tornou uma espécie de  tormento! 
Até a sacralização do mictório de Duchamp-que demorou um período bastante longo para subir ao pódio da grande arte- eu ainda acreditava que ser artista era subverter o sistema rumo à transcendência criativa. Porém, hoje, estou certo de que tudo não passou de um sonho. 
Anos se passaram e vimos consolidar uma poderosa estrutura de mercado e 'ações' institucionais cada vez mais aprimoradas e velozes.Tudo em nome da 'democratização da arte e da cultura'. 
Nunca na historia da humanidade a contravenção estética e a marginalidade cultural ficaram tão próximas do sistema. As atitudes, até mesmo as ações mais radicais da contra cultura,se tornaram  adereços de produtos anódinos. Pra falar a verdade, de um tempo para cá, o sistema amalgamou tudo de tal maneira que a "recuperação" e a inserção mercantil e institucional da arte dita insurreta ou, se preferir, 'nova, revolucionaria', se tornou prática banal. Qualquer brechó do subúrbio  tem na ponta dos dedos os mecanismos de inserção institucional e mercadológica para um artista soi dissant  maldito. Basta que ele tenha uma rede de compradores, um marqueteiro eficiente, uma dondoca entusiasta por arte arrojada e traga junto um cartão de crédito ilimitado. 
A arte atual é tão volúvel e trivial quanto a moda inspirada nas estações do ano. Recentemente os artistas comprometidos com a arte avançada e seus seguidores progressistas ficaram putos da vida quando Walter Robinson escreveu: Não existem mais movimentos de arte.Existem movimentos de mercado. 
Diante do cenário cultural da atualidade é difícil contra argumentar essa máxima. 
Os artistas avançados deram de ombros, seus seguidores desprezaram qualquer reflexão e,assim, o sistema não se moveu do lugar. Como se contrapor à dura critica de Donald Kuspit sobre a inversão dos valores no campo da arte? Tem-se que ter uma argumentação consistente para contestar o fato de que: o dinheiro já não fomenta a arte, a arte serve e obedece aos ditames do dinheiro. Quando o dinheiro lança suas bênçãos sobre a  arte ele transforma Júpiter em Danae e a arte se ajoelha  a seus pés em sinal de gratidão(...) o dinheiro tornou-se eterno e transcendental, o artista que não enxerga  valor num talão de cheques é visto hoje como um tolo autodestrutivo[meu caso]testemunhamos o coroamento lento mas constante do dinheiro na arte. A escalada de preços confirma que a capitalização da arte está completa. O dinheiro conquistou completamente a arte transformando-a numa espécie de dinheiro".
A convergência exacerbada da arte com o dinheiro a iguala ao dinheiro. Como buscar a transcendência num território tão inóspito? Se não há transcendência inexiste transformação.Tudo tende a permanecer igual. A estética contemporânea foi cooptada pelo dinheiro e se transformou num modo operante que identifica os códigos, atitudes e obras da vanguarda contemporânea,hoje predominantes nas grandes mostras internacionais de arte. Se os artistas não podiam fazer isso sozinhos surgiu no cenário cultural uma força expedicionária pronta para o serviço; os curadores. Eles são uma espécie de filtro que retém ruídos e abafam contrastes. A melhor coisa para o avanço de um sistema e o aporte de fluxos financeiros advém do certificado institucional conferido, sobretudo, pelas grandes exposições de estética mundialista. Os curadores são uma espécie de conferentes alfandegários. Eles são parte ativa do sistema. Carimbam a entrada e a saída de produtos e atuam,direta ou indiretamente, nos indicadores de visibilidade que incidem sobre os preços que atraem capitais para o empreendimento. Trata-se de um contingente estratégico para os negociantes que contribui para maior eficiência do sistema.Reações intempestivas contra esse processo também são passíveis de ser engolfada pela metodologia vencedora. Tornaram-se apenas protestos isolados que  retro alimentam o próprio sistema. Inexiste eficácia real e contundente no discurso tradicionalista, tendo em vista que ele se funda em geral numa espécie de retorno nostálgico aos valores do passado. Nesse sentido funcionam como voz discordante que enfatiza  ainda mais a importância  daquilo a que se contrapõem.
Como podemos perceber nesse enunciado, tanto os  avançados quanto os  reacionários; sofrem da carência critica sobre o papel dos artistas numa economia de mercado. 
 

