segunda-feira, outubro 25, 2010

Utilizar réplicas humanas em pesquisa científica.Certo ou errado?



A Arte Suprema
Replicantes - seres desenvolvidos pela engenharia biológica- criarão réplicas de si mesmo. O homem biológico será apenas um capricho da natureza preservado nas reservas ecológicas. 

domingo, outubro 24, 2010

Cultos arcaicos numa mente moderninha.


Movimentos de protesto contra o uso de animais em pesquisas científicas,espetáculos circenses e outras manifestações artísticas e culturais vem mobilizando um numero gigantesco de seguidores mundo afora.Alguns cientistas afirmam que o uso indevido dos animais acarreta malefícios à espécie humana. Os "pragmáticos- ultra realistas" contestam. Afirmam que é hipocrisia, pois, o sacrifício de animais para fins de consumo humano é descomunal e o abandono de animais nas vias públicas uma realidade vergonhosa e incontestável. Por essas e outras razões, defendem a liberdade de expressão em obras de arte que usem animais vivos como suporte. Guillermo Vargas Hababuc -artista nicaragüense- vivia no ostracismo até realizar a “Exposição nº1″ que consistia num cão atado até a morte, durante 30 dias-sem água e alimento- numa galeria de arte. Muito criticado tornou-se mundialmente famoso -HIPOCRISIA GLOBAL É ISSO AÍ! 

Mas, a hipocrisia que Hababuc critica não é a dele. Vejam o que disse: “O importante para mim é constatar a hipocrisia alheia: um animal torna-se o centro das atenções quando o ponho num local onde toda a gente espera ver arte, mas deixa de o ser quando está na rua”.
Esse artista da vanguarda histérica acha que o sacrifício de um animal é uma lição de ética. 
O mesmo raciocínio deve ter inspirado os colonizadores espanhóis  quando deram de cara com os sacrifícios humanos praticados pelos nativos da America colonial. Certamente sentiram-se muito a vontade para torturar e matar em nome de uma nova verdade contra aquela que consideravam uma hipocrisia celestial. 
A defesa inconteste das tradições culturais é uma maluquice. Se não ocorrem rupturas culturais profundas o homem - em defesa de uma cultura arcaica ou da liberdade de criação alheia aos pactos sociais- permanece praticando sacrifícios à esquerda e a direita.
O "contemporâneo" não é uma formula ou evangelho que garante práticas irracionais em nome de uma suposta ética ou de uma nova estética. 
Isso é puro obscurantismo!

quinta-feira, outubro 21, 2010

MBA em Gestão Existencial.


-Hoje existe técnica disponível  para tudo. Os múltiplos vetores do conhecimento foram sintetizados em manuais específicos vendidos em qualquer banca de jornal do bairro. De um tempo para cá a  experiência pessoal, pautada no mérito, perdeu valor. O que hoje vale são os indicadores de audiência,consumo e resultados econômicos.Se alguém procura um pensamento "profundo"  para amenizar uma angustia existencial ou, publicações sobre a diversidade cultural da atualidade, encontrará nas bancas ou em sites especificos um pacote de produtos  do ocidente e do oriente, decifrados e formatados em códigos facilmente assimilaveis. A eficiência técnica tornou tudo passível ao consumo.A preço popular pode-se encontrar milhares de conteudos, gerados por algum professor de filosofia ou  teórico da comunicação, sobre as complexos questões que envolvem a vida contemporânea. Uma maravilha só alcançável pela prosperidade econômica e tecnológica. Ontem, numa banca de jornal, uma menina procurava uma revista de física quântica relacionada à espiritualidade. Encontrou duas!Comprou-as e partiu contente. É nesse sentido que afirmei que a felicidade se tornou um produto acessível. Creia, em breve, serão oferecidos cursos de MBA em Gestão Existencial.
-Sua descrença no homem alcançou o nível da demência. Por que voce insiste em dar uma conotação vulgar e grotesca aos avanços sociais? Ao que tudo indica voce prefere retornar ao maravilhoso mundo da aristocracia culta. Ao mundo enclausurado do saber seletivo.
-Engana-se, meu amigo.Afirmo apenas que a adesão  ao ideal dominante  tornou-se  um imperativo para quem pretende vencer na vida. Isso é uma deformação assustadora. A consagração desse modelo enfraqueceu uma das substancias essenciais ao conhecimento. O  resultado disso foi  o crescente despretigio à  reflexão individual e a expansão de atitudes e talentos autonômos e originais. É nesse sentido que afirmo que, enquanto sociedade, chegamos mais perto do abismo.
Por essas e outras, o momento atual é  propicio ao sucesso de um MBA  em gestão existencial.

