sábado, maio 30, 2009

Vargas Llosa, Jorge Castañeda e Enrique Krauser "encaram"Hugo Chávez


CARACAS - Um grupo de intelectuais latino-americanos (nenhum brasileiro) aceitou nesta sexta-feira o convite feito pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para participar de seu programa de rádio e televisão "Alô, presidente". Llosa e os mexicanos Jorge Castañeda e Enrique Krauser, que participam em Caracas de um fórum que discute liberdade de expressão e democracia, têm uma postura abertamente crítica ao governo chavista. Hoje de manhã, numa espécie de resposta rápida ao seminário que se realiza em Caracas em que participam intelectuais avessos ao chavismo o presidente venezuelano Hugo Chávez deu a largada a sua versão do velho conceito de “revolução cultural” e desafiou os intelectuais para um encontro "cara a cara". Detalhe:assim como Lula que se acha o homem mais ético do Brasil, Chaves se acha o cabrón mais corajoso do cone sul.Fez o desafio por acreditar que todo intelectual é "frouxo".Deu com os burros n'agua.Os caras aceitaram, mesmo na situação de inferioridade estratégica em que se encontram(estão em território chavista).Muitos falastrões -valentes de plantão-ja teriam arrumado as malas para retornar o mais rápido possivel. Mas, o que é a "revolução cultural" chavista? Essa semana ela mostrou para o que veio ao distribuir caminhões de livros políticos . Na quinta-feira, foram descarregados nas praças do país um total de 2,5 milhões de volumes para leitura. Havia três títulos: Movimentos Sociais do Século XXI, Culturicida: uma História da Educação Argentina 1966-2004 e A Teia de Aranha do Império. 
Segundo reportagem do jornal The Guardian, multidões se acotovelaram na capital Caracas para garantir um exemplar dos propulsores da chamada revolução. As favelas tampouco foram esquecidas. Clubes governamentais conhecidos como "esquadrões da leitura" distribuíram cópias de 100 títulos de leitura obrigatória - como os de Karl Marx, por exemplo. Para marcar o acontecimento, Chávez fez um pronunciamento na TV sobre a importância do hábito da leitura, dando início a uma maratona de quatro dias de entrevistas, entretenimento e idiossincrasias políticas para celebrar o décimo aniversário do programa semanal Alô Presidente. Tudo sem script. Mas apesar do alvoroço, o setor cultural não tem evoluído como o anunciado. Uma série de iniciativas culturais vem sendo deixada de lado. De seis novos museus que Chávez falou em construir, apenas um foi erguido - enquanto os outros ficaram estagnados, com reduzido número de visitas. Além disso, os livros continuam com preços proibitivos no país, e as livrarias, quando comparadas as de outras capitais sul-americanas, oferecem poucas opções ao leitor que não se contenta com a bibliografia da revolução chavista.
Em tempos de silencio complacente a corajosa e contundente atitude desses intelectuais é um sopro de inteligencia e esperança.

Brasil Atômico


Kim Jong-Il, o manda chuva da Coréia do Norte, resolveu mostrar para o mundo o que vinha produzindo secretamente. Mostrou o tamanho da “coisa” detonando uma bomba nuclear e lançando alguns Taepodong-2(míssil balístico). Com isso a Coréia do Norte deixou claro para todo mundo que esta preparada para desencadear uma guerra nuclear em qualquer lugar do planeta. Tem bomba atômica e tem foguetes lançadores! Vários países entenderam a mensagem e reagiram contra a demonstração do poder de fogo da Coréia do Norte. E o Brasil?Qual foi a posição do governo brasileiro diante dessa “vitrine” intimidadora?Lamentavelmente, o Itamaraty colocou o Brasil dentro da “vitrine” criada pela Coréia do Norte enviando, dias após a demonstração nuclear coreana, o embaixador Arnaldo Carrilho para abrir uma embaixada brasileira em Pyongyang.
Qual o significado da atitude brasileira?
A “esquisita” simpatia do governo brasileiro foi algumas vezes demonstrada ao apoiar os governantes do Irã e Sudão e grupos terroristas como o Hammas. Porém, no caso da Coréia do Norte, essa atitude ganha uma dimensão mais inquietante. Trata-se de endossar uma política investida em poderio militar atômico e mísseis balísticos de longo alcance. A abertura de uma embaixada brasileira na Coréia do Norte, na mesma semana em que Kim Jong-Il detonou uma bomba nuclear, é uma mensagem facilmente entendível por qualquer idiota e produzira reações antagônicas ao Brasil oriundas de países comprometidos com o desarmamento nuclear. As escolhas de Lula e Celso Amorim estão conduzindo nossa diplomacia por uma trilha muito arriscada. Bancam os imparciais, como se isso fosse possível, alegando que o Brasil deve fazer negócios com qualquer um. Esse argumento,sabemos, é relativamente positivo até mesmo para balança comercial, mas, certamente desastroso para recepção do Brasil entre as nações que sustentam os direitos a vida e a liberdade de expressão e a própria democracia.