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Fantasia cibernética


Adriano de Aquino
dezembro de 2010

_"Então, isso é tudo que você tem a dizer sobre Miss69Funn? Que se trata de uma mulher de 30 anos, habitante de Kao-hisiung -Kaoksiung,Taiwan?
Ora! Isso não me diz nada. Soa como um dado estatístico do último censo demográfico daquele canto da China.. 
É tão irrelevante quanto saber que Littlebittie, mulher  que mora em San Diego, Califórnia é tarada ou que Forfuntoplay2 é uma ninfomaníaca digital de 32 anos que mora em Hamilton, Ontário, no Canadá. Usar as duas como exemplos da frustação das mulheres frente a uma cultura machista para mim isso não basta. Sou um homem curioso no que diz respeito às mulheres.
Para uma antropóloga, que há mais de doze meses investiga as novas modalidades sexuais surgidas com a  web, é muito pouco. Você tem obrigação de ir mais fundo na descrição dos personagens e dos sintomas e recalques  incrustados na cultura da atualidade."

_"Você deveria prestar mais atenção no que falo. O que é revelador sobre essas mulheres foi o que eu disse antes. Como 'mulher, não como antropóloga', o que me espanta é que às 22h30min de ontem, Miss69Funn se masturbava diante do webcam para mil e duzentos seguidores enquanto oitocentos e sessenta e nove pessoas assistiam Littlebittie introduzir aparelhos eróticos no ânus e noventa e sete pessoas seguiam as brincadeiras genitais de Forfuntoplay2. Não acredito que isso não te impressione. Sei que você não é tão blasée."

_"Por que se aborrecer com meu comentário? Lembro-me que há dois anos você deu de ombros quando lhe disse que visitei um famoso site para solteiros apaixonados e dei de cara com a transmissão on line de uma masturbação realizada pela senhora SMS 40. Uma mulher de 39 anos; Linda, dona de um corpo escultural e habitante de Sheffield, Yorkshire, United Kingdom. Ao lado da sua foto de apresentação ela se dizia interessada em homens,  mulheres, casais (homem & mulher), Grupos, Casais (duas mulheres) ou Casais (2 homens) para chat erótico ou e-mail, relacionamento discreto(ops!), sexo à dois ou sexo grupal (3 ou mais!).Falei também que, pasmo diante de tamanha ousadia, enviei uma mensagem para ela em tempo real perguntando qual a sensação de tal exibição. Fui, evidentemente, xingado e escorraçado pelos1199 assistentes. Apesar disso, SMS40 respondeu-me educadamente dizendo que desde a adolescência se sentira atraída pelo exibicionismo para as massas e que isso lhe proporcionava enorme prazer. A internet tornou seu sonho realizável. Juro que fiquei muito contente com a atenção especial, a  franqueza e a polidez da senhora SMS40 comigo. Lembra que na mesma ocasião te falei sobre a sexy internauta Golfa y Puta?"

_"Não, não recordo."