sábado, outubro 09, 2010

Gadget cultural




-O que é isso, companheiro? Estou falando a mais de uma hora do massacre que está sendo perpetrado contra as minorias que ainda teimam em criticar a mentalidade dominante e você volta a recorrer aos velhos métodos da catequese doutrinária? O que você está propondo é uma causa. Uma causa, nas circunstancias em que nos encontramos é apenas um modo de olhar a avalanche de cima. Ocorre que o deslizamento já levou pro buraco os templos, as academias, os abrigos religiosos e ideológicos. Restaram apenas escombros e, sob ele, páginas desconexas da historia, cacos que não se juntam do que um dia foi chamado de  humanismo e da esperança vã. O que você pretende? Reerguer novos templos sobre um terreno minado e inóspito? Seu pensamento é produto da última fase do tecnicismo glorioso que se fiava na crença da sustentabilidade.Esse ideal foi pro espaço na segunda década do século XXI.  Diria que esse foi o ultimo capitulo do tratado da Economia do Desastre. Nem mesmo os shopping centers- velhos templos desse período histórico- resistiram. Viraram ruínas e desapareceram da memória.   
Entendo onde quer chegar. Você é mais um daqueles que pretendem reerguer os princípios e valores atávicos. É um fiel da crença no homem.
 As sucessivas dinastias egípcias construíram pirâmides com pedras arrancadas dos templos dedicados aos faraós que os antecederam e que haviam caído no esquecimento. Todos, indistintamente, criaram uma instancia divina para negociar com deus através da tradição. O que restou das cem pirâmides conhecidas? Quéops, a mais famosa delas, depois de penar por séculos caiu em profunda decadência, tornou-se um parque temático e, nos últimos trinta anos, foi definitivamente engolida pelo deserto. Quéfren, filho de Quéops, e Miquerinos, seu neto, fizeram o povo trabalhar duro para completar o conjunto arquitetônico das pirâmides de Gizé. Hoje, você só se lembra que aquela cultura existiu porque a ciência genética e as ultimas clinicas de nano medicina permitiram que você vivesse muitos anos e guardasse alguma lembrança do passado. Acho que isso explica, em parte, as razões de seu sofrimento. Seus filhos e netos não têm a mínima noção do que aquilo representava. Claro, depois que os arqueólogos, antropólogos e estudiosos foram contratados pelos grandes canais de TV a cabo e o Estado abandonou a noção de tempo histórico se dedicando apenas ao tempo lógico, os investimentos em estudos da antiguidade caíram em desgraça. O que restou da velha idéia de Estado? Nada! A mentalidade vencedora que hoje molda o que chamamos de Estado é imediatista. É um mix de estratégia de dominação militar, comunicação populista, finanças e mercado, focados na maioria e obcecados pela ideia de atender as necessidades  prementes do tempo presente.
As instituições públicas operam pressionadas por flashs momentâneos. Em um segundo tudo pode mudar. O sentido de contemporaneidade se encurtou entre o ontem e o agora.Com a falência completa do velho sistema de comunicação de massas o mundo virou de pernas pro ar. Se formos agora à Gizé constataremos que o volume de calcário diminuiu e as areias do deserto se elevaram às alturas. O deserto tornou-se um Everest de poeira,areia e tempo. Os romeiros que ali transitam criaram uma nova camada mitológica sobre o que imaginam ser o Tempo dos Faraós. As projeções holográficas sobre o local dos antigos santuários, estádios e monumentos como Parthenon, o Coliseu e os templos budistas do Tibete, depois de completamente arrasados, são recriados em eventos bienais por artistas contemporâneos excessivamente criativos. Um escritor do hemisfério sul reinventou aventureiros templários que hoje comovem multidões. Dá pena ver os grosseiros remendos arquitetônicos no Vaticano. Da última vez que passei por lá tive uma visão arrepiante da Praça de São Pedro. O bisneto de um arquiteto que construiu no século XX  um museu no estilo pós moderno  em Bilbao, foi encarregado de dar uma nova cara  a Basílica Sancti Petri. Após a consolidação da última versão bíblica ficou provado que Maria Madalena e não Cristo foi,de fato, crucificada. As últimas duas papisas e agora  a  Papisa Madona III investiram pesado para erguer a nova era cristã. O arquiteto redesenhou as  colunas e o domo. O departamento de marketing do clero aceitou as sugestões do arquiteto que,entre outras coisas, afirmou categoricamente que os jovens não ligavam para igreja por causa do seu designe antiquado demais .O novo material sintético e cintilante usado em todo o monumento reproduz a pele e as chagas de Maria Madalena. Como os mais jovens não sabem quem foi Cristo a reforma teológica e  arquitetônicas  não foram contestadas.                  
Além disso, os cardeais fazem projetar durante todo dia, num grande dispositivo visual de ultima geração e animado por um trepidante som THZKX, as aventuras de Cristo, o grande herói religioso do velho humanismo que salvou a filha de Deus da morte certa. Tudo isso,convenhamos,é um esforço inútil! Fiquei horas passeando pela grande praça e notei que entre os cinqüenta e seis fieis que ouviam a fala papal nenhum tinha menos que cento e cinqüenta anos. Nem mesmo o traje da papisa, inspirado nas vestes das mendigas do século XX, está em bom estado de conservação. Parei entre um grupo de fiéis que comentavam o sucesso dessa congregação num tempo remoto. Um deles, mais entusiasmado, lembrava que na extinta era do cinema um diretor chamado Tarantino deu um novo sopro no credo ao colocar personagens bíblicos vestidos de samurai como partidários de Cristo na heróica peripécia de salvar Maria Madalena da crucificação. A narrativa do sujeito era fantástica.Devia ser um dos remanescentes do trans humanismo. Deu pra perceber que ele viveu na carne a era do "politicamente correto". Me fez recordar alguns episódios emocionantes da luta contra os preconceitos que terminou por colocar em todos os países do mundo, mulheres no comando dos governos. Todos concordavam com tudo que ele dizia. É compreensível, atualmente ninguém se interessa em contestar qualquer narrativa. Todo mundo é livre para criar a historia que melhor lhe convém. O mundo é uma interpretação do mundo. Uma senhora, que identifiquei como pertencente à casta da minoria autentica, tentou ponderar dizendo que mesmo essa alternativa de poder não reduziu o empuxo da espécie humana em direção a destruição, a opressão e ao engodo. Todos desprezaram sua consideração. Continuaram se divertindo e comentando animadamente os tópicos da fala papal.