quarta-feira, maio 20, 2009

"Fare Mondi / making worlds"- Dialogo de Blog



Ele digita:
17 de maio 15:30

Desculpe, não era minha intenção confundir estações. O péssimo habito de resumir pensamentos complexos sempre resulta em desastre. Para ser mais preciso, acredito que o modelo Bienal de Arte, hoje em uso, ha muito se esgotou. Contudo, múltiplos interesses retardam o enfrentamento da crise dessas instituições de arte. Na economia as crises se apresentam de forma mais incisiva. Todos sofrem e algo precisa ser mudado. Nas artes, as crises são sucessivas, residem no interior do próprio processo criativo.É insano tentar fugir de algo que é  próprio ao processo artistico. Todavia, nas instituições de arte e cultura as crises anunciam a falência de um sistema. As repetidas tentativas de superá-la através de paliativos superficiais apenas prolongara por mais tempo a vida de um modelo moribundo. Na argumentação que segue foram coladas algumas considerações minhas sobre um texto de Donald Kuspit a respeito do mesmo assunto. 

Lawrence Alloway em seu livro a Bienal Veneza 1895-1968 foi claro e preciso sobre essa questão. Alloway anota que em 1966 o Bienal mostrou 2.785 trabalhos de artistas de 37 países; para 181.383 freqüentadores, 800 críticos da arte, jornalistas além de negociantes de arte. Esses números dão uma ordem de grandeza e estimam o valor da exposição e a escalada e a velocidade das novas comunicações internacionais. Alloway comenta sarcasticamente que "para os que gravitam em torno de uma opinião elitista a abundância de produtos estéticos mostrados na Bienal foi identificada como uma diluição da essência pura da arte.Os críticos da esquerda se opuseram a mostra por causa da preponderância de estilos internacionais sem utilidade social manifesta". Talvez, Alloway tenha sido demasiado irônico ao afirmar que a orgia do contato é "uma comunicação" na Bienal de Veneza de 1968.Nas 112 outras mostras e nas feiras oficiais e comerciais que aconteceram na Itália naquele ano, apontavam que o alvo principal era discutir a competitividade e a diversidade extrema da Bienal, sobretudo, as mudanças esteticas dos trabalhos exibidos e questionar o conceito do trabalho de arte como símbolo permanente. Ao invés de, ainda segundo Alloway, se debater a complexidade das estruturas e das inúmeras formas de interpretações. Isto é: a arte física e conceitualmente móvel, vista sob vários contextos e que freqüentemente muda de significado a cada contexto. Para Alloway, o trabalho de arte não é exatamente um objeto e sim sua particularidade, quer dizer, é parte de um sistema de comunicação. Se pode dizer que na pós- modernidade o trabalho de arte comemora a desestabilização e a dessacralização da "obra de arte"- ideia que começõu a tomar corpo  na modernidade. Alloway vê uma vantagem intelectual ou uma oportunidade interpretiva nesta desestabilização(eu também). Quando o trabalho de arte se torna menos seguro em sua identidade, torna-se mais aberto à interpretação e dessa forma mais significativo e comunicativo. Isto realça sua contemporaneidade, pois, há mais comunicação na interpretação. Quanto mais isso acontece mais contemporâneo parece,quer dizer,mais vivo no presente. Dessa forma, dispensa a necessidade de permanência. Nesse sentido, os pluralismos turbulentos de interpretações, se opondo aos valores dominantes, confirmam que a diversidade turbulenta da arte moderna parece ter aumentado exponencialmente na pós-modernidade, contribuindo para que a multiplicidade de interpretações a mantenha no jogo da contemporaneidade.Sem isso,tudo se desvanece no esquecimento, ou seja, transforma algo abstrato em concreto, melhor dizendo, em algum marco histórico na estrada de uma narrativa predeterminada do progresso artístico. Nesse caso não se aventa nenhuma dúvida acadêmica, trata-se de uma complexa realidade. Mas, algo estranho aconteceu na Bienal de Veneza,"o contrapeso entre a tentativa de mostrar a abundância da arte contemporânea e, por outro lado, afiançar qual será a arte historicamente importante(isso se tornou o mote das bienais subsequentes) para o futuro, sendo especialmente preciosa no presente, desviou para longe o que assinalamos como positivo anteriormente. Para mim essa atitude foi sinal de uma tentativa de remover as ervas daninhas da incerteza para fora do contemporâneo, predeterminando a história da arte. Apesar da diversidade entre os pavilhões nacionais, as nações tentaram mostrar um PERFIL histórico sob o viés do "vejam quão contemporâneos somos" credenciado por um suposto julgamento da história(uma espécie de "historia do presente" conduzida por curadores) .As nações estreitaram a escolha dos artistas a serem exibidos sob o pretexto de que dessa forma tornam suas representações mais seletivas. Isso, de certa forma, justifica a negligencia em relação a muitos artistas contemporâneos e a uma perda de consciência critica. A tentativa prematura de remover ervas daninhas, excluindo muitos outros modos de arte da atualidade, deu lugar a exclusividade sobre a abundância, ocultando a espontaneidade contemporânea e dando visibilidade a uma espécie de processo histórico manufaturado de permanência - as instalações,por exemplo,que surgiram nesse período como uma manifestação "efêmera" se tornaram,desde então, um "estilo" dominante nesse tipo de mostra.Ocorre, entretanto, que tal triunfo falsifica ambos,contemporâneos e históricos. O disparate da tentativa de afirmar qual arte tem valor permanente para o futuro e que artistas tem mais perspectivas de permanência histórica,assim como as listas pseudopluralistas dos melhores artistas do ano que proliferam nos ambientes de arte cosmopolita, acreditam ter o poder de tornar permanente uma parte da arte contemporânea. Muitos agentes, curadores e intermediários hoje funcionam como uma "casta imprimatur" um tipo de Deus “ ex -machina”que, ao contrario que muitos supõe,têm efeito entrópico na arte que escolhem como importante.  