_"Pois bem, em seu perfil para o mesmo site, Golfa y Puta, se apresenta  como uma anciã de 99 anos de idade, moradora de Andaluzia na Espanha. 
Ela tem assinatura classe ouro nesse site. Neste sitio eletrônico ela se exibe online para os seus 68 fieis seguidores. 
Portanto, como pode notar, sua pesquisa sobre práticas sexuais digitais em nada me espanta. Confesso que quando li o perfil da senhora Golfa y Puta me bateu a timidez! 
Imaginei como um neto trataria uma avó puta. Com cortesia e respeito?.
A velhice é, para mim, uma instituição tão prestigiosa quanto a república. 
Evitei, por segundos, abrir a página da anciã. Afinal, não possuo a credencial de pesquisador. Nesse caso, ser atraído por uma curiosidade tão pérfida revelaria a cauda de um monstro há muito tempo escondido em meu interior. Temi por mim mesmo. Todavia, no dialogo intimo com meu monitor, avaliei que a perspectiva de um desequilíbrio insano seria uma confidencia entre eu e a máquina. Como sabemos, as máquinas não possuem atributos morais nem formação psicanalítica. Tal circunstancia diluiu minha auto aversão diante do vislumbre de uma tara incontrolável de proporções arrasadoras. Contornei o temor na esperança de que uma senhora de tão altiva idade não teria mais disposição física ou despudor incontroláveis e, muito menos, habilidade com os algoritmos, para se aventurar em estripulias sexuais cibernéticas. 
Torci, também, para que o perfil fosse apenas uma brincadeira. Na dúvida, cliquei Enter.
Qual não foi minha surpresa quando vi diante dos olhos que madame Golfa Y Puta era uma mulher de presumíveis 50 anos que se deliciava na rede oferecendo aos espectadores cenas de sexo explicito com seu companheiro. Confesso que fiquei bastante aliviado. Não sei o que aconteceria caso madame Golfa fosse uma anciã que poderia ser minha avó, se esbaldando em atividade libidinosa. Sei lá, eu poderia enfartar."

_"Entendo!  Partilho suas criticas sobre a ascendência da sociologia sobre o pensamento estético da atualidade. 
Entretanto, considero um desrespeito que você trate de forma debochada um estudo sério que vem sendo realizado por um grupo de pesquisadores abalizados sobre a sexualidade na vida contemporânea. Suas gracinhas são típicas de um sujeito preconceituoso. É inaceitável que uma pessoa instruída reaja dessa forma diante do conhecimento. Já sei! Te conheço bem! Você vai responder de novo que tudo que lembre ou pareça intervenção de segmentos da 'intelligentsia' pautados em uma convenção, é pura coerção. Sei que para você qualquer tentativa de decodificar um fenômeno cultural é algo passível de ser inserido no discurso maçante do 'politicamente correto'. Por favor! Sua ânsia de liberdade extrema, convenhamos, é bastante infantil."

_"La vem você cogitando o toque de recolher diante do saber hierarquizado. Esse troço é uma chatura. Ser ponderado e analítico em temas cruciais da vida, é arte da diplomacia. 
Não sou debochado, tampouco grosso. O que me aborrece é o simulacro de charme discreto e elegante que vem embutido no discurso do 'politicamente correto'. Na verdade a única coisa que está em jogo é a autoridade intelectual para analisar e apresentar aspectos complexos da existência, das relações interpessoais e da sociedade a fim de controla-la.. Esquilo, poeta e dramaturgo da Grécia antiga escreveu: Os sofrimentos humanos têm facetas múltiplas: nunca se encontra outra dor do mesmo tom. Já, o "tom adequado" da autoridade moral se pauta, ao contrario, num suposto conhecimento sobre a vasta dimensão da experiência humana. Chamam isso de tom adequado. 
Isso não me encanta. 
Creio que é através da poesia que a realidade se revela absurda. Sofrimento e sexualidade são experiências repletas de significados. São, também, duas contingências indissociáveis da vida. Nesse entendimento, não seria uma leviandade parafrasear Ésquilo e dizer que especular sobre a sexualidade humana menosprezando suas múltiplas formas é um equivoco que, no correr dos séculos produziu e acumulou apenas códigos morais. 
Nesse sentido é licito afirmar que nunca se encontra uma sensação sexual no 'mesmo tom de outra', mesmo que tenham ocorrido entre as mesmas pessoas num intervalo de algumas horas.
A associação entre orgasmo e morte complica ainda mais o entendimento do fenômeno. Os franceses denominam o orgasmo de “la petite mort”. 
Há, de fato, algo fascinante na relação entre esses dois eventos. Há alguma coisa mais profunda e misteriosa que as afirmações supostamente 'cientificas' sobre sexo  e a pulsão de morte que pode ativar a perversidade em beneficio da continuidade da espécie. 
Sabemos pouco sobre os impulsos que fazem as pessoas buscarem o orgasmo nos recantos mais inconcebíveis. 
Atenção! Não estou fazendo um elogio às taras oriundas da repressão ou do sofrimento extremo que podem levar à repulsa ao sexo ou à violência sexual. 
Estou apenas sugerindo que no plano da avaliação metodológica, segundo parâmetros de normalidade, o nosso conhecimento sobre sexualidade e morte é especulativo e, portanto, incerto e incipiente."

_"Quanto absurdo! Segundo sua argumentação em sexo tudo é licito e não existe perversão nas relações sexuais. 
Então, leia isso e me diga se não merece um estudo profundo sobre os desvios do comportamento sexual preponderante nos sites de relacionamento: 
Diz Chillihotspicy: "Obrigado meninos e meninas. Foi uma noite ótima .Minha pagina atende aos desejos tanto de  homens quanto de mulheres. 
Eu sou uma mulher casada a procura de mulheres solteiras que desejem se encontrar comigo. Também estou  aberta aos  homens, mulheres ou casais
para visualização e inteiração cam2cam. Informo que em qualquer ação deste site meu marido estará sempre presente. 
(Mas ele não vai tocar em você só em mim! Lol).Eu tive experiência com mulheres no passado. No amor adoro ser dominada  pelo homem e pela  mulher ao mesmo tempo. Eu também gosto de escravidão e de ser submissa. Guarde isso  em mente .... Eu desejo  uma mulher que possa tomar o controle. Eu não desejo  nenhum outro homem que não seja só na webcam (so sorry).Dispenso casais ou homens solteiros.
Com as mulheres eu aceito webcam e encontros. Com  os homens e  casais - webcam apenas.. Para que o  atenda eu preciso vê-lo na primeira webcam e conhecê-lo um pouco. Eu nunca vou encontra-lo sozinha, Apenas com meu marido. Se não tiver um local para nosso encontro eu  posso arranjar algo adequado. Então, me envie um e-mail ou me procure  no bate-papo no messenger. Se você me chamar no messenger e eu 
não responder, provavelmente significa apenas que eu estou ocupada. Nesse caso,por favor me  envie um  e-mail."

_"Interessante! Me tranquiliza o fato de que seu grupo de trabalho é constituído de pessoas preparadas que enxergam a fantasia sexual com tolerância e sabedoria. Estou certo de que os elevados fundamentos da antropologia não dão margem para classificar a página do casal libertino como despudorada, indecente e perversa. Minha contribuição para a analise do comportamento de Chillihotspicy é um tanto excêntrica. Note que ao explicitar seu desejo de submissão, ela dá a dica do quanto é  dominadora.
Afinal, anunciar o desejo de ser submetida por ambos os sexos revela, sobretudo, uma personalidade dominante.
Ser subjugada, enquanto vontade do sujeito adulto, é um desejo que se impõem e, também, um alerta sincero ao individuo que almeja se emaranhar nas surpresas do ato sexual sem se submeter a qualquer condição imposta pelo parceiro.
Ele poderá até atender as demandas da companheira, contudo, as trocas sexuais com papeis pré-determinados, seja nos atos virtuais ou presenciais, é apenas uma trapaça medíocre. Pra quem gosta de interpretar papéis secundários, mesmo quando está se masturbando, pode ser compensatório.  Nesse sentido, Chillihotspicy é a fantasia perfeita.     
Além disso, Chillihotspicy é uma dominadora sincera. Ela não esconde o jogo  e coloca de antemão sua aspiração.
O marido dela deve ser um parceiro compreensivo. Como podemos notar nesse exemplo, nem todo o saber, ciência e tecnologia do mundo  afetará substancialmente as fantasias sexuais dos indivíduos."

_"Curioso na sua posição é a tendência de achar que o conhecimento é uma forma de controle"

_"Não! Engano seu! Prefiro colocar assim: a cultura é um fenômeno acumulativo, inclusive de conhecimentos. Contudo, ela, a cultura que liberta. é a mesma que mais adiante aprisiona-se em  novos conceitos."