Arbitrar, prematuramente, sobre uma parte da art apontando como historicamente  importante um estilo ou um artista é uma pretensão descabida de antever sua recepção em um futuro próximo ou remoto.Nesse sentido, as Bienais se tornaram uma espécie de antítese arqueológica quando esse campo do conhecimento revela ao mundo a "descoberta" da tumba de um desconhecido faraó  que de fato um dia foi  soberano.

Ela digita:

17 de maio às 18:12
Oi, belo folego! Pelo visto temos muito o que conversar. Eu estava brincando e indo para a praia lavar a alergia ao polén, a tal da "hay fever" que bate' durante a primavera. Ha' alguns anos percebi que o "Wasteland" do T.S. Eliot deve aquelas extraordinarias e misteriosas imagens poeticas a uma crise de alergia ao polén: "april is the cruellest month, breeding lilacs out of the dead land, mixing memory and desire..." e o texto continua de forma eloquente.Quanto às Bienais, elas realmente se aproximaram muito das Feiras de Arte. O mercado avançou em cima de tudo nas ultimas decadas. E' curioso porque voce cita um texto do anos '60; daquele momento que convencionamos datar o inicio da chamada arte contemporanea. Priscas eras. Exatamente naqueles anos a arte estava parindo mil propostas novas, radicais, utopicas, novas teorias e novas linguagens que propunham a dissoluçao do objeto de arte, a criaçao de formas de arte que nao tivessem atrativas para o mercado. Nao demorou muito tempo e os xerox, as fotos desfocadas, as folhas rabiscadas com os projetos das performances, começaram a ser cobiçados pelo mercado e logo vendidos por preços altissimos. Faz tempo que a arte nao desova uma nova teoria que sacuda os parametros da percepçao artistica e o que assistimos, como voce observou, é todo mundo querendo fazer parte da historia. Historia com H maiusculo. E os exemplos sao tantos. Acho que faz parte deste momento de decadencia. E como tudo tem andado muito rapido, espero que este momento também passe logo.Tenho ido à Bienal del Veneza nos ultimos vinte anos ou quase isso. Estou curiosa para ver como sera' a Bienal da crise. O titulo "Fare Mondi / making worlds" me parece uma homenagem aos anos '60, uma maneira de se apelar àquel emomento da arte como isnpiraçao. O curador justificou o titulo dizendo que interessa a capacidade dos artistas de criarem mundos.... nao necessariamente objetos. Nos ultimos dez anos a Bienal ganhou o espaço imenso do antigo Arsenal de Veneza (14.000 mq) para fazer a sua exposiçao curatorial além dos pavilhoes do paises e os Giardini. Alias, voce se referia a 37 paises; este ano sao 77!!! Ao lado desses ha' 38 eventos colaterais promovidos por instituiçoes internacionais de arte espalhados pela cidade. De maneira que acho interessante. Mesmo quando nao gosto, me faz pensar em um monte de coisas. Depois conversaremos mais.Por ora, lavei a alergia em um belo banho de mar... Para quem nao tem mar na porta de casa, e nem mesmo o ano todo, foi um evento memoravel. beijos.
Ele digita:

18 de maio às 17:23
Essa edição repete os mesmos erros das edições anteriores.Centrar num tema o fluxo da produção contemporânea.Os scholars da academia de arte global usam a temática como um guarda - chuva para abrigar suas mais "fashions" teorias,pouco importa o que esteja ocorrendo por baixo da cobertura.Uma chatura insuportável acompanhada por textos mais chatos ainda.A Bienal de São Paulo usou do mesmo recurso ao recorrer a temas de bienais anteriores.Um desastre.Um dos problemas é a regência de um TEMA para a arte.Por que insistir no mesmo problema tanto tempo?
Ela digita:

18 de maio às 18:59
Como tema esse é bem aberto; nao é um tema, é um titulo; é quase tudo o que os artistas fizerem. Me parece uma tomada de posiçao do lado dos artistas e não do lado dos curadores tipo bienal do vazio...
Ele digita:

18 de maio às 19:34

Porém,continua um tema e como tal um equivoco.Existem erros mais grosseiros,claro!

 


quarta-feira, maio 13, 2009

Morte a Venezia, diVisconti

A parceria de Visconti /Thomas Mann produziu um dos melhores dialogos sobre a arte e o artista.Suas duvidas e angustias atravessam o tempo.

quinta-feira, maio 07, 2009

O Relativismo Cultural e suas conseqüências.

Günter Von Hagens, anatomista alemão, ficou famoso em seu país não pelos conhecimentos relativos a seu campo cientifico. Ele tornou-se conhecido pelo uso de cadáveres na concepção de obras de arte. O talentoso (sic) -tradução contemporânea para espertalhão- anatomista entendeu que seria mais fácil, prazeroso e lucrativo alcançar fama e grana numa galeria de arte que num laboratório cientifico. Nesta quinta-feira (sete de maio) ele inaugura em Berlim uma exposição sobre os vários estágios da vida humana onde se inclui uma cena de sexo entre cadáveres. A mostra é composta por mais de 200 cadáveres submetidos ao controvertido processo de "plastinação" – nome de sua invenção “cientifica” dos anos 70. Como experiência cientifica seu invento foi um fracasso, contudo, ao tornar-se experiência “artística” o medíocre inventor foi agraciado pela fama e a fortuna. Na “plastinação”, os líquidos dos tecidos corporais são extraídos e substituídos por uma substância plástica especial. No meu entender, Hagens encontrou na teoria artística contemporânea os fundamentos de um bom negocio para seu invento fracassado. As Bienais estão fartas de exibir instalações de artistas que utilizam,entre outras coisas, líquidos corpóreos de defuntos em suas concepções estéticas. Alguns curadores parecem ter uma atração inexplicável por objetivação radical. São adeptos de uma espécie de beabá estético. Tal mesmice vem se repetindo de evento para evento nos últimos trinta anos. Até o mais ignorante dos mortais (sic) sabe que o tema da morte não é, em si, uma novidade da arte atual. Esse tema sempre foi tocado pela arte no correr da sua historia. Contudo, Hagens e outros seguidores dessa estética da objetivação concreta, recorrem em suas narrativas a recursos “fashion” de um tema “nobre” da arte(o trecho de um dialogo de Morte em Veneza -colado em cima- é um brilhante exemplo).Parece que acharam o alvo certo para atingir seus objetivos de fama e fortuna. Nada mais laissez-faire que o ambiente artístico da atualidade. Por que os críticos nada comentam sobre eventos dessa natureza?Uma das respostas possíveis é que em tempos de relativismo cultural atacar alguma coisa que ocorra numa instituição cultural ou no mercado de arte,portanto,codificado como "obra de arte", pode ser entendido como censura as múltiplas formas do saber, do conhecimento e da arte. Ninguem que ser incorporado ao rol dos reacionarios.Não é fashion.Contudo,tal conceito tornou-se um cativeiro de mentes que se ajustam a um modelo de pensamento que exige que um contemporâneo, para ser politicamente correto, deve ser passivo e tolerante,devendo consumir, sem digressões, todas as formas de expressão humana.A expansão do relativismo cultural consagrou o culto a banalidade. Esse culto tornou-se o meio mais eficaz de indução do espectador aos seus mais mórbidos desejos. A espetacularização da morte a tornou uma fonte inesgotável de $s.
Info complementar:Von Hagens mostra em Berlim, oito anos depois da última apresentação na cidade. Na época, a exposição atraiu mais de 1,3 milhões de visitantes.(Atenção:Isso é uma credencial.Quanto mais vivos vendo mortos,mais sucesso)
Em Heidelberg, onde O Ciclo da Vida esteve por quatro meses até o fim de abril, 300 mil pessoas visitaram a exibição. A mostra fica em cartaz na capital alemã até 30 de agosto. Atualmente, outras exposições do projeto estão ocorrendo em Grã-Bretanha, Espanha, Israel e em duas cidades americanas.(esqueceram de revelar o custo do projeto em que só o VIVO ganha grana e fama)

sábado, maio 02, 2009